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Quilombola é 1ª apicultora apta a fazer inseminação de abelhas na BA

Janete Neves buscou curso de inseminação instrumental de abelhas para melhorar produção das colmeias na associação quilombola liderada por ela

foto autor

Alan Oliveira

09/03/2024 às 8:00 - há XX semanas
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Uma apicultora da cidade de Esplanada, no Litoral Norte da Bahia, se tornou a primeira mulher baiana apta a fazer inseminação instrumental de abelhas no estado. Líder de uma associação na comunidade quilombola de Piaçava, ela aprendeu a técnica para melhorar a produção das colmeias que cuidam.


				
					Quilombola é 1ª apicultora apta a fazer inseminação de abelhas na BA
Quilombola é 1ª apicultora apta a fazer inseminação de abelhas na BA. Foto: Arquivo Pessoal

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Pequena no tamanho, mas gigante na importância para a polinização de frutas, legumes e grãos, as abelhas entraram na vida de Janete Neves em 2021, com a criação de espécies com ferrão na Associação dos Jovens Remanescentes Quilombolas da Bahia (Ajarquiba).

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Na época, a apicultora e as colegas “não tinha os conhecimentos necessários” para desempenhar a atividade como desejava, como a baiana explica. Por isso, ela buscou se qualificar para adquirir as técnicas e melhorar a produção das colmeias.

Um dos treinamentos foi o de inseminação instrumental de abelhas-rainhas, que pode ser usada em abelhas com ferrão. Realizado em Ilhéus, no sul do estado, o curso teve a participação de oito produtores. Apenas Janete era baiana - o que fez com que ela se tornasse a primeira mulher no estado apta para a atividade.

"Para mim, foi inovador ser a primeira mulher aqui na Bahia a participar de um curso desse. E sem contar que, a partir de agora, isso, dentro do meu empreendimento, isso vai ter uma mudança no sentido da genética das abelhas".

Segundo o professor Ediney Magalhães, da DVM Consultoria Apícola, que ministrou o curso, a inseminação instrumental de abelhas é um procedimento demorado, muito delicado e difícil de ser realizado, porque depende de equipamentos modernos e de alto custo.

Vídeo: Arquivo Pessoal

A técnica consiste em depositar a abelha-princesa em uma lâmina, anestesiá-la com dióxido de carbono (CO2), abrir sua vulva com pinças e injetar cinco microlitros de sêmen para fecundá-la antes de devolver à colmeia.

A técnica permite que o apicultor tenha matrizes de alta qualidade para o desenvolvimento de colmeias mais produtivas e com crias livres de doenças. As abelhas usadas para a inseminação, tanto fêmeas quanto machos, são escolhidas considerando a origem e qualidade das colmeias.

Janete caracteriza o aprendizado como a abertura de um grande leque para a atividade, porque dá maior autonomia no desenvolvimento das abelhas. A apicultora comemora também o fato de poder ajudar não só a atividade na associação dela, como em outras na região onde mora.

"Eu me sinto muito honrada, por poder ter o privilédio de participar e trazer isso para a minha comunidade e poder ajuda também associações vizinhas. Porque a nossa dificuldade era ter boas rainhas. E agora a gente vai ter", falou.

Conheça associação liderada pela quilombola, onde é feita a inseminação de abelhas


				
					Quilombola é 1ª apicultora apta a fazer inseminação de abelhas na BA
Quilombola é 1ª apicultora apta a fazer inseminação de abelhas na BA. Foto: Arquivo Pessoal

A criação de abelhas tem sido uma fonte de renda para os membros da Ajarquiba. No local, são desenvolvidos produtos à base de mel e derivados, como hidromel, biscoitos, pimenta com mel, licuri caramelizado, cerveja, própolis, pólen e cera.

Além disso, de acordo com Janete, a atividade tem despertado um interesse cada vez maior em mulheres empreendedoras da comunidade, que estão se especializando na apicultura (abelhas com ferrão), na meliponicultura (abelhas sem ferrão) e na comercialização dos derivados.

Ao todo, a associação tem 25 apicultores, sendo 14 mulheres. Dessas, 10 atuam também na meliponicultura, inclusive a própria Janete, a partir da cultura da espécie uruçu nordestina.

As atividades contam com o apoio técnico da Bracell, por meio das ações do projeto "Polinizadores" e do "Programa Fomento a Negócio de Impacto", desenvolvidos pela empresa em comunidades situadas em sua área de influência.

As iniciativas têm contribuído com o aprimoramento da produção e a geração de renda em comunidades como a de Piaçava, a partir de distribuição de abelhas-rainhas, fornecimento de capacitações, assistência técnica, além de suporte para o aprimoramento, regularização de produtos, prospecção de oportunidades de escoamento e comercialização, atuando também na interlocução com o Governo da Bahia e outras instituições.

"Essa qualificação ajuda a melhorar a atividade e beneficia especialmente as mulheres da comunidade. Muitas delas têm uma vida difícil e, com o trabalho coletivo, elas se sentem mais acolhidas", destaca ela, anunciando que, "para ampliar a ação na comunidade, iniciaremos trabalhos nas escolas para mostrar a importância das abelhas e orientar sobre a importância de preservar a natureza", pontua Janete.


				
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Quilombola é 1ª apicultora apta a fazer inseminação de abelhas na BA. Foto: Arquivo Pessoal
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