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Investigação

Morte de turista na Barra completa 1 ano sem solução; o que se sabe

Júlio Cesar Moreira estava de férias com a mãe, quando desapareceu. Corpo de turista foi encontrado atrás do Cristo da Barra

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Alan Oliveira

15/10/2024 às 6:00 - há XX semanas
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A morte do turista paranaense que teve o corpo encontrado atrás do Cristo da Barra, em Salvador, completou 1 ano nesta terça-feira (15) sem solução. A principal linha de investigação da Polícia Civil (PC) é assassinato, porém há poucos indícios sobre o que aconteceu no intervalo entre o desaparecimento da vítima e a morte.


				
					Morte de turista na Barra completa 1 ano sem solução; o que se sabe
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Júlio Cesar Moreira tinha 36 anos e estava de férias em Salvador com a mãe, quando foi morto. Os dois estavam hospedados em um hotel que fica em frente ao local onde o corpo foi encontrado. A vítima saiu com a justificativa de que iria pedalar, no dia 14 de outubro, mas não voltou. O turista foi localizado morto no dia seguinte.

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Em contato com o iBahia, a delegada Zaira Pimentel, responsável pelo caso, detalhou que o celular da vítima foi levado do local, desligado e nunca mais voltou a funcionar. O fato dificulta a identificação de quem se apropriou do aparelho e da possível ligação com a morte do turista.

Durante a investigação, a polícia também cogitou que Júlio Cesar poderia ter usado aplicativos de relacionamento para marcar um encontro no ponto turístico, mas não foi localizado registro da passagem dele nas plataformas. Também não é possível definir o que houve no local, que é de difícil acesso e não tem cobertura das câmeras da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).


				
					Morte de turista na Barra completa 1 ano sem solução; o que se sabe
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Atualmente, o caso segue sem avanços, com a polícia em busca de novos dados que possam revelar a morte do turista paranaense. A investigação é acompanhada pelo Ministério Público do estado (MP-BA), que foi procurado, mas não retornou até a última atualização desta reportagem.

Até então, o que se sabe é que o pedagogo sofreu um traumatismo cranioencefálico aberto e que não foi detectada a presença de drogas na urina dele, conforme apontam laudos cadavéricos passados para o portal pela família de Júlio Cesar.

Segundo especialistas, as lesões abertas da cabeça envolvem penetração do couro cabeludo e crânio. O documento que contém os detalhes da análise mostram ainda que o traumatismo foi provocado por um instrumento contundente. No entanto, esse objeto, que pode ser uma pedra, por exemplo, não foi detalhado.

O que diz a família do turista


				
					Morte de turista na Barra completa 1 ano sem solução; o que se sabe
Morte de turista na Barra completa 1 ano sem solução; o que se sabe. Foto: Arquivo Pessoal

Do Paraná, a família segue acompanhando a investigação, como pode. Ao longo de um ano, eles nunca tiveram advogado e foram se informando sobre o caso a partir de contatos com a polícia e pela imprensa local, como detalhou o companheiro de Júlio Cesar, Guilherme Fiuza.

O paranaense tinha um relacionamento de 8 anos com o turista e costumava acompanhar ele nas viagens. No entanto, ele cumpria um compromisso com o grupo de dança que integra em outro estado e não viajou. No dia em que Júlio Cesar desapareceu, os dois tinham se falado pouco, diante das agendas agitadas.

Quando o companheiro sumiu, Guilherme foi uma das primeiras pessoas para quem a ex-sogra, Josélia Moreira, ligou. Na ocasião, na tentativa de acalmar a mãe do pedagogo, ele chegou a apontar que o marido tinha comentado que iria encontrar um amigo. Versão que chegou a ser noticiada na época, mas depois acabou corrigida.

Um ano depois, o jornalista reflete as mudanças na vida de quem também perdeu a mãe, meses antes de receber a informação da morte do companheiro.


				
					Morte de turista na Barra completa 1 ano sem solução; o que se sabe
Foto: Reprodução/Redes Sociais

"Após um ano da morte de Júlio, estou tentando me reerguer, dia após dia, pois perder um companheiro de 8 anos não é fácil, principalmente quando se trata de um relacionamento gay. A dor aumenta mais, quando a vida tira duas pessoas importantes de minha vida, como minha mãe e meu marido, em um intervalo de 6 meses. O ano de 2023 foi o mais difícil de toda minha vida. Sinto um vazio imenso da presença dele e do companheirismo que nós compartilhávamos um com o outro", disse em entrevista ao iBahia.

