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Festival Negritudes

Artistas e religiosos negros debatem fé como ferramenta de resistência

Mesa de abertura do Festival Negritudes, que acontece nesta quinta-feira (18), reuniu Jéssica Ellen, Ekedy Sinha e outros religiosos

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Iamany Santos

18/07/2024 às 13:58 - há XX semanas
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Realizado pela primeira vez em Salvador, o Festival Negritudes Globo reúne grandes representantes da cultura negra na Casa Baluarte, no Santo Antônio Além do Carmo, nesta quinta-feira (18). Contando com a apresentação de Rita Batista e Vanderson Nascimento, a atriz Jéssica Ellen, Ekedy Sinhá, ativista e representante do candomblé, Padre Lázaro Muniz e Kleber Lucas, pastor evangélico, falaram sobre "Fé e Narrativas".


				
					Artistas e religiosos negros debatem fé como ferramenta de resistência
Artistas e religiosos negros debatem fé como ferramenta de resistência. Foto: Iamany Santos / iBahia

Durante a palestra, os quatro convidados destacaram as relações entre a identidade negra e religiosidade, aspectos que caminham e resistem juntos há muito tempo. Com uma fala engajada, Ekedy Sinhá falou da importância de ser criado em um ambiente religioso como o terreiro de candomblé.

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Para ela, o espaço de terreiro é onde as raízes do povo negro podem ser encontradas e através do qual muitas pessoas podem se encontrar, através da ancestralidade, além de se preparar para enfrentar uma sociedade que tenta apagar essa existência. “No terreiro de candomblé tem uma organização social. O terreiro de candomblé é um espaço não só de resistência, mas fomento a saúde, a educação. Costumo dizer que todos deveriam ser educadas em uma comunidade religiosa", afirmou ela.

A importância desse espaço como lugar de encontro e resistência cultural foi exaltado por Jéssica Ellen, atriz e cantora, que falou sobre a mudança que a religiosidade teve em sua vida. “Fiquei muito impressionada de como isso viralizou. Nesse momento, eu percebi que falar da fé também seria importante", falou a atriz sobre sua iniciação no candomblé e da "revelação" dessa parte de sua vida.


				
					Artistas e religiosos negros debatem fé como ferramenta de resistência
Jéssica Ellen participou de mesa do Festival Negritudes. Foto: Iamany Santos / iBahia

A fé pode afastar da identidade?

Trazendo a tona o debate sobre a hegemonia religiosa no Brasil, os convidados falaram de como, historicamente, religiões cristãs pregaram o afastamento de outras linhas religiosas, como as afrobrasileiras. Em sua fala, o pastor evangélico Kleber Lucas apontou como, em alguns momentos, a religião tentou afastá-lo de suas raízes negras.


				
					Artistas e religiosos negros debatem fé como ferramenta de resistência
Artistas e religiosos negros debatem fé como ferramenta de resistência. Foto: Iamany Santos / iBahia

“A religião por um momento tentou me distanciar da minha história, da minha ancestralidade", afirmou ele, que percebeu essa realidade ao analisar sua infância e as duas referências familiares, duas partes da sua vida rodeadas e protegidas pelos terreiros.

O líder religioso falou também de como os terreiros foram, e ainda são, espaços que mantêm e protegem as comunidades negras. Hoje, o pastor realiza um trabalho de ligação entre o cristianismo e o candomblé, reconstruindo as conexões nas comunidades. “Antes de tudo somos uma família. Respeita o meu amém e eu respeito o seu axé", afirmou ele.

A mesa foi a primeira de um dia inteiro de discussões ligadas as narrativas audiovisuais e as negritudes.

Festival Negritudes Globo

As discussões do palco principal do Festival Negritudes estão sendo transmitidas ao vivo pelo g1 Bahia e Canal Futura, e de forma gratuita para usuários logados no Globoplay.

No total, o festival terá seis painéis, diversas ativações e oficinas. Toda a programação acontece em parceria com a Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro (Apan).

O evento conta com as presenças dos cantores Larissa Luz e Tatau, o cineasta norte-americano Alrick Brown, além de escritores como Bárbara Carine, Elisa Lucinda e a influenciadora digital Tia Má. Eles vão participar de conversas sobre educação, fé, futuros reimaginados, saberes, resistência e música.

O Festival Negritudes faz parte da Agenda ESG da Globo, conjunto de práticas voltadas para preservação do meio ambiente, responsabilidade com a sociedade e transparência empresarial.

Em 2024, o evento já esteve no Rio de Janeiro e reuniu cerca de 2 mil pessoas no Galpão da Cidadania, além de contar com milhares de pessoas acompanhando ao vivo pelo Globoplay.

"Ver um evento que trata sobre as narrativas negras no audiovisual, ganhando musculatura, com três edições em único ano, nos enche de orgulho. Sabemos da importância da cidade de Salvador para a cultura afrobrasileira e realizar uma edição do Festival Negritudes Globo na cidade, mais do que simbólico, é um reconhecimento desse espaço que carrega tanta história", afirma Ronald Pessanha, líder do Negritudes Globo.

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