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SALVADOR

A voz dos bairros: Periperi

O trabalho de Claudionor Guerra e de Oswaldo Alves Santos reduziu as enchentes nas ruas

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29/03/2012 às 7:15 • Atualizada em 14/09/2022 às 1:54 - há XX semanas
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Na dia em que Salvador completa 463 anos, o iBahia inicia uma série de reportagens sobre os bairros da capital baiana. Os problemas, os desafios, o modo peculiar da vida de cada comunidade, a rotina dos moradores, as esperanças e, sobretudo, as iniciativas para melhor o bem estar da população serão apresentados semanalmente, às quintas-feiras. E para celebrar o aniversário da cidade, mostramos uma ideia simples e inovadora que mudou o cotidiano do bairro de Periperi, no Subúrbio Ferroviário. Confira! "A gente quer sair e voltar com o sapato limpo". O pedido simples do radialista Claudionor Guerra, morador do Subúrbio Ferroviário, pode parecer algo simples para quem circula por outras partes da capital baiana. Mas,basta uma rápida passagem em um dia de chuva fraca pelo bairro de Periperi, onde o comunicador vive há 14 anos, para saber que esta é uma realidade distante dos moradores da região. Nas pistas asfaltadas os motoristas precisam enfrentar os buracos e diversas vias sem sinalização. Nos trechos mais afastados, o acesso, pelo chão de barro, é difícil e costuma piorar nos períodos chuvosos. Em uma dessas localidades se encontra a Rádio Novos Unidos, que leva o mesmo nome da rua. Lá, Claudionor, em parceria com colegas da comunidade, realizou uma das iniciativas mais importantes do bairro nos dois últimos anos: canalizou um córrego/esgoto que passava pelos fundos das casas dos moradores. Confira o especial Minha Salvador em homenagem aos 463 anos da capital "Foi uma iniciativa que veio da desesperança de conseguir algo com a Prefeitura e com os órgãos públicos. A gente não aguentava mais a situação da enchente. Era todo ano com a chuva. Casas alagadas, sujeira, lixo, mau cheiro, insetos, ratos e cobras convivendo lado a lado com a população. Muita gente já tinha tido dengue, leptospirose e doença na pele por causa da contaminação. Falei com um amigo e fui atrás dos pneus para resolver a coisa", diz. Contando apenas com uma bicicleta, Guerra se dirigiu, durante três meses, à uma oficina para buscar 2.700 pneus. Por viagem, trazia cinco unidades até a Rua Novos Unidos. Junto com Oswaldo Alves Santos, realizou uma limpeza em todo o canal, removendo o excesso de lixo e, logo depois, começou a colocar os pneus nas laterais. "A dificuldade na colocação foi porque precisava de sustentação. De argila. E não tínhamos. Por sorte, três engenheiros da Petrobras que trabalham na obra da fonte fizeram essa doação. Eles ficaram impressionados com o nosso serviço, tiraram fotos e tudo", diz Claudionor. Segundo ele, a próxima etapa é conseguir as manilhas para dar prosseguimento a obra de forma mais eficaz. "Queremos aumentar este canal (atualmente são 80 metros) e devemos chegar até o canal do Paraguari para escoar melhor a água. Só que não temos ajuda de ninguém. Não entendo porque, se já pedimos tantas vezes, ninguém ajuda. É discriminação contra o povo do Subúrbio?", questiona.
Oswaldo Alves e Claudionor Guerra mostram o trabalho que reduziu as enchentes no bairro
Além desta iniciativa pioneira, a rádio comunitária tem servido para disponibilizar serviços de ajuda à população: "Orientamos sobre a retirada de documentos, registramos as queixas e tentamos encaminhar aos órgãos responsáveis. Queremos uma vida melhor assim como todo mundo. E aqui tem muita queixa", diz o radialista. Descaso Apesar das mobilizações, o bairro continua enfrentando problemas estruturais graves. "Transporte aqui é difícil. Leva uma ou duas horas para passar e temos que andar até o ponto. De noite, é mais complicado pela questão da segurança mesmo, que não temos", afirma José Conceição, que vive há quatro anos no local. Opinião semelhante foi compartilhada pela auxiliar de produção Charla Alves: "Desde que nasci, vivo aqui. O bairro cresceu e não houve ajuste a este desenvolvimento. Temos que sair daqui para buscar as coisas. Para ter diversão, temos que caminhar até a Praça da Revolução", revela. A Praça, além do comércio local forte, costuma ser o principal atrativo de lazer de toda a comunidade. É no local, por exemplo, que costuma ocorrer o Periperi Folia e o Arrastão do Barão.
Moradora fala sobre os problemas de Periperi
A estação de trem, que fica nas proximidades, continua funcionando com restrições. É que com a reforma da ponte, na Península de Itapagipe, o trajeto até a Calçada não está sendo realizado. A situação provoca transtornos, sobretudo, no orçamento familiar, já que a passagem é consideravelmente mais barata do que a do ônibus. "Gostaria que fizessem o mesmo trabalho de recuperação que fazem nas comunidades do Rio de Janeiro. Que se fizesse mais por aqui. Tem pelo menos dois anos que não vemos obras de infraestrutura aqui na comunidade. Temos uma orla maravilhosa e a sensação é de abandono. Desde que nasci, sofremos com promessas", desabafa o técnico em caldeiras, Marcos Côroa. Mesmo com as dificuldades, a pequena Natasha dos Anjos Cerqueira, 10 anos, descalça com o pé na lama, afirma que ama o local onde vive. "Não tem muita coisa para brincar aqui. Mas eu gosto de viver em Periperi. Meus amigos estão aqui e tudo que faço também", diz satisfeita. E você, quer mostrar alguma iniciativa ou problema no seu bairro? Envie sua sugestão para o e-mail: [email protected]

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