Para Guilherme, a inconclusão do caso é um mistério, algo que ele nunca imaginou vivenciar. A expectativa pela descoberta do que aconteceu com o turista é algo que ainda move o paranaense. Ele detalha que Júlio Cesar nunca teve o costume de pedalar, como afirmou para a mãe no dia do desaparecimento.

"Avalio como algo muito misterioso, a ponto da própria Polícia Civil não conseguir desvendar o caso até hoje. Jamais imaginei que chegaria a 1 ano sem a solução do caso. Até pensei que pudessem arquivar o caso, tendo em vista, que trata-se de um turista paranaense, o que não gera apelo para os cidadãos soteropolitanos", pontuou.


				
					Morte de turista na Barra completa 1 ano sem solução; o que se sabe
Morte de turista na Barra completa 1 ano sem solução; o que se sabe. Foto: Reprodução/Redes Sociais

Guilherme destaca ainda a dor pelo caso não ter ganhado a força que ele esperava ter sido necessária. "Espero que a Policia Civil, junto ao Ministério Público, consigam desvendar o mistério que ronda a morte do Júlio. Principalmente para a mãe dele e para mim, que, com certeza, são as pessoas que mais sofreram com a perda repentina dele, além dos irmãos e familiares mais próximos. Sinto em não ter sido citado nenhuma vez, por nenhum dos veículos de comunicação, que ele era sim casado e que vivia uma união estável com outro rapaz", afirmou.

Já Josélia Moreira diz acreditar que a morte do filho foi um acidente. Procurada pelo iBahia para falar sobre o 1º ano do caso, a mãe do turista não retornou o contato. Mas, em outra entrevista ao portal, ela revelou que a versão de que o filho sofreu um acidente a ajudou a lidar melhor com a partida dele. Ela lembra que o pedagogo parecia se despedir da família nos dias que antecederam a morte.

"Dias antes, tudo que a gente fazia juntos parecia que estava dando sinal que era pra acontecer. Ele se despedindo".

A mãe de Júlio Cesar ainda pontuou anteriormente que, apesar de se sentir mais "aliviada", a dor ainda é muito forte e a incomoda todos os dias. "Meu filho foi morar com Deus e eu estou aqui cheia de dor, de tanta saudade. Não tem um dia que eu não chore. Tudo me lembra ele. A saudade dói tanto".

Família afastada e seguro de vida


				
					Morte de turista na Barra completa 1 ano sem solução; o que se sabe
Foto: Reprodução/Redes Sociais

O marido de Júlio Cesar detalhou ao portal que houve um afastamento entre ele e a família do companheiro ao longo dos meses. O jornalista contou que a última vez que viu a ex-sogra, que costumava chamá-lo de filho, foi pouco depois do sepultamento do pedagogo.

Depois disso, o jornalista só foi procurado pelos familiares de Júlio Cesar durante a divisão de um seguro de vida que o turista tinha. Quando morreu, ele atuava em um cargo de confiança em uma rede de lojas de roupas e a família acabou recebendo um valor que foi dividido entre a mãe do paranaense e o companheiro dele.

O dinheiro ajudou a pagar as despesas do sepultamento e outras dívidas. Apesar de receber suporte no translado do corpo e no enterro, a família precisou fazer mais gastos, porque a demora até a realização da cerimônia gerou a necessidade de comprar um novo caixão e contratar os serviços funerários mais uma vez.

Vale destacar que o corpo de Júlio Cesar só chegou a Curitiba, capital do Paraná, em 18 de outubro de 2023. O enterro aconteceu no dia seguinte, em Jaguariaíva, onde a família do turista mora. Entre a localização da vítima e o sepultamento, se passaram 4 dias.

Segundo a família, o paranaense amava a Bahia e costumava passar as férias no estado. Era a terceira vez dele em Salvador. Júlio Cesar e a mãe desembarcaram na capital no dia 4 de outubro e chegaram a passar alguns dias em Morro de São Paulo, que fica na Ilha de Tinharé, em Cairu. Eles voltaram para a capital baiana exatamente no dia em que ele sumiu.

Formado em pedagogia, Júlio Cesar chegou a morar em Rio Real, a cerca de 200 km de Salvador, por 5 anos, enquanto atuava em um colégio da rede estadual de educação, conforme detalharam os familiares. Ele era o mais velho de 3 irmãos e era muito próximo da mãe. Júlio Cesar costumava planejar as férias com o companheiro. No ano passado, o casal e as mães dos dois foram para Natal (RN).


				
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Morte de turista na Barra completa 1 ano sem solução; o que se sabe. Foto: Reprodução/Redes Sociais
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