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Após sucesso no Rock in Rio, Lucas Souza destaca representatividade e mira carreira internacional: 'Ainda não é o pico'

Coreógrafo que começou em pequenas apresentações agora leva em seu currículo nomes como Carlinhos Brown, Daniela Mercury e Ivete Sangalo, e sonha em continuar dando oportunidades para outras pessoas pretas

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Alan Oliveira

24/09/2022 às 8:00 • Atualizada em 24/09/2022 às 9:10 - há XX semanas
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					Após sucesso no Rock in Rio, Lucas Souza destaca representatividade e mira carreira internacional: 'Ainda não é o pico'
Foto: Reprodução/Instagram

				
					Após sucesso no Rock in Rio, Lucas Souza destaca representatividade e mira carreira internacional: 'Ainda não é o pico'

Quando começou a dançar, ainda aos 14 anos, Lucas Souza não imaginava que um dia iria se tornar um coreógrafo reconhecido nacionalmente. Isso sequer era um sonho para ele. As coisas aconteceram conforme o seu talento foi exposto no meio artístico. Hoje, com nomes de peso em seu currículo, como Daniela Mercury, Carlinhos Brown, Léo Santana, Parangolé e Ivete Sangalo, o artista mira uma carreira internacional.

"Para mim, ainda não é o pico, embora eu esteja muito realizado com o trabalho que eu estou fazendo. Eu quero mais. Eu quero poder trabalhar com um artista internacional. Quero poder coreografar um artista internacional. Eu quero poder expandir o meu trabalho o máximo que eu puder", conta Lucas.

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Nascido e criado na localidade de Novo Horizonte, no bairro de Sussuarana, em Salvador, o coreógrafo, que completará 28 anos no próximo mês, ainda lembra de como foi difícil o começo na dança. Ele tinha medo de como seria visto pelas pessoas. Na época, inclusive, sofreu preconceito em casa, mas foi firme, e, gradualmente, viu a vida artística se moldar e crescer, diante de muito trabalho.


				
					Após sucesso no Rock in Rio, Lucas Souza destaca representatividade e mira carreira internacional: 'Ainda não é o pico'
Foto: Reprodução/Instagram

"Quando eu iniciei, eu fiquei com medo de contar para o meu pai. E quando eu contei ele ficou meio bravo comigo, porque ele não esperava que o filho dele fosse ser dançarino. Infelizmente tem esse preconceito na nossa sociedade, de que homem não pode dançar, homem não pode trabalhar com arte, principalmente para galera mais antiga. Mas depois ele entendeu que era aquilo que eu amava, que era aquilo que eu gostava de fazer, e que aquilo trazia uma renda financeira para dentro de casa".

As primeiras apresentações de Lucas foram com um trio que ele formava com amigos. O grupo costumava fazer performances em teatros, festas e outros eventos na capital baiana. O primeiro trabalho de destaque só aconteceu quando ele tinha 18 anos. Na época, o artista foi um dos integrantes do balé de Ivete Sangalo, na gravação do DVD em comemoração aos 20 anos de carreira da cantora.

"Foi a primeira vez que eu pisei em um palco naquela proporção, naquela estrutura. E ali para mim foi assustador. Eu tinha acabado de fazer 18 anos. Eu lembro disso assim claramente. Foi o primeiro contato que eu tive com um artista grande", relembra.


				
					Após sucesso no Rock in Rio, Lucas Souza destaca representatividade e mira carreira internacional: 'Ainda não é o pico'
Foto: Reprodução/Instagram

E a atuação motivou o coreógrafo a investir ainda mais na carreira. "Eu botei na minha cabeça: 'É isso que eu quero para minha vida. Eu vou vou estudar porque eu quero ser profissional. Eu quero estar ali mais vezes. Eu quero vivenciar isso mais vezes. Eu quero estar à frente desses trabalhos. Eu quero poder ensinar um pouco da minha cultura para aquela cantora, passar um pouco da minha identidade para o balé'".

