Você já ouviu falar sobre a dieta vertical? O método foi criado para atletas de alto esforço e se apresenta como um objeto de interesse de praticantes de crossfit, por exemplo. Mas ela pode trazer riscos para saúde, como provocar um grande desequilíbrio nutricional. É o que explicam as nutricionistas Tâmara Ferreira e Queila Duque.
As especialistas contaram ao iBahia que a dieta foi uma criação do fisiculturista estadunidense Stan Efferding, conhecido como "o rinoceronte branco", atleta detentor de alguns recordes de levantamento de peso. A dieta vertical foi uma maneira criada por ele para ganhar mais massa muscular e resistência física e, dessa maneira, poder competir em um nível mais alto.
A pirâmide alimentar dessa dieta é no formato de uma letra "T" invertida. Isso significa que diversos alimentos ricos em vitaminas e minerais (leite, ovos, peixes, frutas, folhas escuras, cenoura, feijões) são consumidos em pequenas quantidades, enquanto outros dois aparecem em grandes quantidades e são a base dessa alimentação. São eles a carne vermelha e o arroz branco.
E é aí que mora o perigo. Apesar de explicar que a combinação dos dois aumentará a massa muscular e dará energia (porque o arroz é um alimento de fácil digestão), Tâmara alerta que os alimentos não são saudáveis. "O consumo de arroz branco em excesso contribui para aumentar a resistência a insulina (que controla o nível de açúcar no sangue), para diabetes e problemas cardíacos, além de aumentar a gordura corporal e abdominal, ou seja, a pessoa engorda. Já a carne vermelha pode contribuir para o surgimento de um câncer de intestino, para aumentar a inflamação do seu corpo, o ganho de peso, de acido úrico e de distúrbios metabólicos", explica.
Queila segue a mesma linha de Tâmara, e enxerga uma controvérsia no método. "É uma dieta que fala de não se consumir açúcar, mas tem como uma das bases o arroz branco, que é 'açúcar puro'. Eu costumo dizer que arroz branco é uma 'comida morta', pois não tem nenhum tipo de valor nutricional para o nosso corpo", enfatiza.
O "T invertido"
Além dabase da dieta, as especialistas indicam outro problema no formato dela, o "T invertido". "Como uma dieta de base invertida, ela prioriza os micronutrientes, e não os macronutrientes, que são aqueles essenciais para o nosso corpo, como carboidratos, gorduras e proteínas", diz Queila.
O formato da dieta faz também com que a distribuição dos nutrientes no T seja desigual. "Não há um consumo equilibrado dos alimentos, porque alguns deles são priorizados, enquanto há um baixo consumo de outros que trazem muitos benefícios para a saúde", explica Tâmara.
A dieta pode ser indicada para alguém?
Atletas como Efferding podem ter tido algum tipo de resultado com a dieta vertical, mas, segundo Tâmara, esses resultados podem sumir a médio ou longo prazo. "Se a pessoa ficar muito tempo em uma dieta, o corpo se acostuma e chega em um platô. Por isso, é preciso um ciclo de estratégias nutricionais para otimizar o resultado de uma dieta", afirma. Por isso, a dieta precisaria ser revista para uma possível indicação. "Ela pode até ser usada por fisiculturistas ou levantadores de peso, mas precisa ser orientada por um especialista para evitar danos sérios ao corpo", opina.
Queila ressalta que dietas devem ser sempre aconselhadas por nutricionistas e, por isso, ela não indica a dieta vertical. "Um fisiculturista é um atleta, e atleta por si só não é sinônimo de saúde", diz, para completar. "Até que ponto vale a pena colocar o seu corpo para fazer algo que fisiologicamente não é o ideal? Cada pessoa tem sua necessidade e ela deve ser descoberta individualmente", conclui.
Fontes:
Tâmara Ferreira, nutricionista clinica e esportiva - CRN-2085
Queila Duque, nutricionista - CRN-5 2676
*Sob supervisão da repórter Lívia Oliveira
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Redação iBahia
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