Elisa Lucinda e Amaury Lorenzo pedem mais papéis de destaque na TV

Relatos pretos, transformação e boas histórias foram os pontapés da mesa "Narrativas orais como forma de resistência" do Festival Negritudes Salvador na tarde desta quinta-feira (18). O evento acontece na Casa Baluarte, em Salvador e conta com um vasto número de artistas debatendo diferentes temas voltados para pautas raciais.

A mesa 5 do evento promovido pela TV Globo contou com Amaury Lorenzo, Elisa Lucinda e Valmir Boa Morte, líder sociocultural de Cachoeira. O debate foi mediado pela jornalista e repórter Tarsilla Alvarindo.

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Em um dos momentos da conversa, o ator Amaury Lorenzo - que está em alta na TV Globo -, destacou que a educação é a principal ferramenta de transformação para os jovens e que é preciso as entidades detentoras de grandes poderes econômicos viabilizarem a transformação.

“Através da arte, da educação, o jovem é transformado, mas é preciso viabilizar isso. O jovem precisa comer, de passagem. A oralidade é uma permanente transformação”, argumentou.

Ele também ponderou que não pode apenas fazer papéis onde o personagem seja ridicularizado ou que viva um apenas uma narrativa de sofrimentos. “Eu posso sim fazer um personagem que não esteja tomando uma chibata numa novela”, refletiu destacando que já vislumbrou uma personagem onde Elisa Lucinda viveu uma médica.

O artista, que recentemente ficou em 2º lugar no "Dança dos Famosos", também deixou um recado para os jovens que desejam investir no cenário no audiovisual. “O bom caminho é a gente exigir que temos que ocupar espaços. Não basta apenas estudar, precisa de dinheiro para chegar, precisamos fazer uma exigência aos órgãos públicos”, finalizou Amaury Lorenzo.

Com mais de 35 anos de carreira e 19 livros já publicados, Elisa Lucinda destaca que um dos principais pontos da trajetória artística foi a novela "Vai na Fé" (2023). Para ela, a trama de Rosane Svartman foi a certeza de um avanço para os negros que sobrevivem do audiovisual.

"Pra mim, 'Vai Na Fé simboliza uma sede de representatividade. Quando me veio o convite, aprendi a não ser preconceituosa com os evangélicos. Quando eu fui chamada, eu falei: 'Eu sou uma macumbeira, vou fazer uma evangélica com muito amor e respeito'. Fiquei cada vez mais inteligente emocionalmente. É isso que o Brasil quer: olhar no espelho e se ver. Todos nós temos que nos convocar a uma grande mudança", ponderou a atriz veterana.

Líder cultural reflete dores do povo preto no Festival Negritudes

O mestre Valmir Boa Morte, líder sociocultural de Cachoeira, dividiu que resistência transpassa o evento da Revolta dos Malês (revolta de escravos que aconteceu na cidade de Salvador, na Bahia, em 1835), e transcorre até os dias de hoje através dos negros que resistem diariamente não só na arte, mas em todos os setores econômicos do país.

"Não foi a lei áurea que nos libertou. Nossas ações [diárias] que nos libertam. A gente vai levantando, caindo, tomando topada, mas sempre se mantendo em pé. A resistência foi dos nossos pais, nossos avós, foi daqueles e daquelas que vieram do navio (...) é por isso que não admitimos e nem aceitamos nenhum tipo de escravidão atual", completou ele.

O Festival Negritudes reúne grandes artistas, produtores e comunicadores do audiovisual brasileiro e acontece até o fim desta quinta-feira (18). O evento está sendo transmitido, ao vivo, no Globoplay e no G1.

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