Neusa Borges chegou aos 81 anos nesta quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, vivendo a melhor fase da vida e representando com maestria a luta pela igualdade de gênero. Símbolo de representatividade, a atriz, que também está prestes a completar sete décadas de carreira, vive um momento agitado, com agenda lotada de trabalhos.
Além de estrear o filme "Uma Babá Gloriosa", onde dará vida a uma freira pela primeira vez, a catarinense, que tem título de cidadã baiana, termina ainda neste mês as gravações do longa “As Aparecidas”, e inicia as filmagens da segunda temporada de “Encantado’s”, série de sucesso da Globoplay que é estrelada por atores negros.
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Em entrevista ao iBahia, em edição especial do Preta Bahia, a artista fez um balanço do trabalho e comemorou o sucesso dos papéis que já interpretou. Questionada sobre a falta de protagonismo, Neusa criticou o problema, mas disse que ele nunca a impediu de transformar os personagens coadjuvantes em destaques, como Dalva, de "O Clone", e Diva, que viveu em "América" e em "Salve Jorge".
"Eu sou muito realizada como atriz. Nenhuma atriz coadjuvante como eu ganhou tantos prêmios, seja fazendo escrava, doméstica, ou qualquer outro personagem, não só na TV, mas no teatro e no cinema. Sou abusada sim, mas sei quem eu sou e o que posso fazer. O negro sempre foi chamado para tapar buracos, sempre se dizia, mas nunca liguei pra isso. Como se diz, são nos menores frascos que estão os melhores perfumes. Faça de papéis pequenos grandes personagens, e foi isso que fiz e faço em cada papel que aceito fazer", disse.
Grandeza que a atriz pode exemplificar no dia a dia corrido, mesmo após os 80 anos. E, se depender dela, essa será uma realidade que pretende ter ainda por muito tempo. "Com certeza estou vivendo a minha melhor fase. Falo isso toda hora. No momento, eu estou muito Zeca Pagodinho, 'deixa a vida me levar', mas não quero que ela me leve ainda não. Eu tenho certeza que tenho muito que fazer por aqui ainda".
Atualmente, Neusa se divide entre Salvador e Rio de Janeiro. Na capital baiana, já são quatro décadas de história. Uma relação que vai além da moradia, como contou a atriz. Foi na cidade que ela decidiu criar as duas filhas e o neto, e onde sempre curte o carnaval, como neste ano, em que foi convidada da família Gil no camarote Expresso 2222.
"Eu moro há 40 anos em Salvador, apesar das pessoas só descobrirem agora. Mas foi a cidade que eu escolhi para criar as minhas filhas Priscila e Ondina e o meu neto Miguel. Eu nasci negra e vou morrer negra, e em Salvador me identifiquei com essa negritude".
A artista é de 1942, mas a foi somente em 1975 que a data 8 de março foi institucionalizada pela Organização das Nações Unidades (ONU) como Dia Internacional da Mulher. O objetivo era celebrar as conquistas políticas e sociais do gênero. Na época, Neusa já tinha mais de 30 anos e acompanhou a decisão, que ressignificou o aniversário dela, como também contou em entrevista.
"Eu me sinto duas vezes uma mulher abençoada, batalhadora, lutadora, porque não é fácil na vida matar tantos leões por dia. Essa é uma data que agradeço a deusa por estar viva".
'Uma Babá Gloriosa'
Para além de dar a oportunidade de viver uma freira pela primeira vez na carreira, "Uma Babá Gloriosa" permitiu que Neusa Borges realizasse o sonho que tinha de um dia ter esse papel. No filme ela será a Madre Beatriz, que será como uma mãe para Glória, personagem de Cleo.
A produção tem previsão de lançamento para o segundo semestre deste ano e traz ainda grandes nomes no roteiro. Entre eles, Rafa Kalimann, Carol Castro, Marcelo Serrado e Viih Tube. Durante entrevista, Neusa comentou a emoção de viver o papel.
"Era o sonho da minha vida fazer uma freira e uma grande prostituta, um sonho já foi realizado. Digo a você que Deus existe, e não posso falar para você que a missão foi cumprida, mas posso dizer que existem outros sonhos. Que venham novos personagens por aí!", comemorou.
Para o portal, a atriz também falou sobre a relação com Cleo durante as gravações, e citou a proximidade que já tinha com a colega de outros trabalhos, além da convivência com a mãe dela, Glória Pires.
"A Cleo é o mesmo carinho que tive com a mãe, Glória Pires, desde o primeiro trabalho, ambas fizeram seus trabalhos comigo. Com a Glória foi em Dancin’ Days, e com a Cleo foi na novela América. Esse amor da Glória que têm comigo, passou da mãe para filha, amor da Cléo, e o mesmo. E o meu amor por elas só cresce".
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Alan Oliveira
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