A manicure acusada de intolerância religiosa contra a ialorixá Mãe Iara D’Oxum, dentro de um salão de beleza, em Salvador, nega ter cometido o crime.
Em entrevista à TV Bahia, a mulher, que preferiu não se identificar, detalhou a versão dela nesta segunda-feira (27). O caso aconteceu na última sexta (24) e ganhou repercussão nas redes sociais no fim de semana.
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O salão de beleza fica no Salvador Norte Shopping, no bairro de São Cristóvão. A situação é apurada pela Polícia Civil (PC).
Segundo relatou a funcionária do estabelecimento comercial, a ialorixá chegou no local, aplicou um produto no cabelo, pegou a bolsa e disse para a recepcionista que iria sair.
"Quando finalizei um atendimento, ela seria a próxima. Perguntei na recepção onde estava a próxima cliente e ela não estava no salão", contou.
Nesse meio tempo, uma outra cliente chegou no salão e ela foi atender. "Fui até a senhora, recepcionei, coloquei ela sentada e disse que faria o serviço dela. Pedi licença, disse que ia no banheiro e retornaria. Quando retornei, dona Iara já estava no salão", disse a denunciada.
Ainda segundo a manicure, a ialorixá percebeu que não iria fazer as unhas naquele momento, pegou o celular, fez um gesto de que iria gravar um vídeo dela e disse a funcionária teria cometido intolerância religiosa e preconceito racial.
"Disse que por ela estar na sexta-feira vestida de branco, eu não queria atender ela, e que eu, negra, estava dando preferência a uma senhora branca", relatou.
"Me xingou, filmou, disse que não iria me processar porque eu não teria dinheiro para pagar e disse que eu era preta, suja, imunda e vários outros xingamentos", acrescentou a manicure.
Em seguida, de acordo com o que contou a manicure, apesar das acusações, Mãe Iara D’Oxum continuou no salão de beleza, onde terminou o serviço que tinha começado no cabelo. O advogado da ialorixá e dois policiais militares chegaram no local logo depois.
"Me chamaram para ouvir minha versão junto com a dela, mas não sei de onde ela tirou essa intolerância religiosa. Ela não sabe da minha religião. Tenho amigos, familiares e clientes da religião do Axé, que eu respeito, independentemente da cor", ressaltou.
Denúncia de intolerância religiosa da ialorixá
De acordo com a Polícia Civil (PC), o caso foi registrado na 12ª Delegacia Territorial (DT/Itapuã), que cobre a área, como racismo. Tanto a suspeita, quanto a ialorixá, já foram ouvidas.
Em vídeo publicado nas redes sociais, Mãe Iara relata que a funcionária do estabelecimento se recusou a atendê-la porque ela estava com vestes características do candomblé.
"Todo mundo me olhando como se eu tivesse roubado, matado. Foi horrível. Uma sensação de impotência", relatou.
Ainda segundo a líder religiosa, ela foi ao salão fazer a unha. No entanto, a manicure teria dito: "eu não faço a unha disso aí". Mãe Iara também diz ter sido chamada de macumbeira.
"Ela vira e pega a unha de uma branca na minha cara", continuou.
Por causa da denúncia, um grupo de pessoas acompanhou a Ialorixá em um protesto, na tarde do sábado (25), dentro do shopping. Todos estavam vestidos de branco.
Em nota, o shopping informou que não compactua com nenhum tipo de preconceito e que atuou para que o ato religioso fosse respeitado e transcorresse de forma pacífica.
Alan Oliveira
Alan Oliveira
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