Jovens mulheres estão pulando refeições e reduzindo drasticamente a ingestão de calorias dos alimentos, deixando para ingeri-las como álcool. Esse comportamento é conhecido coloquialmente como “drunkorexia”, mas ainda não é um distúrbio alimentar clinicamente reconhecido, apesar de imitar tendências anoréxicas.
Embora ocorra em ambos os sexos, prevalece em mulheres jovens. Um estudo divulgado no ano passado na revista “Australian Psychologist” revelou que quase 60% das estudantes de graduação em países ricos exibem tendências “drunkoréxicas”.
O álcool é demonizado pela indústria da dieta por seus conteúdos caloríficos. Segundo a revista “Drinkaware”, um copo de cerveja com 400ml, em média, tem 197 calorias, o equivalente a uma fatia de pizza, enquanto uma taça de vinho pode conter tantas calorias quanto um sorvete.
— Eu costumava pular refeições na universidade para não ficar inchada à noite — explica uma mulher de 23 anos que não quis se identificar e agora é uma personal trainer. — Definitivamente é (uma prática) comum, muitos dos meus clientes me perguntam se deveriam perder o jantar para compensar o que planejam beber.
Para a blogueira britânica Ellie McKinnell, a “drunkorexia” é resultado da pressão sobre as mulheres jovens quanto ao consumo de álcool e sua imagem corporal. — Se você janta fora de casa ou vai a um bar, espera-se que você beba — conta. — O álcool contém muitas calorias vazias, mas ainda assim existe a expectativa de que sejamos magras.
A troca da comida pela bebida, porém, não afeta apenas as jovens. Segundo a nutricionista Rhiannon Lambert, especialista em transtornos alimentares, este comportamento é sistêmico na cultura contemporânea e, muitas vezes, está relacionado a uma dieta ioiô, onde a perda de peso é logo seguida por sua retomada.
Para Lambert, as dietas restritivas, muitas vezes baseadas na contagem de calorias, são parcialmente responsáveis pela “drunkorexia”. Como não se trata de uma enfermidade reconhecida pela medicina, ainda não existe uma definição oficial sobre este fenômeno.
Além de pular refeições antes de beber, os sintomas podem incluir compulsão alimentar durante a bebedeira e posteriormente adotar práticas para “livrar” o corpo das calorias adicionais. A nutricionista revela que já lidou com pacientes anoréxicos que exibiram tendência de abuso de álcool. Esta combinação pode ser “extremamente perigosa” para a saúde mental e física.
— Essas situações devem envolver o atendimento hospitalar e uma equipe de profissionais de saúde para apoio do doente paciente — recomenda. — Quem tem essa mentalidade de restrição e compulsão alimentar deve procurar ajuda. Assessora médica da Drinkaware, Sarah Davis alerta que beber com o estômago vazio não é saudável:
— Morrer de fome para beber em excesso em um curto período de tempo pode causar intoxicação aguda por álcool, levando a confusão, vômitos e desmaios. O paciente pode colocar-se em risco de danos crônicos à saúde, como doenças hepáticas e cardíacas, que se manifestam a longo prazo. Também é mais provável que você fique sem vitaminas e minerais vitais se cortar a ingestão de alimentos, já que o álcool não tem valor nutricional.
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Redação iBahia
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