Um menino de 3 anos recebeu alta hospitalar após passar por uma cirurgia inédita na Bahia para tratar a osteogênese imperfeita, mais conhecida como doença dos “ossos de vidro“. O procedimento foi realizado no Hospital Ortopédico do Estado, em Salvador, através do Sistema Único de Saúde (SUS).
No último dia 19, o pequeno Valentin Dória, morador de Camaçari, passou por seis horas de cirurgia na capital baiana. Diagnosticado com a doença genética rara, o paciente enfrentava dificuldades para sentar e andar por conta da sua condição óssea. “Meu filho já teve 7 fraturas seguidas. Lembro de um Natal em que o vi quebrar a perna brincando. Foi um momento de muito desespero”, afirmou o pai, Alex Dória, em entrevista para a TV Bahia.
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O tratamento realizado visa conter o avanço da doença, sendo implantado uma haste de titânio em cada fêmur para que a estrutura óssea seja separada e as pernas não fiquem tortas. Trata-se de uma cirurgia pioneira no SUS e um marco para a medicina ortopédica da Bahia.
“A partir do momento em que ele vai crescendo, a haste cresce junto com o osso. Isso permite que ele tenha todo o desenvolvimento possível”, explicou o médico Roger Alencar, diretor geral do hospital.
Procedimento marca um avanço significativo para tratamentos ortopédicos realizados pelo SUS
A cirurgia de Valentin não só representa um avanço médico, mas também um marco de esperança e superação para o tratamento de algumas doenças raras pelo SUS. De acordo com o Ministério da Saúde, no último ano foram registradas pouco mais de 1.100 internações devido à osteogênese imperfeita. Nos primeiros quatro meses deste ano, houve 425 internações.
O diagnóstico para a doença ocorre ainda na infância, com sinais típicos como fraturas por traumas leves, escleróticas azuladas e baixa estatura. A ultrassonografia pré-natal identifica a doença apenas em casos graves, quando o feto já apresenta fraturas.
A importância do acompanhamento e do diagnóstico precoce está na possibilidade de adotar cuidados no ambiente doméstico e social. "É importante que as pessoas com quem ele convive saibam desse problema, justamente para evitar impactos. O ambiente domiciliar precisa estar preparado para isso e todos os processos devem ser feitos com cautela, para evitar que ele tenha novas fraturas e consiga se desenvolver o mais próximo da normalidade", destaca a médica Gabriela Pinto, pediatra do Hospital Ortopédico da Bahia, em entrevista a TV Bahia.
Santiago Neto
Santiago Neto
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