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Representatividade

Comunicólogas criam e transformam podcast em empresa afrocentrada

Desenvolvida por Camilla França e Mirtes Santa Rosa, Umbu Comunicação hoje também é portal de notícias e assessoria diversa e antirracista

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Alan Oliveira

29/07/2023 às 8:00 • Atualizada em 30/07/2023 às 1:28 - há XX semanas
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					Comunicólogas criam e transformam podcast em empresa afrocentrada
Foto: Fernanda Maia

De amizade a parceria em um projeto de sucesso desenvolvido quando não existiam boas perspectivas de negócio. De podcast a empresa de multicomunicação, com expansão para portal de notícias e assessoria.

Foi assim que a jornalista Camilla França e a publicitária Mirtes Santa Rosa se tornaram empresárias da área de comunicação e têm potencializado a representatividade negra no ramo em Salvador.

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"A gente não sai do mesmo lugar, e a comunicação é uma profissão que a maioria das pessoas não sai do mesmo lugar. Ainda hoje, com todo acesso, é um lugar onde nós negros, a gente se vê, mas a gente não se entende".

O legado começou no período mais crítico da pandemia de Covid-19, em 2020. Na época, as duas e uma terceira amiga - a jornalista Val Benvindo - toparam se unir para fazer um podcast, movidas por uma ideia de Mirtes.

Três anos depois, o projeto, que continuou em dupla, se expandiu e o sonho de começar a produzir algo próprio se tornou realidade. Desde então, o Umbu Podcast virou Umbu Comunicação.


				
					Comunicólogas criam e transformam podcast em empresa afrocentrada
Foto: Reprodução/Instagram

"Nós entendemos que estava na hora de nós trabalharmos para nós mesmas e de nos vermos enquanto empresárias. A gente sabe a dificuldade de empreender, e eu acho que empreender em comunicação é ainda um patamar muito maior. Empreender em comunicação é caro, é complicado, mas a gente entendeu que ou nós fazíamos ou nós fazíamos", contou Mirtes.

Aspas da citação
"O Umbu surge como a possibilidade da gente experimentar e levar para a rua aquilo que a gente já fazia, mas no CNPJ e no CPF dos outros. Era algo para a gente, que iria verberar para a gente". Camilla França

Sediada em Salvador, cidade onde as comunicólogas nasceram e ainda vivem, a empresa produz conteúdo afrocentrado e presta consultoria para outras companhias, de forma diversa e antirracista.


				
					Comunicólogas criam e transformam podcast em empresa afrocentrada
Foto: Fernanda Maia

"Eu falo que é o encontro de potencialidades, porque tem um pouco da minha entrega, tem um pouco do perfil da Mirtes de gestão, tem um pouco do que a gente fala de outros conteúdos, e, por si só, traz essa miscelânea de várias coisas que a gente consegue trazer", disse Camilla.

Uma variedade de produtos e serviços que foca na necessidade de ser completa enquanto empresa, como contaram as amigas em entrevista ao iBahia para a reportagem desta semana da editoria Preta Bahia.

Aspas da citação
"A gente é uma empresa de comunicação que entendeu a necessidade de estar em todos os processos. A gente planeja, produz e temos dois veículos para escoar, colocar na rua" Camilla França

Representatividade


				
					Comunicólogas criam e transformam podcast em empresa afrocentrada
Foto: Fernanda Maia

Para além do sucesso do negócio, a parceria tem ainda o objetivo de reforçar a presença de pessoas pretas na área de comunicação da cidade, que é a mais negra fora da África.

"A cor da minha pele tem um significado em Salvador, mas eu também estou aqui para dizer que isso me marca ainda mais para ser importante no que eu e Camilla hoje fazemos na comunicação da cidade. Inclusive, de botar a cara, porque eu sei que quando a gente bota a cara e quando a gente fala, a gente também pode encontrar muitas pessoas que podem falar: 'Ah, duas chatas de galocha'. Ou vai ter anunciante que vai entender que fazer campanha antirracista é só fazer campanha no Novembro Negro. Não é", contou Mirtes.

Aspas da citação
"Fazer comunicação antirracista é ter um compromisso com essa população, que é uma população é extremamente vulnerável. É a população que mais passa fome, que muitas vezes morre pela bala da polícia, é a população que precisa sim de oportunidade. Então, ela precisa sim se ver de forma legal na comunicação". Mirtes Santa Rosa

Uma representatividade que as duas não encontraram no período em que começaram a estudar e atuar na área, quando, conforme pontuou Mirtes, a comunicação era pouco acessada por negros e negras.

"Quando eu entrei na universidade, eu nunca me encontrava nos lugares e isso foi uma coisa muito triste. Então, hoje, quando eu vejo aqueles estudantes de publicidade muito mais afirmados, eu entendo que o caminho deles hoje é menos doloroso do que um dia o meu caminho foi. Então, eu quero que eles também entendam que eles podem ter duas mulheres negras, soteropolitanas, que têm uma empresa de comunicação, como qualquer outra empresa de comunicação da cidade, e que eles desejem ser contratados pela Umbu"., falou Mirtes.


				
					Comunicólogas criam e transformam podcast em empresa afrocentrada
Foto: Fernanda Maia

A publicitária ressaltou ainda que as dificuldades aumentavam quando essas pessoas eram periféricas. Realidade que, para ela, ainda não está tão distante.

"A Camilla sempre diz: 'Não tem como não falarmos sobre raça'. Porque cada uma traz as suas vivências em uma área que é tão branca ainda, que muitas vezes tem tanta dificuldade de entender, por exemplo, que um estagiário vai sair do subúrbio ferroviário e que para ele chegar ele vai precisar de 2 ou 3 transportes".

Potência

Agora, as amigas comemoram o papel de protagonismo e de referência. "Eu hoje penso que eu nasci para isso. Que pena que eu demorei tanto para ter essa coragem. Eu sempre digo isso", contou Mirtes.


				
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Foto: Reprodução

"Eu percebo que há uma singularidade na estratégia, que a gente vem dia a dia percebendo esse retorno. É uma pessoa que dá um feedback, uma mensagem que a gente recebe, um comentário positivo, uma pessoa que não está na nossa rede que nos encontra para acessar outros espaços. Então, cada vez eu vou sentindo mais o peso", completou Camilla.

Futuro

Apesar de nova enquanto empresa, a parceria é sólida e rende bons frutos para as empresárias. Não é à toa que elas buscam mais conquistas e já miram no futuro.

"Eu acho que é importantíssimo que eu e Camilla termos a certeza de ser empresária da comunicação na cidade, que a gente faça um bom trabalho para que no futuro as pessoas possam falar de nossa empresa assim, que chegue nesse desejo e nessa vontade de trabalhar em uma empresa que os compromissos são reais e não ilusórios", ressalta Mirtes.

Mirtes projeta longe e conta que já vê a Umbu Comunicação passando dos 20 anos, ainda mais consolidada, forte e sendo referência para o setor em Salvador.

Aspas da citação
"Eu consigo ver a Umbu muito longe. Eu consigo ver a Umbu como referência nessa cidade. E nessa cidade que precisa muito de pessoas como nós fazendo comunicação, falando sobre comunicação". Mirtes Santa Rosa

"Que a gente possa vir para esse lugar de empresa, e que a gente possa vir para esse lugar melhor de vida, porque empreendeu, porque teve coragem de fazer acontecer nesse mundo", completou.


				
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Foto: Fernanda Maia
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