Uma nova pesquisa do médico britânico Roy Levin, publicada na revista Clinical Anatom y, aponta que, para além de sua função sexual de dar prazer à mulher, o clitóris tem também uma função reprodutiva . Segundo o estudo, a estimulação do órgão durante a relação sexual ativa o cérebro para gerar uma série de alterações no trato reprodutivo feminino. Essas mudanças ajudam o corpo da mulher a receber e processar espermatozóides e possivelmente ter um óvulo fertilizado.
Uma das principais alterações acontece na posição do colo do útero, mas a estimulação do clitóris também melhora o fluxo sanguíneo na região, evita dores durante a penetração e, ainda, aumenta a lubrificação, a temperatura vaginal e os níveis de oxigênio. Levin analisou mais de 15 estudos sobre o assunto e afirma que "a reavaliação das funções do clitóris, tanto reprodutivas quanto recreativas, é muito importante e inevitável a partir de agora".
Para o especialista em reprodução humana assistida Paulo Gallo, a descoberta não chega a ser uma mudança de paradigma porque a função do clitóris na reprodução é indireta, mas ele acredita que sua estimulação facilita a excitação e, com isso, pode aumentar as chances de gravidez.
"O clitóris aumenta a excitação e o prazer, causa vasodilatação, e vai fazer com que o sexo seja mais prazeroso e aumente a lubrificação vaginal e do colo do útero. Com isso, é facilitada a subida do espermatozóide e a capacitação deste também. De forma que um número maior de espermatozoides capacitados possam chegar às trompas e estimular o óvulo para ocorrer a fertilização", explica o médico.
Ele reforça que não é essencial o orgasmo ou a estimulação do clitóris para a gravidez, mas que eles podem ajudar nas chances de fertilização por conta dessas alterações que acontecem no corpo feminino. Para o médico, a descoberta não impacta na reprodução assistida: "Na gravidez por reprodução assistida, seja inseminação intrauterina ou fertilização in vitro, a excitação não está presente. É um procedimento médico, em que não há necessidade de excitação sexual", diz.
Em seu artigo, Levin questiona também as culturas que praticam mutilação genital feminina, com a retirada do clitóris. A prática, concentrada principalmente em alguns países da África e do Oriente Médio, atinge cerca de 200 milhões de mulheres, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Para Levin, além dos traumas físicos e mentais e a disfunção sexual que a mutilação pode gerar, ela também pode ter consequências na reprodução.
Paulo Gallo ressalta que não há estudos que comprovem uma taxa menor de gravidez nessas regiões relaciona à prática, mas acredita que ela causa disfunções sexuais importantes: " Nestas culturas, o bem-estar sexual feminino geralmente não é valorizado", comenta.
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Redação iBahia
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