O corpo de Haziel Martins Costa, de 19 anos, um dos jovens baleados pelo policial militar Marlon da Silva Oliveira, foi sepultado no domingo (29). A cerimônia aconteceu no Cemitério Bosque da Paz, em Salvador, após a vítima ficar 27 dias internada. O jovem faleceu na última quinta-feira (26).
"É uma dor na alma, que só quando a gente passa que sente. Não é muito pela dor da perda, porque nós sabemos que todos nós um dia vamos embora, mas a forma que foi…", desabafou a mãe do jovem, Kelly Martins, emocionada.
Leia também:
A mulher também prometeu lutar por justiça pelo filho. "Meu filho foi brutalmente assassinado, sem motivos. Eu estou aqui lutando por justiça. Vou lutar todos os dias", afirmou.
Haziel estava com Gabriel Santos Costa, de 17 anos, quando os dois foram abordados e agredidos pelo PM na madrugada do dia 1º de dezembro. O crime aconteceu no bairro de Ondina e foi filmado por uma testemunha.
Gabriel não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Já Haziel, que foi atingido no abdômen, braço e antebraço, ficou hospitalizado. Em depoimento, o soldado disse que sofreu uma tentativa de assalto e agiu em legítima defesa.
A tese foi rejeitada pela polícia e rebatida pelos advogados que representam a família das vítimas. "O Marlon escolheu matar. Ele tinha toda a técnica, sabia manusear e como era o procedimento, mas escolheu matar", afirmou o advogado da família do jovem, Dielson Monteiro.
PM que matou jovens foi afastado da organização e teve prisão preventiva mantida
Segundo a Polícia Civil (PC), Marlon admitiu que atirou nos jovens, mas novamente alegou legítima defesa. A mesma versão foi apresentada pela namorada dele, que testemunhou a ação e também foi ouvida. O nome dela não foi divulgado.
O PM se apresentou no Departamento de Homicídios de Proteção à Pessoa (DHPP) e chegou a ser transferido para o Batalhão da Polícia Militar, em Lauro de Freitas. Entretanto, no dia 10 de dezembro, a Justiça manteve a prisão preventiva dele.
Antes disso, a Polícia Militar informou, em nota emitida no dia 4 de dezembro, que o agente foi afastado das atividades das ruas. A organização informou ainda que a arma dele foi recolhida e que um processo administrativo foi instaurado para apurar o caso internamente.
"O inquérito ainda se encontra aberto e a delegada está tentando fazer o reconhecimento das pessoas que estavam no local e imagens de câmeras de seguranças", contou o advogado da família do jovem.
Segundo o secretário de segurança pública da Bahia, Marcelo Werner, a medida é um "trâmite necessário, para que haja apuração da melhor forma possível, da forma mais isenta possível, dos fatos narrados".
Família de jovem morto por PM vive com medo
Além do luto pela morte do filho e pela violência sofrida, Kelly Martins afirma que a família tem convivido com o medo.
"Eu me senti insegura, por isso me privei de aparecer na televisão. Sempre quis aparecer para poder falar sobre meu filho. A moto de meu filho não era roubada, de hoje que quero me pronunciar, mas estava com medo dele mandar fazer alguma coisa com meu filho lá dentro [do hospital]", revelou a mãe de Haziel.
"Agora vou correr atrás de justiça até o último dia da minha vida", finalizou.
Iamany Santos
Iamany Santos
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!