O corpo do menino Davi Lima Silva, que ficou desaparecido por três anos e nove meses, foi sepultado na manhã deste sábado (18) no Cemitério Bosque da Paz, em Salvador, em meio à grande comoção de familiares e amigos.
"É muito difícil, porque eu tinha esperanças de encontrar meu filho vivo. Infelizmente não foi da forma que eu queria", lamentou a mãe de Davi, Lilia Lima, à TV Bahia.
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A Polícia Civil (PC) confirmou na noite de terça-feira (14) que a ossada encontrada na zona rural de Itiúba, no norte da Bahia, era de Davi. O menino de 12 anos foi visto vivo pela última vez em 28 de março de 2021, quando passava férias na casa da avó, no povoado de Varzinha das Olarias — a mesma área onde os restos mortais foram localizados.
A ossada foi descoberta em novembro do ano passado por vaqueiros que circulavam pelo povoado, uma região de difícil acesso. Antes disso, nenhuma pista sobre o paradeiro de Davi havia sido encontrada.
"A gente nasce sabendo que um dia a gente vai morrer, mas nunca estamos preparados para perder um filho. Ainda mais da forma que foi. É muito doloroso, triste e eu só peço que a justiça seja feita", contou a mãe do garoto, emocionada.
Exames periciais adicionais serão feitos para esclarecer as circunstâncias da morte de Davi. Durante todo esse tempo, os pais do menino, Lilia Lima e Edson Alves, lutaram para que o caso não fosse esquecido, enquanto a polícia afirmava que se tratava de uma "situação complexa, sem indícios de crime".
"Eu lutei 3 anos e 9 meses para encontrar meu filho e queria ter encontrado ele vivo, abraçado", afirmou Lilia Lima.
Na época, o g1 entrou em contato com a polícia, que informou que a investigação estava sob segredo de Justiça, mesma resposta dada em dezembro de 2021, em 2022, quando Davi completou um ano desaparecido, e em 2023, dois anos após sua última aparição.
Inicialmente, o desaparecimento de Davi estava sendo investigado na delegacia de Itiúba, município onde ele foi visto pela última vez. No entanto, após intensos apelos dos pais, o caso foi transferido para Salvador, onde a família residia.
A mãe de Davi relatou que, enquanto o caso estava sendo investigado no interior, houve troca de delegado e foi necessário retornar à cidade para contar as mesmas informações ao novo titular. Diante dessa situação, ela solicitou ajuda para que o inquérito fosse encaminhado à unidade policial de Salvador.
Relembre o desaparecimento
Davi Lima desapareceu no dia 28 de março de 2021, no quarto dia de uma viagem de férias com os pais, que têm parentes em Itiúba. Lilia, sua mãe, é fotógrafa e havia sido contratada para fazer um ensaio fotográfico de um casal no município.
Ela deixou o filho com uma irmã e retornou em menos de duas horas, mas, ao voltar, Davi já havia desaparecido. Imediatamente, os pais, vizinhos e familiares iniciaram as buscas. Lilia e Edson procuraram incansavelmente em uma área de mata, mas não conseguiram encontrá-lo.
Uma equipe do Corpo de Bombeiros, junto com cães farejadores e helicópteros, foi acionada para ajudar nas buscas. No entanto, a única pista encontrada foi uma sandália que Davi usava. Os bombeiros, contudo, suspeitaram que o calçado havia sido colocado no local, pois várias pessoas haviam passado pela área antes e não o viram, além de os cães terem ido até a sandália e retornado, indicando que o cheiro de Davi não seguia adiante, para a mata.
"Os cães chegaram a farejar, mas foi só em um determinado local. Então eles descartaram a possibilidade dele ter subido a serra descalço", disse Lilia em entrevista ao g1, no ano de 2022.
"Todo mundo achou que ele tinha subido a serra e foi para lá, mas a sandália foi plantada porque passaram de seis horas até meia-noite e não estava lá. Passei várias vezes e ninguém encontrou a sandália, mas meia-noite apareceu do nada, como se fosse mágica. Então é alguém que sabe o que houve e colocou a sandália ali", complementou.
No dia 7 de março do ano passado, a Polícia Civil da Bahia e o Departamento de Polícia Técnica realizaram a reprodução simulada dos eventos que ocorreram no dia do desaparecimento de Davi. A ação, conhecida como reconstituição, foi realizada no povoado de Varzinha.
De acordo com informações divulgadas pela 19ª Coordenadoria de Polícia do Interior, com sede em Senhor do Bonfim, no norte da Bahia, a reconstituição contou com a participação de 36 policiais, incluindo peritos, delegados, investigadores e escrivães.
O objetivo da ação foi recriar os eventos relacionados ao desaparecimento de Davi, com o intuito de esclarecer a dinâmica do ocorrido e ajudar na conclusão do inquérito. No entanto, os resultados dessa reconstituição não foram divulgados.
Lilia, mãe de Davi, relatou que os investigadores sugeriram que o garoto tenha sido sequestrado em um trecho de menos de 300 metros, entre a casa da irmã e a da mãe dela. No entanto, essa informação causou estranhamento na família, pois ninguém testemunhou Davi passando por esse trajeto.
"O incrível é que têm pessoas que estavam ali perto. Só um senhor que falou que viu ele no fundo da casa dele, mas depois entrou e não viu para onde ele foi", contou a fotógrafa, há quase três anos.
De acordo com a tia do garoto, no dia do desaparecimento, ele estava muito agitado e com pressa de retornar para a casa da avó, contudo, não chegou ao destino.
Naiana Ribeiro
Naiana Ribeiro
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