Músico, produtor, multi-instrumentista, arranjador, compositor, capoeirista e tudo o que a arte lhe permitir ser. Raysson Lima, de 18 anos, abriu portas para toda uma geração, mesmo com a pouca idade. Filho do cantor Tonho Matéria, o jovem quebrou barreiras e se tornou o primeiro solista de uma orquestra brasileira a usar o berimbau como instrumento.
Com o pai integrando um dos maiores grupos de samba-reggae do mundo, o Olodum, o jovem conheceu o mundo da percussão aos três e se apaixonou de forma imediata. Com nove, ele passou a integrar Núcleo Estadual de Orquestra Juvenil e Infantil da Bahia (NEOJIBA), e desde 2017 ele faz parte da Orquestra 2 de Julho, que é a principal turma do programa baiano.
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Em 2022, o rapaz participou de uma turnê internacional e ganhou do maestro Ricardo Castro a missão de ser solista das apresentações.
"Foi fantástico, uma surpresa. O maestro me fez esse convite, nos preparamos durante todo o ano e foi muito legal. Obrigado meu Deus, por me levar a viver essa oportunidade de tocar aonde [Bob] Marley, [Ludwig van] Bethoven [...] e eu com 18 anos, um menino negro, da comunidade, levando uma cultura que foi negada durante anos, para mmim isso é o máximo".
Da porta de casa, o artista conversou com o iBahia e contou que o lugar de destaque que ele alcançou é fruto de toda uma resistência e que por esse motivo quem ganha é a arte brasileira.
"Esse presente não é meu, é do Brasil. Eu fui o primeiro, mas podem ter outras pessoas, outros jovens. Que momentos como esses se repitam mais e mais".
Filho da Bahia
Ao lado de João, Migga e Zaya, Raysson integra o grupo Filhos da Bahia. Eles são herdeiros dos valiosos artistas Saulo Fernandes, Carlinhos Brown, Reinaldinho do Terrasamba e do já citado no texto Tonho Matéria. Com o lançamento do álbum "Bença", os quatro jovens artistas têm ganhado notoriedade não apenas na terra natal, mas também em todos os quatro cantos do país.
"O negócio está surreal. A gente não está entendendo nada, só estamos fazendo. As coisas estão acontecendo no tempo delas, muitos trabalhos. A banda é nova, estamos conseguindo a nos entender agora, personalidades diferentes, não é nada rápido, está fluindo muito bem. Várias entrevistas massas, estamos gravando coisas, e está chegando muito rápido. É maravilhoso".
Raysson, inclusive, não nega que ser herdeiro de um grande nome da arte brasileira traga um certo peso para a vida. No entanto, o significado do nome dele já diz muito: "aquele que pensa", o jovem deixa a criatividade sempre a frente de si para tomar não só as melhores decisões, como as saídas mais engenhosas para as adversidades da sua trajetória na música.
"Eu sempre corri atrás, meu pai sempre me deu muito apoio, indicando aonde eu deveria ir, temos uma relação muito boa. A minha expectativa sempre foi grande. Eu penso muito, sempre estou ligado em um projeto, em gravar alguma coisa, esse fato [ser filho de artista], não teve tanto peso. Facilitou um pouco sim a minha jornada, mas foi para isso que eu nasci [fazer música]".
Voos cada vez maiores
Pés no chão e humildade são palavras de ordem na mente de Raysson. O jovem almeja conquistar diversas coisas na vida e um dos seus maiores desejos é ter uma carreira musical consolidada, e chegar no patamar de sucesso que poucos artistas chegaram.
"Eu quero chegar em um patamar do bem, com pés no chão e humildade. Conheço vários que já vi no baixo e hoje está no auge e nem fala comigo. Fico bem triste. Eu me vejo um artista consolidado, com várias turnês, trabalhando sempre, me vejo sorrindo sempre, com minha família, sou simples, não gosto de ostentação".
Eu sempre trabalho com muita seriedade. Eu ainda sou muito novo, mas espero ser espelho para outros meninos. Eu recebo muitas mensagens no Direct, não só de Salvador, mas de fora falando que eu sou inspiração e isso me inspira mais para fazer mais coisas e tem muita coisa vindo por aí Raysson Lima
AUTOR
Lucas Sales
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Lucas Sales
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