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Polêmica

'Homem nunca vai ser mulher', diz Pastor Isidório após acusação de transfobia

Em entrevista ao iBahia, deputado federal se defendeu, mas reforçou fala anterior com novos posicionamentos sobre Erika Hilton e casamento igualitário

Alan Oliveira • 20/09/2023 às 18:31 - há XX semanas

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					'Homem nunca vai ser mulher', diz Pastor Isidório após acusação de transfobia
Foto: Reprodução / Redes sociais

O deputado federal Pastor Isidório (Avante-BA) se pronunciou pela primeira vez nesta quarta-feira (20) sobre as acusações de transfobia contra a também deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). Em entrevista ao iBahia, ele se defendeu alegando que houve uma confusão ao tratar a colega no masculino, mas, em seguida, reforçou o posicionamento anterior com novas falas sobre ela e o casamento igualitário.

A situação aconteceu na terça-feira (19), durante uma reunião da Comissão de Previdência e Família da Câmara dos Deputados, que analisava um projeto de lei para proibir o reconhecimento do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Além de citar questões religiosas, Pastor Isidório (Avante-BA) chamou Erika, que é uma mulher trans, de "amigo". Na ocasião, outras deputadas a defenderam. A votação foi adiada, porém a situação viralizou nas redes sociais. [Assista abaixo]

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Ao iBahia, o deputado alegou que muitas pessoas estavam falando ao mesmo tempo, citando também os manifestantes que acompanhavam a discussão do projeto, e que iria falar "amigos" no momento em que aconteceu a situação, se referindo a todos presentes. "Não era só essa pessoa que estava brigando. Tinha muita gente ali. E, quando chamou a bíblia de objeto... a gente estava sendo agredido dentro da nossa fé.... então, eu disse: 'Amigo'. Mas, na verdade, não era nem amigo e nem amiga, era amigos".

Além de citar a suposta intolerância religiosa, Pastor Isidório diz ainda que se sentiu perseguido por Erika, que teria o confrontado diretamente pelo menos duas vezes ao decorrer da sessão. "Essa pessoa, que hoje se acha como mulher, passa por junto de mim e tentou me afrontar. Sai do lugar duas vezes, bota o dedo, depois passa por junto de mim. Sentado estava, sentado fiquei. Agora tenha paciência", disse.

Durante a entrevista, o deputado contou ainda que ficou chateado com as falas do grupo contrário ao projeto - pauta que ele defende - e tratou Erika como "pessoa que se acha mulher". "A fisionomia e as articulações da pessoa, mesmo se achando mulher, é [sic] de homem. Então, não é brinquedo. Agora respeitar, respeito todo mundo. Não sei nem porque aquele parlamentar fez isso".

"No meu íntimo, no meu coração, eu tenho que tratar como parlamentar, como excelência. Trata-se de uma pessoa. Com essa coisa de querer mudar de sexo para lá e para cá, aí a coisa fica confusa. Nós temos que aguardar a decisão. Eu respeito todo mundo que se fantasia de uma coisa ou de outra, mas o homem nunca vai ser mulher, a mulher nunca vai ser homem. Isso aí não tem jeito, pode fazer o que for. Parecer não é ser", completou.

Apesar do posicionamento, Pastor Isidório reforçou que não se considera transfóbico. "Não sou transfóbico, não sou homofóbico, eu sou servo de um Deus altíssimo".

O iBahia procurou a deputada federal Erika Hilton, por meio de assessoria, para comentar o assunto, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.

O Projeto

O texto em análise na comissão foi apresentado em 2009, antes mesmo do Supremo Tribunal Federal (STF) permitir uniões homoafetivas. A união homoafetiva não está regulamentada em lei. A base jurídica para a oficialização dessa relação é uma decisão do Supremo, de 2011.

Após dois anos, em 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) editou a resolução para obrigar a celebração de casamentos homoafetivos em cartórios. Desde a resolução do CNJ, o número de uniões homoafetivas cresceu quase quatro vezes no Brasil. Os registros saltaram de 3.700 em 2013, para quase 13 mil até 2022. A informação é do g1.

Pastor Isidório diz ser a favor da decisão do STF, porém contra a resolução que permite o casamento igualitário. "Concordo com o STF, quando o STF se preocupou com os direitos sociais, porque são vários homens que vivem com homens e várias mulheres que vivem com outras mulheres, e não podem perder direitos, porque são CPFs, são vidas e importam. Isso aí é uma coisa. A gente tem que entender que a Constituição reconhece família de homem mais mulher, até esse momento. Nós precisamos avançar nessa discussão com a sociedade", contou.

"Eu não posso ser chamado de delirante, receber desrespeito. Esse debate tem que ser sério e eu não posso abrir mão da defesa biológica, genética, da família", completou.

Votação

O debate sobre o projeto de lei será retomado na próxima terça (26). Já na quarta (27), o assunto será votado com o compromisso de parlamentares de esquerda em não obstruir a discussão. Na prática, este é o segundo adiamento da votação da proposta feita pelo deputado Pastor Eurico (PL-PE).

No parecer, Pastor Eurico analisou nove projetos sobre o tema que tramitam em conjunto na Câmara. O principal tema apresentado pelo então deputado Clodovil Hernandes (PTC-SP), estabelecia a possibilidade de celebração de casamentos homoafetivos. No entanto, o parlamentar rejeitou o texto e outros sete. Somente a proposta que veta o reconhecimento desse tipo de união recebeu o aval do relator.

A proposta adiciona um parágrafo ao artigo do Código Civil que elenca impedimentos para celebração de casamentos e uniões estáveis. De acordo com o projeto, relações entre as pessoas do mesmo sexo não poderão ser equipadas:

  • ao casamento
  • à entidade familiar

Eurico justificou a acolhimento da proposta baseado em teses religiosas e chegou a afirmar que a união entre pessoas do mesmo sexo é "contrário à verdade do ser humano".

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