A família de Joeilton de Jesus, que motivou o incêndio a ônibus na Avenida Suburbana, na noite de terça-feira (11), acusa policiais militares da morte do pedreiro após invadir a casa onde ele morava na localidade do Boiadeiro, em Salvador. A PM sustenta a versão de que ele não resistiu a uma troca de tiros com os agentes.
À TV Bahia, a mãe do pedreiro afirmou que o filho não tinha arma e nem envolvimento com a criminalidade. Ainda segundo os familiares, o homem estava em casa quando a situação aconteceu.
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"Só sei que meu filho estava dentro de casa, é trabalhador e deu um duro danado para fazer a casa dele. Ele estava com um orgulho danado de ter feito o cantinho para morar, por não pagar mais aluguel", contou a mulher, que preferiu não ter o nome revelado.
Ela também afirma que o filho nunca "roubou" ou "matou ninguém".
"Meu filho nunca roubou, nunca matou ninguém. Era um bom filho, fazia de tudo para fazer a filha feliz e agora a bichinha ficou sem ninguém para cuidar", lamentou.
Uma prima de Joeilton de Jesus, que também preferiu não se identificar, contou que o pedreiro tem uma filha de 4 anos, que ainda não foi avisada sobre a morte do pai.
"Não sei o que vai acontecer a partir de agora, porque deixou uma filha pequena, que nem sabe o que aconteceu. Não sabemos nem como vamos explicar a ela sobre essa tragédia", afirmou.
Versão da família
A prima diz, ainda, que Joeilton de Jesus preparava o almoço quando os policiais chegaram no imóvel e o executaram.
"Joeilton nunca colocou um pé na delegacia nem para registrar uma queixa, piorou como ladrão ou traficante. Ele sempre trabalhou como pedreiro e fez vários cursos", disse a familiar.
A prima acusa os policiais de terem implantado armas na casa da família e disseram que apreenderam no local. O irmão de Joeilton, que também não quis se identificar, ressaltou que a vítima não sabia manusear armas. Além disso, que a casa não tinha sinais de troca de tiros.
"Inclusive vizinhos contaram que ele ficou com os policiais por dez minutos e o tempo todo implorou pela vida dele. Um dos policiais tentou me coagir falando: 'É o que preto? O que você quer? O que está me olhando?", relatou.
"Eu disse que queria saber do meu irmão e ele falou: 'Seu irmão está morto. Se quiser ter notícia dele, vá no Nina, que ele está lá. Porque ele é gaiato e trocou tiros com a polícia'. Meu irmão é um rapaz amigo de todo mundo", relembrou.
O irmão de Joeilton contou que o pai do pedreiro identificou o corpo no Instituto Médico Legal (IML).
"Estão dizendo que ele era traficante de uma facção que nem comanda a área que ele morava. Meu pai disse que ele foi atingido nas costas, o que dá a entender que ele foi pego de surpresa", diz
Versão da polícia sobre morte
Já a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) defende que Joeilton de Jesus trocou tiros com equipes da Companhia de Patrulhamento Tático Móvel, chamada de "Patamo".
"Os fatos todos serão apurados. Toda vez que há uma intervenção policial, os fatos são apurados pela Corregedoria da PM", disse o representante do comando da 14ª CIPM, capitão Luiz Armando Limoeiro.
"A versão dos policiais é de que estavam fazendo incursões na localidade, se depararam com elementos armados, onde houve confronto e eles reagiram a injusta agressão. Posteriormente encontraram um indivíduo alvejado, foi conduzido para prestação de socorro e os materiais apresentados na delegacia", acrescentou.
Segundo a corporação, foram apreendidos um fuzil calibre 5,56, uma pistola calibre 380, carregadores, munições e câmeras de monitoramento durante a ação.
"Agora com essa informação da parente, nós vamos investigar o fato. Será feita a devida instauração do processo", ressaltou.
Ônibus incendiado na Avenida Suburbana
Um ônibus elétrico foi incendiado na Avenida Afrânio Peixoto, conhecida como Suburbana, na noite da última terça (11). O veículo fazia a linha Ilha de São João x Pituaçu, quando foi abordado por um grupo de suspeitos que incendiaram o veículo.
Em nota, a Secretaria de Mobilidade de Salvador (Semob) informou que o ônibus incendiado pertence à frota do governo do Estado. A Polícia Militar acredita que os criminosos agiram em represália a ação policial que terminou com a morte de Joeilton de Jesus.
Conforme relato do motorista do ônibus ao Sindicato dos Motoristas Metropolitanos (Sindimetro), o ônibus foi abordado por um grupo de homens que entraram no ônibus dizendo que a ação era motivada pela morte de um homem na região. As informações são da TV Bahia.
O motorista contou ainda que os suspeitos pegaram os celulares dos passageiros para impedir que a ação fosse filmada. Depois, eles jogaram gasolina no ônibus e incendiaram o veículo. Todos os passageiros conseguiram descer antes que o veículo queimasse.
Nathália Amorim
Nathália Amorim
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