Seguindo com as discussões do Festival Negritudes Globo, que acontece em Salvador, nesta quinta-feira (18), na Casa Baluarte, a jornalista Zileide Silva mediou a mesa "Narrativas Negras: Uma infinidade de possibilidades". Com a presença de Maíra Azevedo, a Tia Má, Alrick Brown, diretor e professor de cinema e TV na Universidade de Nova York, e a atriz Maria Gal, a mesa falou sobre as infinitas possibilidades de falar sobre negritude.
A partir de suas carreiras audiovisuais, os convidados falaram como é importante ampliar e diversificar as narrativas negras. Para isso, uma maior presença de pessoas negras nos espaços é essencial, mas é necessário também aprender a ouvir as diferentes formas de ser negro dentro da própria comunidade.
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Esse "olhar para si" foi um aspecto ressaltado por todos os participantes. Com uma trajetória referência no jornalismo, Zileide Silva falou de como foi importante ver a atuação de Glória Maria, mulher negra pioneira no jornalismo.
"Foi olhando para ela que pensei: se ela pode, eu também posso", colocou a jornalista. O estudo, o foco nas próprias qualidades e, mais que tudo, acreditar no trabalho são, para Zileide, os pontos essenciais para enfrentar o racismo nos meios de mídia.
Também partindo da própria história, Maíra Azevedo falou de como a comunicação e o audiovisual também foram uma forma de contar a própria história. Engraçada "por natureza", Tia Má falou como o humor sempre foi um escape e, hoje, é um caminho para ressignificar a própria história.
Emocionada, a jornalista falou da importância de ter visto Zileide na profissão para chegar onde está e como, de fato, cada pessoa preta consegue ampliar a percepção da sociedade.
Negritudes diversas
O cineasta e professor Alrick Brown falou da importância de observar outros lugares e formas de viver a negritude. Norte-americano, Alrick falou da oportunidade que foi visitar países africanos como Jamaica e Senegal, assim como Salvador. Nesses locais, ele percebeu as semelhanças e, principalmente, a diversidade que é a negritude. "Só de estar na Bahia, em Salvador, eu nunca mais vou ser o mesmo artista", pontuou ele.
Alrick pontuou ainda as pressões sofridas pela população negra. A necessidade eterna de ser excepcional e acima da média, são pressões ligadas ao racismo que contribuem para a baixa alto estima e o distanciamento das pessoas negras dos objetivos pessoais.
Para ele, poder ser mediano é a verdadeira liberdade, a equidade ainda não alcançada. Em consonância ao artista, Tia Má falou dessa pressão. "Enquanto conseguirmos contar quantos [negros] são, ainda não conseguimos", afirmou.
Festival Negritudes Globo
As discussões do palco principal do Festival Negritudes estão sendo transmitidas ao vivo pelo g1 Bahia e Canal Futura, e de forma gratuita para usuários logados no Globoplay.
No total, o festival terá seis painéis, diversas ativações e oficinas. Toda a programação acontece em parceria com a Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro (Apan).
O evento conta com as presenças dos cantores Larissa Luz e Tatau, o cineasta norte-americano Alrick Brown, além de escritores como Bárbara Carine, Elisa Lucinda e a influenciadora digital Tia Má. Eles vão participar de conversas sobre educação, fé, futuros reimaginados, saberes, resistência e música.
O Festival Negritudes faz parte da Agenda ESG da Globo, conjunto de práticas voltadas para preservação do meio ambiente, responsabilidade com a sociedade e transparência empresarial.
Em 2024, o evento já esteve no Rio de Janeiro e reuniu cerca de 2 mil pessoas no Galpão da Cidadania, além de contar com milhares de pessoas acompanhando ao vivo pelo Globoplay.
"Ver um evento que trata sobre as narrativas negras no audiovisual, ganhando musculatura, com três edições em único ano, nos enche de orgulho. Sabemos da importância da cidade de Salvador para a cultura afrobrasileira e realizar uma edição do Festival Negritudes Globo na cidade, mais do que simbólico, é um reconhecimento desse espaço que carrega tanta história", afirma Ronald Pessanha, líder do Negritudes Globo.
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Iamany Santos
Iamany Santos
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