Mas as coisas não foram fáceis. Houve um período em que o artista chegou a pensar em abrir mão da dança, porque não surgiam trabalhos e ele precisava de renda. Na época, Lucas chegou a ser aprovado em um processo seletivo para uma concessionária e iria começar a trabalhar, mas houve uma reviravolta.

O coreógrafo conta que vieram convites para outros trabalhos e as coisas passaram a acontecer, incluindo shows, gravações de DVDs e participação no carnaval de Salvador, tanto como bailarino, quanto como coreógrafo.


				
					Após sucesso no Rock in Rio, Lucas Souza destaca representatividade e mira carreira internacional: 'Ainda não é o pico'
Foto: Reprodução/Instagram

Um dos pontos que mais fizeram Lucas se destacar foi o stiletto, que é a dança com salto. Mas ele foi além. "Eu comecei a dançar com o stiletto, só que as pessoas associavam a minha imagem muito só àquilo. 'Lucas é o dançarino do stiletto. Lucas é o dançarino do salto. Então, Lucas só sabe fazer isso'. E eu não queria me limitar. Eu queria mostrar que poderia fazer outras coisas. Foi aí que eu fui estudando outras coisas para mostrar outras possibilidades para as pessoas, para novos trabalhos".

No Rock in Rio deste ano, o coreógrafo se consagrou e conquistou não só uma realização profissional, mas também pessoal. Lucas conta que, diante das dificuldades, principalmente após a morte do pai em 2019, achava que seria impossível alcançar esse lugar, mas aconteceu.

"Eu lembro claramente que eu assistia o Rock in Rio da minha casa, quando eu era mais novo. E antes antes mesmo de começar a dançar eu achava aquilo um sonho. Eu queria estar no festival e não sabia como aquilo poderia ser possível para mim, porque era totalmente distante da minha realidade. Eu sou um uma bixa preta da favela. E isso para mim era muito distante da minha realidade. E hoje eu pisei naquele festival. Eu coreografei. Eu montei um show para aquele festival. Então, para mim é algo que eu eu jamais poderia imaginar. Superou todas as minhas expectativas", descreve Lucas.


				
					Após sucesso no Rock in Rio, Lucas Souza destaca representatividade e mira carreira internacional: 'Ainda não é o pico'
Foto: Reprodução/Instagram

Para o futuro, além do reconhecimento fora do Brasil, o coreógrafo deseja também seguir sendo referência de representatividade nos palcos e porta de entrada para outros jovens como ele no ramo.

"Eu quero continuar coreografando artistas. Eu quero continuar dando oportunidade para pessoas pretas de periferia também. Porque eu como coreógrafo, eu sou essa ponte, né? Eu sou intermediário dessa comunicação de outros bailarinos com os artistas. Eu acho que, independente de qualquer coisa, a gente tem que oportunizar talentos. E eu eu me sinto muito privilegiado de estar sendo essa pessoa".

Dentro dessa perspectiva, Lucas Souza lembra da reação dos bailarinos que participaram do show de Ivete após o Rock in Rio.


				
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Foto: Reprodução/Instagram

"Eu vi os olhos de vários bailarinos brilhando. E olhava para mim e agradecia: 'Lu, muito obrigado'. E eu, com meu coração cheio de gratidão, falava: 'Não precisa agradecer. Eu estou sendo só intermediário. Isso aqui já estava escrito, já era para acontecer. Não precisa agradecer a mim. Agradeça ao universo e continue fazendo o seu baba acontecer'", conta.

A mensagem que o coreógrafo deixa para quem sonha crescer com a dança é a de não desistir, mas seguindo as possibilidades, dentro da realidade de cada um.

"O quanto você puder segurar a barra, segurar a onda, não pare, não desista. Se você puder investir no seu talento, na sua arte, no seu sonho, não desista, não pare. A recompensa, ela é muito maior do que tudo isso, do que todo sacrifício que a gente faz. Eu sei que é difícil, mas se você insistir e for pelo caminho certo, com as pessoas certas, a felicidade e a vitória vai ser garantida, vai ser certa", fala.


				
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Foto: Reprodução/Instagram

				
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