O Ministério Público da Bahia solicitou que o médico Elziro Gonçalves de Oliveira, de 71 anos, acusado de assédio por nove pacientes em Salvador, seja interrogado novamente.
O crime aconteceu em julho de 2023. O profissional atuava no centro médico da Caixa Assistência dos Empregados do Baneb (Casseb), porém foi afastado dos atendimento do plano durante apuração do caso.
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Em nota, o MP-BA informou que a instituição pediu que o interrogatório seja feito pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher de Salvador e que aguarda a devolução dos inquéritos para análise das informações e adoção das medidas cabíveis.
A investigação começou com uma denúncia de assédio de uma das pacientes. Após ela, outras oito mulheres também afirmaram ser vítimas do profissional no passado.
O primeiro caso em apuração foi de uma administradora de 43 anos queria marcar uma consulta com um urologista, mas não conseguiu, e acabou indo ver o ginecologista, sob orientação de uma recepcionista. Foi a primeira vez dela com o profissional.
Ela diz que já tinha um laudo que constatava a infecção e precisava que um profissional passasse um medicamento. Durante a consulta, o ginecologista sugeriu um preventivo. "Eu não consigo dormir direito. Eu acordo lembrando disso. Eu me pego lembrando disso, quando eu vou para o banho, eu lembro disso. A roupa que eu usei naquele dia joguei fora", desabafou.
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Além de ter os mamilos apertados por muito tempo, a administradora denunciou ainda que o médico não usou luvas, máscaras e retirou o lençol que cobria as pernas durante o preventivo. O ginecologista também teria feito movimentos no clitóris da paciente.
"Você se masturba? Ele me perguntou dessa forma e eu me calei. Aí insistiu, perguntou que tipo de aparelho eu usava para me masturbar e ainda chegou a falar assim: 'É... Você está muito tensa, muito nervosa, precisa relaxar'", relatou.
Em seguida, o profissional ainda teria levantado, e começado uma massagem nos ombros da paciente e perguntado qual era o signo dela.
Outros abusos do ginecologista
Uma outra mulher fez duas cirurgias de histerectomia e uma plástica vaginal com o médico, mas não teve problemas. Os abusos teriam começado durante as consultas de revisão. O homem teria dito para ela não se preocupar porque não tinha o que "esconder" após os procedimentos.
“Ele pediu que eu me despisse para poder fazer o curativo e disse que não era necessário usar o roupão. E eu disse para ele: ‘Mas por que não usar o roupão? Eu vou sair despida?”, relatou.
O ginecologista teria ainda feito exames que deixaram a vítima assustada. “Fez um toque anal, senti dor e perguntei o porquê de estar fazendo esse toque, desde quando a cirurgia foi histerectomia e abdômen. Ele disse que tinha que fazer o exame para que pudesse verificar se estava tudo normal".
Para a TV Bahia, a mulher relatou que saiu do consultório triste, envergonhada e com sentimento de que teve a privacidade invadida. Uma semana depois, voltou para outra revisão e o médico teria feito mais um pedido para que ela não usasse o roupão.
"Ele disse que era desnecessário. Mais uma vez, ele fez outro toque retal, mas quando ele fez novamente o toque retal eu questionei: ‘Doutor, de novo?’", relatou a mulher.
A vítima disse que o ginecologista justificou que estava verificando se "estava tudo normal". “Eu disse: ‘É, mas o senhor está me machucando e eu não estou gostando”.
Quando não voltou mais para as revisões, o médico teria entrado em contato com a mulher para saber o motivo e ela abriu o jogo. "E eu disse para ele: ‘Não volto para revisão porque o senhor não teve um comportamento correto comigo”.
Para completar, a ex-paciente afirmou ainda que conversou com o companheiro sobre a situação, e, para a surpresa dela, ele não acreditou no assédio. "Ele disse para mim que se aconteceu pela segunda vez é porque eu tinha dado liberdade pra isso”.
Uma outra vítima, que é corretora de imóveis e tem 41 anos, conta que o ginecologista a examinou sem luvas com a justificativa de que estava com uma "pequena alergia" ao material do item.
"O procedimento do toque nos seios foi bem mais delicado do que o normal. Mais no formato de carinho do que de toque, apalpar. Quando ele foi fazer o exame mesmo, fez perguntas como se eu fazia sexo anal, se me masturbava", afirmou.
A ex-paciente afirmou ainda que o médico alisou uma das pernas dela enquanto perguntava se ela estava tensa, e que, ao sair do consultório, registrou uma denúncia em uma urna, no Casseb, mas nunca recebeu resposta. A mulher disse que chegou a se identificar e colocar telefone para contato, mas não adiantou.
Ao assistir a reportagem na TV Bahia, na quarta-feira (19), ela reconheceu o médico, começou a chorar e procurou a emissora. "Quando falou o nome, comecei a chorar, me tremer. Doeu em mim e veio a sensação de que realmente aconteceu e passei por aquilo. Durante 10 anos isso me perturba", lembrou.
Redação iBahia
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