A mulher que foi morta pelo companheiro no bairro de Sete de Abril, em Salvador, tinha previsto o crime. Em uma mensagem enviada para a família, que mora no Pará, Ruana Karina dos Santos Silva, de 24 anos, alertou o risco que corria. Três meses depois, ela foi assassinada a facadas na frente dos dois filhos do casal.
O crime aconteceu na madrugada desta terça-feira (27). As mensagens foram enviadas no dia 25 de novembro do ano passado, em um dos desabafos da vítima, após agressões sofridas por ela. "O pai dos meninos quase me mata agora. Eu vou morrer. Vocês vão só receber a notícia", escreveu.
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Na mesma ocasião, Ruana ainda descreveu como tinha sido o ataque do companheiro. "Amiga, jogou aqui a lata de cerveja em mim. Molhou a casa toda. E tá aqui agressivo, que tá bebendo".
Pouco antes de ser morta, Ruana voltou a pedir ajuda, dessa vez para amigas. Uma delas chegou a se deslocar para a casa onde ela morava com o companheiro, mas não deu tempo.
"Ela ligou para a Cássia, que é amiga dela, e pediu socorro, porque ele disse que iria matar ela. Cássia falou em áudio que estava chegando. A última ligação ela não respondeu mais", dise Lígia Imbassahy, amiga da vítima.
Uma das primeiras pessoas a chegar no local do crime após o assassinato foi um outro vizinho do casal. Clayton Sales relatou cenas de terror ao entrar no quarto onde o corpo estava. Segundo informou à TV Bahia, o suspeito avisou sobre a morte para um parente, antes de fugir.
"Ela estava caída no quarto, próximo à cama, como se estivesse ajoelhada, e tinha marcas de sangue pela parede. Não tinha mais como ajudar. Quando cheguei, já tinha acontecido. Ele já tinha avisado para um parente", contou o vizinho.
Relacionamento conturbado antes de ser morta na frente dos filhos
Natural do Pará, Ruana se mudou para Salvador ainda na adolescência. Ela vendia filtros de porta em porta, até que conheceu o suspeito, engatou o relacionamento e não conseguiu mais trabalhar, porque era impedida por ele.
O relacionamento durou 7 anos. O casal tinha um menino e uma menina. Segundo a família, as agressões eram constantes. Em entrevista à TV Bahia, vizinhos do casal também relataram situações de violência contra a mulher.
"Briga para lá, briga para cá. Chamava, dava atenção, mas não tinha jeito. Ele dizia que: 'mulher é assim e eu vou fazer coisa errada'. E eu dizia: 'não faça coisa errada. Você tem que olhar seus filhos'", pontuou Nicomendes de Jesus, vizinho da vítima.
A família está tentando vaquinha para levar o corpo de Ruana para o Pará. Segundo informações passadas por uma prima da vítima, a mãe dela ainda não sabe da morte. Eles querem justiça.
"Que ele seja preso e que isso não passe impune. Que a Justiça não só faça com ela, porque tem muita mulher que sofre calada. Já que ela denunciou ele várias vezes, porque que ele não foi preso?", disse Suayane Caroline.
O caso é apurado pela 2ª Delegacia de Homicídios (DH/Central) como feminicídio. Ainda não há informações sobre o paradeiro do suspeito.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), 11 casos de feminicídio foram registrados na Bahia até 25 de fevereiro. No mesmo período do ano passado, foram 13 casos registrados.
Alan Oliveira
Alan Oliveira
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