O câncer é a principal causa de morte por doença no Brasil entre adolescentes e adultos jovens — de 15 a 29 anos. No ranking geral, fica atrás apenas das "causas externas", como são classificados os acidentes e as mortes violentas. A conclusão é de uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) e pelo Ministério da Saúde. O estudo mostra que, entre 2009 e 2013, morreram 17,5 mil pessoas com a doença nessa faixa etária, conforme adiantou nesta sexta a Coluna do Ancelmo Gois, do GLOBO.
A pesquisa destaca, ainda, que o tipo de tumor mais frequente para esses jovens é o carcinoma, que ocorreu em 34% das vezes. E, embora essa forma de câncer possa ocorrer em várias partes do corpo, como na tireoide e na mama, ela é mais comumente encontrada no colo do útero.
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O grande vilão que provoca o câncer do colo do útero é o vírus do papiloma humano (HPV), transmitido principalmente por relação sexual. Ele pode ser evitado com vacina, que hoje já é disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS). Meninas de 9 a 14 anos devem tomar duas doses com intervalo de seis meses, e, desde janeiro deste ano, meninos de 12 e 13 anos também podem se vacinar. O número de doses e o intervalo é o mesmo do das meninas.
Estudos comprovam que, além de a vacina ser eficiente para afastar a ameaça do câncer do colo do útero para as meninas e mulheres, ela protege contra câncer de pênis, garganta, ânus e verrugas genitais em homens. A faixa etária dos meninos que podem receber a vacina será ampliada gradualmente até 2020, quando ela estará disponível para meninos de 9 a 13 anos.
Hoje, o esquema vacinal já inclui mulheres e homens com HIV, entre 9 e 26 anos. Para eles, a vacina é ministrada em três doses com intervalos de dois e seis meses.
Carcioma, linfoma e tumores de pele
De acordo com a pesquisa realizada pelo Inca, as regiões do corpo em que o carcinoma é mais frequente em adolescentes e adultos jovens são, em ordem, o trato geniturinário — o mais comum sendo o colo do útero —, tireoide, mama e cabeça e pescoço. E, além do carcinoma ser responsável por 34% dos casos de câncer entre os jovens, o linfoma também ganha destaque, com 12%, e os tumores de pele, com 9%.
O objetivo do Inca é que o estudo, detalhado em 412 páginas, sirva como balizador para o planejamento e para a gestão de ações e políticas de saúde pública voltadas para a faixa etária de 15 a 29 anos.
Para uma das autoras do estudo, Beatriz Camargo, a educação sexual dos jovens é a maior aliada na prevenção dos cânceres que têm ligação direta com a infecção por HPV. E, segundo ela, embora a incidência de câncer entre jovens seja bem menor do que a verificada entre pessoas com mais de 30 anos, é fundamental a população se manter atenta às doenças que acometem essa faixa etária.
"O câncer em crianças, adolescentes e adultos jovens é considerado uma doença rara, mas existe e é a principal causa de morte por doença neste grupo etário. Ele em geral é curável, mas é preciso ter conhecimento de que ele existe e fazer o diagnóstico corretamente", afirma ela, que é doutora pesquisadora do Inca.
O trabalho do Inca indica que a taxa média de mortalidade por câncer ajustada de adolescentes e adultos jovens foi de 67 por 1 milhão, no período de 2009 a 2013. Uma boa notícia da publicação é que essa taxa está estável. De 1979 a 2013, a variação das taxas de mortalidade nesta faixa etária foi de apenas 0,3%, o que, do ponto de vista estatístico, significa estabilidade.
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Redação iBahia
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