"Era um jovem alegre e sorridente. O sorriso dele encantava todo mundo. Meu filho tinha uma vida toda pela frente e foi interrompida pela violência que tá no mundo. Mais um jovem que se vai. Não sei por que fizeram isso. Meu filho não mexia com ninguém." Esse é um trecho do desabafo de Rosângela Justiniano dos Santos, mãe do jovem Iago Justiniano, de 18 anos, que foi morto a tiros na terça-feira (27) no bairro de Itapuã, em Salvador.
Ele estava com 4 amigos na Avenida Dorival Caymmi, voltando de uma festa realizada no Alto do Coqueirinho de carro. De acordo com a Polícia Civil, o jovem foi atingido na cabeça, chegou a ser socorrido para uma unidade de saúde da região, mas não resistiu aos ferimentos.
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Em entrevista ao Bahia Meio Dia, telejornal da TV Bahia, nesta terça-feira (28), a mãe do jovem também pediu justiça pelo crime.
"Queremos que a polícia faça justiça, que possa ir no posto ver quem é o autor dessa injustiça. Não pode ficar impune, mais um jovem de cor e que se não corrermos atrás de respostas, vai ser mais um caso esquecido", pediu a mãe do jovem.
Relato do crime
O crime aconteceu minutos depois que o grupo de amigos de Iagou parou em um posto de combustível para abastecer o veículo. No local, ele e os outros rapazes começaram a conversar com algumas garotas e em seguida, outro carro se aproximou do grupo e um homem disparou três vezes contra o veículo em que o grupo estava.
Nas redes sociais, o primo de Iago contou que o caso aconteceu por volta das 2h30 da manhã. "Meu primo, Justiniano dos Santos, é um jovem sonhador, apaixonado por futebol, sempre feliz e trabalhador. Ele não tem nenhum envolvimento com drogas ou fações e é muito querido por todos aqui na Fazenda em Itinga. Recentemente, ele estava voltando de uma festa em Itapuã. [...] Eles decidiram parar no posto de gasolina, em frente a um motel, para abastecer. Enquanto estavam lá, começaram a conversar com algumas garotas que estavam no local", explicou.
Ainda segundo o primo da vítima, ao saírem do posto um homem se aproximou com uma arma laser e um dos tiros atingiu o jovem.
O caso é investigado pela Polícia Civil. Guias periciais foram expedidas e diligências são realizadas para identificar a autoria e motivação.
Despedida de Iago
O corpo de Iago será enterrado na quarta-feira (28), às 10h, no Cemitério de Areia Branca. A família da vítima organizou três ônibus para buscar amigos e outros parentes do jovem que queiram prestar a última homenagem ao rapaz.
Quem é Iago Justiniano?
Quinto de oito filhos, Iago Justiniano Santos, de 18 anos, tinha características convencionalmente associadas à juventude: alegria, espontaneidade, gosto por diversão e muitos planos. Um desses planos era voltar a morar com a mãe, Rosângela Justiniano. Outro, era voltar a estudar.
Iago, que tinha abandonado a escola por volta da 6ª série (atual sétimo anos), dividia o tempo entre os jogos de futebol e o trabalho com produção de eventos - montador de palco. Ele planejada retomar os estudos no próximo ano. A ideia era concluir o Ensino Médio.
O jovem também estava se organizando para voltar a morar com a mãe, de quem tinha se separado fisicamente aos 10 anos quando Rosângela mudou-se para Itabuna após se separar do pai de Iago. À época, o garoto optou em continuar vivendo em Salvador, sob os cuidados de uma tia. O garoto cresceu cercado por familiares, todos moradores da região de Jardim das Margaridas e Itinga.
Pessoas próximas a Iago o descrevem como um jovem alegre e tranquilo, que acumulava boas relações e evitada confusões. O jeito extrovertido e inquieto do jovem chegou a lhe render, ainda na infância, o apelido de Foguinho.
Uma das grandes paixões de Iago era o futebol, esporte que praticava desde muito pequeno. Por volta dos 6 anos de idade, entrou para o projeto social Bola no Pé, sediado no bairro Jardim das Margaridas. O projeto atende crianças do bairro, além de moradores de Itapuã e Itinga, bairro da cidade de Lauro de Freitas que faz limite com a capital.
Iago já tinha um nome consolidado no universo dos campeonatos de várzea - formado por atletas não profissionais - e era, de forma recorrente, chamado por times de bairro para participar de campeonatos, segundo familiares. No domingo (26), ele não entrou em campo, mas fez questão de acompanhar e torcer a final de um campeonato numa localidade chamada Baixinha, no bairro de Itinga.
Após o jogo, como de costume, celebrou a vitória com amigos. O domingo seguiu em festa, inclusive uma no Alto do Coqueirinho, também no bairro de Itapuã, onde o crime aconteceu.
Mayra Lopes
Mayra Lopes
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