Vícios são um conjunto de dependências compulsivas que derivam de diversos gatilhos. Muitas substâncias atuam no disparo da dependência, bastando a simples quebra do equilíbrio em mecanismos de recompensas.
Quando a dependência se estabelece, a recuperação é sempre um grande desafio relacionado ao potencial de impacto da substância no organismo.
Quanto maior o grau de euforia provocado pela droga, e quanto mais rápido este efeito se dá, maior é o potencial viciante e de estabelecimento de dependência deste veneno.
Estas substâncias são verdadeiros venenos, e existe a sabedoria popular, que não erra e nem exagera, quando afirma que a diferença entre droga e veneno, está na dose.
Vícios em sexo e pornografia
Vícios não se relacionam apenas com drogas e substâncias, pois costumes também podem se tornar viciantes e estabelecerem alguma forma de dependência.
Um dos mais modernos vícios e que ganha cada vez mais adeptos (vítimas) e pesquisadores, é o vício em sexo e pornografia.
O sexo é um dos mais poderosos e primitivos instintos e muito da atividade humana está relacionada de forma direta ou indireta à sexualidade.
A evolução da tecnologia colocou o sexo ao alcance de forma muito mais fácil, através das conexões da internet, que ligam pessoas de forma instantânea em qualquer parte do mundo com recursos completos, menos o contato físico, o que pode ser compensado por recursos de interatividade cada vez mais avançados.
Verdadeiros encontros virtuais, na forma de vídeos de alta definição, com som de qualidade, em tempo real, fazem com que as pessoas interajam intimamente apenas sem o contato físico, promovendo verdadeiras sessões de sexo virtual em todas as escalas.
A classificação da pornografia como integrante do clube dos vícios:
Existem muitas controvérsias entre definir ou não a pornografia como parte integrante do grupo dos vícios.
O Dicionário de Saúde Mental (DSM-5) classifica como distúrbio, mais associado a distúrbio comportamental.
Por outro lado, a American Society of Addiction Medicine (ASAM) publicou que a pornografia e o sexo virtual estão sim, classificados na condição de vícios, a partir da definição da expressão vício, do ponto de vista científico, que determina que qualquer busca patológica por recurso externo para o sistema de recompensas, mesmo as que não envolvam substâncias químicas ou físicas, pode ser considerado na categoria dos vícios.
Pornografia e sexo virtual são, portanto, elementos viciantes associados à compulsão e assim precisam ser tratados.
Estimativas apontam que até 10% da população mundial possui algum nível de vício e dependência de recursos externos para encontrar a satisfação sexual.
Vícios em tecnologia
Vícios em tecnologia já são mais complexos de dimensionar e definir, pois ainda é muito confuso o ambiente onde trafegam as novas tecnologias, em dividir o que é exagero, o que é necessário e o que é cotidiano.
É preciso entender o que é causa e o que é consequência.
Um empresário com muitos negócios, altamente conectado, que vive cheio de gadgets, smartphones, notebooks, tablets, conexões de todos os tipos, sempre olhando páginas, relatórios, participando de reuniões virtuais, mandando mensagens, analisando toda a espécie de dados, não necessariamente, está fazendo aquilo por vontade própria, apenas como consequência de sua posição no mundo.
O vício está relacionado aqueles indivíduos que, mesmo sem uma atividade objetiva ligada diretamente à tecnologia, não consegue se desprender do mundo virtual e de tudo o que ele proporciona.
Cada vez mais cedo as crianças começam a ter contato com os smartphones e os tablets, jogando, executando tarefas conectadas, interagindo em família, assistindo vídeos e programas de seu interesse.
É cada vez mais difícil imaginar a infância longe dos aparelhos de conexão tecnológica.
Isto acelera a dependência e evolui para a compulsão mais rapidamente e de forma muito mais enraizada, o que estabelece a tecnologia como parte da categoria dos vícios.
Vícios em jogos
Vícios atuam no sistema de recompensas e os casos mais ligados a problemas de autoestima e autoafirmação, encontram uma válvula de escape poderosa no mundo dos jogos, pois afinal de contas, o que pode dar maior satisfação a alguém com problemas de autoestima e afirmação, que uma boa e velha vitória?
É aí que os jogos de todos os tipos entram para a categoria de maiores vícios existentes.
Aliás, as estatísticas dos maiores cassinos do mundo atestam que, na média, os vencedores nunca superam 5% de todas as operações realizadas.
Somente 5% das pessoas vencem em apostas nos jogos de azar, e invariavelmente, a distribuição dos vencedores não é democrática.
O vício em jogos, que podem ser de azar, eletrônicos ou de qualquer tipo, é classificado como doença pela OMS e sua Classificação Internacional de Doenças atende pelo código 11.
Para ser entendido como um vício, o costume tem que interferir na realização de hábitos cotidianos do indivíduo, como higiene pessoal, alimentação, trabalho ou estudos, além de vida social e relacionamentos de todos os tipos.
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Quando a pessoa passa a jogar indiscriminadamente, sem se importar com as consequências e danos, e não consegue parar, com sinais evidentes de compulsão, esta pessoa entrou para o mundo dos vícios.
Uma batalha com uma vitória possível
Todo e qualquer sucesso de cura, em qualquer circunstância, está associado, fundamentalmente, ao potencial de motivação e força de vontade apresentado pelo interessado, sua quantidade de esforço, dedicação e disciplina, pois absolutamente nada funciona sem que a vontade de transformação parta de quem precisa desta mudança.
Drogas e substâncias externas podem evoluir para tratamentos multidisciplinares, que envolvem medicamentos, psicoterapias, até internações, que podem ser voluntárias ou involuntárias, tudo dependendo do estágio em que o indivíduo se encontra.
Vícios não são imbatíveis, pois o mundo evolui e a ciência também, e cada vez mais recursos, tecnologias e alternativas se somam na batalha dura que a humanidade enfrenta contra esta ramificação do mal na sociedade.
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Redação iBahia
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