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Operação Overclean

PF apreendeu R$ 1,5 mi com suspeitos de desvios dias antes da operação

Grupo é suspeito de ter movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão, incluindo R$ 825 milhões em contratos firmados com órgãos públicos apenas em 2024

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Naiana Ribeiro

12/12/2024 às 9:52 - há XX semanas
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A Polícia Federal (PF) prendeu 15 pessoas em operação contra uma organização criminosa suspeita de fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro, com desdobramentos na Bahia, São Paulo e Goiás, na terça-feira (10). Segundo a Receita Federal (RF), a organização direcionava recursos de emendas parlamentares e convênios para empresas e indivíduos ligados a administrações municipais.


				
					PF apreendeu R$ 1,5 mi com suspeitos de desvios dias antes da operação
PF apreendeu R$ 1,5 mi com suspeitos de desvios dias antes da operação. Foto: Polícia Federal

A suspeita é que o grupo tenha movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão, incluindo R$ 825 milhões em contratos públicos apenas em 2024. Dois alvos não foram localizados e são considerados foragidos.

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Em um dos mandados de prisão, Francisco Nascimento, eleito vereador para o mandato 2025-2028 em Campo Formoso, na Bahia, e primo do deputado Elmar Nascimento (União-BA), tentou se livrar de R$ 220 mil jogando uma sacola com o dinheiro pela janela.

A Justiça Federal também determinou o sequestro de R$ 162,3 milhões, três aeronaves, imóveis de luxo, três barcos, dezenas de veículos de luxo e o afastamento de oito servidores públicos.


				
					PF apreendeu R$ 1,5 mi com suspeitos de desvios dias antes da operação
Foto: Polícia Federal

Entenda o modus-operandi da organização criminosa


				
					PF apreendeu R$ 1,5 mi com suspeitos de desvios dias antes da operação
PF prende 15 investigados por desvio de recursos públicos em 5 estados. Foto: Divulgação/Receita Federal

O desvio ocorria por meio de contratos superfaturados firmados com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas. Os crimes apurados incluem corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e contratos e lavagem de dinheiro.

Os investigadores da Receita Federal descobriram que uma organização criminosa estava utilizando um esquema estruturado para desviar recursos públicos. Esses recursos, provenientes de emendas parlamentares e convênios, eram direcionados para empresas e indivíduos ligados a administrações municipais.

As investigações constataram a prática de superfaturamento em obras e desvios de recursos com o apoio de interlocutores que facilitavam a liberação de verbas destinadas a projetos previamente selecionados pela organização criminosa.


				
					PF apreendeu R$ 1,5 mi com suspeitos de desvios dias antes da operação
PF investiga desvio milionário de recursos públicos em cinco estados. Foto: Divulgação/Receita Federal

Veja abaixo como o grupo atuava:

  • por meio de operadores centrais e regionais, que cooptavam servidores públicos para obter vantagens indevidas, tanto no direcionamento quanto na execução de contratos;
  • após garantir a celebração dos contratos fraudulentos, as empresas envolvidas superfaturavam valores e aplicavam preços acima dos preços referenciais de mercado;
  • os pagamentos de propinas eram realizados por meio de empresas de fachada ou métodos que dificultavam a identificação da origem dos valores.

A Receita Federal informou ainda que as investigações apontaram também que a lavagem de dinheiro era realizada de forma "altamente sofisticada", incluindo o uso de:

  • empresas de fachada controladas por “laranjas”, que movimentavam os recursos ilícitos;
  • empresas com grande fluxo financeiro em espécie, utilizadas para dissimular a origem dos valores desviados.

Relatórios elaborados pela Receita Federal, em cumprimento à ordem judicial, apontaram inconsistências fiscais, movimentações financeiras incompatíveis, omissão de receitas, utilização de interpostas pessoas e indícios de variação patrimonial a descoberto.

Os crimes apurados incluem corrupção ativa e passiva, com penas de 2 a 12 anos de reclusão, peculato, fraude em licitações e contratos e lavagem de dinheiro. As penas somadas podem ultrapassar 50 anos de reclusão, além das multas previstas na legislação.

O que dizem os investigados

Em nota enviada à TV Bahia, a defesa de Alex Rezende Parente, Fábio Rezende Parente e Lucas Maciel Lobão Vieira disse que ainda não obteve acesso aos autos do processo, mas ressaltou que o trio desaja esclarecer "todos os fatos no curso da investigação e eventual processo".

"A defesa, contudo, pretende se manifestar sobre o mérito da acusação perante as autoridades competentes, no tempo e local adequados", diz a nota assinada pelo advogado Sebástian Borges de Albuquerque Mello.

A reportagem tenta localizar as defesas dos demais suspeitos.

As equipes também procuraram as prefeituras e empresas mencionadas na decisão. A Prefeitura de Campo Formoso divulgou um comunicado para informar que não irá se manifestar, pois não teria sido citada nos autos do processo. Apesar disso, a gestão municipal ressalta que está à disposição para eventuais esclarecimentos.

A Prefeitura de Jequié informou que não foi formalmente notificada sobre a decisão, mas decidiu exonerar a servidora Kaliane Lomanto Bastos para que ela tenha a plena oportunidade de apresentar sua defesa. A gestão também instaurou uma sindicância para apurar responsabilidades e possíveis danos ao erário.

De maneira semelhante, a Prefeitura de Salvador exonerou o diretor-geral da Secretaria Municipal de Educação, também suspeito de envolvimento no esquema criminoso. A demissão foi publicada no Diário Oficial desta terça-feira.

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