A viúva de Perseu Almeida, médico morto a tiros em ataque no Rio de Janeiro, relembrou as últimas trocas de mensagem com o marido antes do crime na última quinta-feira (5). Em entrevista para o Fantástico, exibida na noite de domingo (8), Verônica Almeida falou também sobre casamento de 5 anos com o ortopedista.
"Não dá pra rebobinar, apagar. A gente vai ter que conviver com esse engano, com essa bala que foi direcionada errada para sempre", lamentou Verônica.
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Perseu Almeida foi um dos três médicos mortos em um quiosque na Barra da Tijuca. O grupo estava na cidade carioca para participar de um congresso. O crime aconteceu em frente ao hotel onde os médicos estavam hospedados. De acordo com as investigações, o baiano foi confundido com o filho de um miliciano, que morava na mesma região.
Verônica Almeida contou que poucas horas antes do crime, o marido mostrou para ela fotos do hotel e também no quiosque, já com os amigos, Marcos de Andrade Corsato e Diego Ralf de Souza, que também morreram, e Daniel Proença, o único sobrevivente.
"Ele tava feliz que ele tava encontrando os amigos que ele conheceu na residência, na especialidade", contou.
O amigo de Perseu e também médico, Wanderley Farias Jr, contou que o ortopedista baiana não mediu esforços para participar do congresso.
"Na quinta-feira e na sexta-feira os plantões eram dele. E daí ele me avisou, me informou do congresso e pediu para eu fazer. Eu disse 'sem problemas, irmão, você vai em busca do seu conhecimento, da sua atualização'", relembrou o amigo.
Na semana em que foi morto, dois dias antes, na terça-feira (3), Perseu Almeida fez aniversário de 33 anos. No dia, ele cumpriu a agenda de médico. Fez uma cirurgia e em seguida foi para casa, onde celebrou a data com a família.
No dia seguinte, na quarta-feira (4), ele viajou para o Rio de Janeiro para participar do congresso. No hotel onde o evento aconteceria, Perseu encontrou os outros três amigos, os médicos, Marcos de Andrade Corsato, Diego Ralf de Souza e Daniel Proença.
Perseu Almeida morava em Jequié, e fazia atendimentos em no município e também na cidade de Ipiaú, em clínicas particulares e hospitais públicas. Em ambas as cidades, pacientes e moradores sentiram a perda do médico, conhecido por todos e também pela sua família.
O ortopedista se preparava para assumir a clínica do pai, que faleceu em um acidente de carro dez anos atrás, quando Perseu ainda cursava medicina em Salvador. O médico resolveu manter o legado da família. Especializou-se em São Paulo, mas retornou para a cidade natal. em Ipiaú.
"A gente perdeu nosso pai, ele foi nosso pilar. Ele foi a nossa força, pra nossa mãe, sempre aquele homem dedicado, que ia atrás do que ele queria", lamentou a irmã Priscila Almeida.
"Ele preferiu retornar e continuar o legado que meu pai deixou", disse a irmã Laís Almeida.
Perseu Almeida deixou esposa e dois filhos. Verônica Almeida relembra as facetas do ortopedista, que além de médico amado por onde passou, também era um pai.
"Eu posso falar para minha filha que o pai dela foi maravilhoso. E várias lembranças ela vai ter dele, ela sabe que ele era maravilhoso. Porque o Peu, o Perseu, era um bobo quando falava sobre a filha", disse Verônica.
Enterro
Perseu Almeida foi sepultado na cidade de Ipiaú, no sul da Bahia. A cerimônia e o velório, que começou ainda na noite de sexta-feira (6) com a chegada do corpo ao município, foram marcados por muita comoção.
A população parou para a despedida, que contou com um cortejo pelas principais ruas da cidade, que ficaram com comércios fechados em luto e protesto por paz. A cerimônia reuniu centenas de familiares, amigos e pacientes do médico.
Perseu Almeida tinha 33 anos e administrava uma clínica na cidade, que herdou do pai, morto em 2013 em um acidente de carro. O médico estava prestes a expandir o negócio e realizar um sonho que também recebeu de herança, abrindo mais uma clínica.
O crime
Os quatro médicos bebiam em um quiosque, na madrugada de quinta-feira (5), quando foram mortos a tiros na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. O grupo de ortopedistas estava na cidade para um congresso internacional de ortopedia e estavam hospedados no prédio onde ocorria o evento. O bar onde os quatro ortopedistas bebiam ficava em frente ao prédio.
Após ataque, apenas o médico Daniel Sonnewend Proença sobreviveu. Segundo investigações realizadas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, Perseu teria sido confundido com o filho do miliciano Dalmir Pereira Barbosa, Taillon de Alcântara Pereira Barbosa.
Taillon, que também é miliciano, havia sido colocado em prisão domiciliar em maio de 2023 e o endereço dele também é Avenida Lúcia Costa, na praia da Barra da Tijuca, onde fica o quiosque em que Perseu e os amigos estavam.
Pelo menos quatro suspeitos participaram do crime. Dois foram encontrados mortos na madrugada de sexta-feira.
Redação iBahia
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