Assim como é possível com os telefones celulares, os consumidores também podem controlar o quanto gastam de internet fixa em casa. Aplicativos e sites da própria operadora — no caso da Net e da Claro — oferecem o serviço para o cliente que quer ter uma noção do que gasta com downloads e streamming, tecnologia utilizada para baixar filmes e séries, por exemplo. O EXTRA fez um levantamento e listou ferramentas para ajudar o leitor a calcular o seu consumo. A ideia das operadoras em cobrar por franquia de dados, como hoje é feita com internet móvel, acendeu o alerta: clientes estão preocupados com a possibilidade de pagar mais pelo serviço em casa. O analista de sistemas Mário Miranda, de 43 anos, adquiriu plano de 100 GB mensais da Net. — Já contratei pelo modelo de franquia. Mas fui ver o consumo e tive uma surpresa. Foram 50% a mais do que previa o meu contrato. Mas não percebi redução da velocidade. De acordo com o acompanhamento de consumo de franquia, usamos 20% do consumo em um só dia. Eu tenho certeza que não consumi tudo isso, mas não há outro tipo de controle que proteja o consumidor e o usuário. É claro que os aparelhos de televisão da minha casa têm conexão de internet, e assistimos a filmes e séries. Somos quatro pessoas na família, e três delas usam o tempo todo, nas redes sociais, baixando vídeos, ouvindo músicas. Eu, por exemplo, trabalho muito em casa usando internet, e preciso de uma boa conexão. Meu contrato com a operadora Net é novo. Foi assinado há dois meses, e, quando contratei ,já sabia que era por franquia de dados. No momento que fiz a aquisição do serviço, havia a informação de franquia a ser contratada, e não por velocidade, como era antes com outra operadora. Hoje, eu pago R$ 311, no pacote completo de internet, televisão a cabo e telefone fixo. Aprendi que o monitoramento, a partir de agora, vai ter que ser mesmo diário. A NET informou que não houve alteração nos planos de banda larga fixa. E que o serviço está de acordo com as obrigações e regulamentos do setor, atendendo às recentes determinações da Anatel. Até o presidente da agência, João Rezende, dizer que a ‘‘era da internet fixa ilimitada acabou’’, poucos usuários se preocupavam com consumo. — A Anatel postergou a decisão. É um serviço público que tem que ser mais veloz, mais barato. Três têm 86% do mercado. A agência tem que abrir o mercado para outros concorrentes — observa Luiz Santin, diretor da consultoria NextComm. A limitação de internet prejudicaria o trabalho da professora Raquel Compulsione, de 30 anos: — Dou aulas de português a estrangeiros pelo Skype e notei que o serviço piorou. Anatel analisa tipo de contrato O ministro das Comunicações, André Figueiredo, disse que a Anatel está trabalhando na alteração do regulamento do Serviço de Comunicação Multimídia, que vai permitir que as operadoras ofereçam tanto planos de internet fixa ilimitada quanto franquias com limite de dados. O anúncio de que operadoras passariam a limitar o acesso à internet e cobrar através do sistema de franquia provocou mobilização de consumidores. O modelo é adotado nos planos para celular, e prevê que a velocidade seja cortada ou reduzida quando o cliente atinge o limite contratado, caso o usuário não queira pagar por dados excedentes. Ao ser questionada sobre a alteração, a Anatel informou que não proibiria a prática. Depois, voltou atrás e a suspendeu por 90 dias. O governo pediu explicações à agência, que novamente recuou, suspendendo a prática por tempo indeterminado, mas sem sua proibição definitiva. O Senado avalia, na semana que vem, se vai abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Anatel. — É duro golpe à economia. Cerca de 30% do faturamento de faculdades privadas são de ensino à distância. É um retrocesso — argumenta Bruno Prado, vice-presidente da Associação Brasileira dos Agentes Digitais (Abradi). Já o professor de Engenharia Elétrica Rafael Timóteo de Sousa, da Universidade de Brasília (UNB), lembra que faltou investimento: — Esbarramos em limites tecnológicos que precisam ser discutidos.
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