Apesar do início chuvoso, muito calor e pouca chuva estão previstos para os próximos dias de novembro. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta para uma onde de calor que irá atingir 1.413 cidades, de 8 estados brasileiros, nesta terça-feira (14).
Ainda segundo o Inmet, as temperaturas nos estados da Bahia, Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Pará, Paraná, Rondônia e Tocantins ficarão cinco graus acima da média nos próximos dias e podem representar risco a saúde.
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Em outubro, a Bahia registrou as temperaturas mais altas nos últimos 40 anos e as regiões Oeste e do Vale do São Francisco foram fortemente afetadas pelo período de seca. Esta nova onda de calor, que chega hoje, irá atingir o Centro-Norte da Bahia e, mais uma vez, a região do Vale do São Francisco. Diante disso, a saúde da população do estado pode sofrer ainda mais com os efeitos do clima.
Segundo Ismael Silveira, doutor em Saúde Coletiva e professor do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA), as ondas de calor têm um impacto direto na saúde da população das regiões atingidas. Além da indisposição, do acúmulo de estresse e problemas no sono, uma série de doenças são potencializadas pelos dias de onda de calor.
"Diversos estudos epidemiológicos mostram um aumento da ocorrência de diversas doenças cardiovasculares, respiratórias e renais em dias de onda de calor.[Isso] inclui a [possibilidade] de mortalidade por essas doenças", pontua o especialista.
Pessoas que possuem alguma comorbidade ou condição crônica relacionada ao sistema cardiovascular como diabetes, hipertensão, obesidade, condições respiratórias ou fazem o uso de algum remédio estão ainda mais vulneráveis aos efeitos da exposição e das condições climáticas extremas.
Esse cenário se torna ainda mais preocupante diante do aumento na recorrência da mudança do clima. Segundo Ismael, estudos realizados desde o período pré-industrial apontam para o aumento sucessivo da temperatura. Diante disso, há influência do aquecimento global na reincidência desse fenômeno.
"As observações metereológicas [demostram] que a temperatura do globo terrestre tem estado sucessivamente mais quente. Já faz um tempo que essa temperatura tem apresentado anomalias, [como] aumentos acima de um grau em relação ao período de referência, que é o pré-industrial. Isso significa que, apesar de ter esse aumento na média, algumas regiões tem mostrado elevações que pode superar isso em muito", afirma o especialista.
Ainda segundo o doutor em Saúde Coletiva, as regiões tropicais, como é o caso do Brasil, têm apresentado um aumento na intensidade das ondas de calor. Em outra palavras, elas estão mais quentes e mais frequentes.
El Ñino
A influência do El Ñino tem contribuído para a ocorrência desses fenômenos. Para Ismael, ele não é a única justificativa para isso.
"A gente não pode atribuir isso apenas ao El Ñino. Todos os anos tem se registrado um aumento na temperatura global, assim como um aumento na ocorrência desses eventos [climáticos]. A cada ano eles estão mais frequentes e mais intensos", pontua o especialista.
A perda dos espaços verdes, aumento populacional, a maior quantidade de veículos e prédios em grandes cidades contribuem para a formação de ilhas de calor, fenômeno ligado as Ondas de Calor.
"Esse fenômeno [as ilhas de calor] expõe as populações, especialmente das cidades, a uma maior quantidade de calor", enfatiza Ismael.
Cuidados
Idosos, crianças e pessoas com comorbidades estão ainda mais vulneráveis aos efeitos das ondas de calor. Entretanto, a população, como um todo, deve tomar alguns cuidados de saúde. Confira abaixo as indicações dos especialistas:
- Manter-se hidratado. O suor constante leva à perda de substâncias que são importantes para o corpo humano, como sais e eletrólitos, podendo causar problemas renais.
- Evitar a exposição ao sol nos horários mais quentes. O calor interno aumenta a vasodilatação, diminuindo ainda mais a pressão. Por isso, as pessoas com pressão baixa podem sentir tonturas e até desmaiar.
- Evitar o consumo de bebidas alcoólicas, uma vez que elas inibem a produção do hormônio antidiurético e ajudam na desidratação.
*Sob supervisão da editora Mayra Lopes
Iamany Santos
Iamany Santos
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