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Decisão

Golpe do Pix: Justiça aceita denúncia e jornalistas viram réus

Justiça da Bahia aceitou denúncia do MP-BA e tornou réus os envolvidos no esquema de desvios de doações na Record

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Ilana Pêpe e Nathália Amorim

30/08/2024 às 18:50 • Atualizada em 30/08/2024 às 19:55 - há XX semanas
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A Justiça da Bahia aceitou a denúncia do Ministério Público do estado (MP-BA) contra os envolvidos no esquema de desvio de doações, que ficou conhecido como "Golpe do Pix", ocorrido na TV Record Bahia. A decisão foi publicada nesta sexta-feira (30).


				
					Golpe do Pix: Justiça aceita denúncia e jornalistas viram réus
Justiça da Bahia aceitou denúncia do MP-BA e tornou réus os envolvidos no esquema de desvios de doações na Record. Foto: Reprodução / TV Bahia

O caso aconteceu em 2022 e 2023, envolvendo 12 pessoas. Entre elas, os jornalistas Marcelo Castro e Jamerson Oliveira, repórter e editor-chefe do "Balanço Geral", respectivamente.

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Segundo a decisão desta sexta, que o iBahia teve acesso com exclusividade, o juiz Cidval Santos Souza Filho, da Vara dos Feitos Relativos a Delitos de Organização Criminosa de Salvador, Cidval Santos Sousa Filho, tornou réus os doze envolvidos e determinou o caso como associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação indébita. Os acusados têm o prazo de 10 dias para apresentar a defesa e testemunhas.

Quando a denúncia foi elaborada, o MP-BA apontou a ação dos acusados como associação criminosa. No entanto, ao chegar na 9ª Vara de Justiça, o juiz entendeu que se tratava de uma organização e encaminhou para uma outra vara específica para o crime. Essa, por vez, cita associação criminosa na decisão.

Medidas cautelares foram determinadas para Marcelo Castro, Jamerson Oliveira e Lucas Santos, amigo de infância de Jamerson e um dos acusados. Além de terem contas bloqueadas, os três ainda sofrerão sequestro de bens e outras ações. Veja abaixo:

  • Indisponibilidade dos ativos financeiros no valor de R$ 607.143,78
  • Bloqueio total (venda, transferência e circulação) de todos os veículos
  • Sequestro de bens imóveis
  • Proibição de ausentarem-se da Comarca de Salvador por período de sete dias, sem prévia autorização do Juízo
  • Proibição de saírem do território brasileiro sem autorização deste juízo
  • Proibição de manter contato com as vítimas ou familiares, pessoalmente ou através de telefones, e-mails ou redes sociais

A decisão indica também o indeferimento da suspensão do registro de arma de fogo de Marcelo Castro, sob a justificativa de que o jornalista "é repórter e apresentador de programa televisivo policialesco" e, portanto, "tece críticas duras e ostensivas contra a criminalidade no território", podendo receber "ameaças à sua integridade física".


				
					Golpe do Pix: Justiça aceita denúncia e jornalistas viram réus
Justiça da Bahia aceitou denúncia do MP-BA e tornou réus os envolvidos no esquema de desvios de doações na Record. Foto: Reprodução / TV Bahia

Ainda não há data para o julgamento. Procurada pela equipe da TV Bahia, a defesa dos jornalistas Jamerson Oliveira e Marcelo Castro alegou veementemente a inocência dos réus e diz ainda "acreditar na Justiça da Bahia". A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos demais acusados.

Entenda como funcionava o golpe do Pix

Conforme detalhou a denúncia do MP, Marcelo, na condição de repórter, entrevistava as vítimas, narrando os dramas, pedia doações e informava uma chave Pix de terceiros, mesmo sabendo que esse dinheiro não iria diretamente para quem realmente deveria.

Jamerson era responsável pela transmissão, inserção e exibição dessas chaves Pix, também ciente de que esses dados pertenciam a um dos integrantes do grupo.

Já Lucas é apontado pela denúncia como "operador", identificando casos para serem exibidos no programa. Ele também seria responsável pela seleção dos outros participantes no esquema, que sediam dos Pix para o repasse do dinheiro.

Os investigados arrecadavam as doações e destinavam às pessoas que tinham os dramas expostos a menor parte do volume coletado por meio das chaves Pix exibidas no programa comandado por Marcelo e Jamerson.

No período de um ano e cinco messes, em 2022 e 2023, o grupo teria arrecadado R$ 543.089,66 em doações e se apropriado de 75% do montante. Ou seja, R$ 407.143,78. Apenas R$ 135.945,71 foi devidamente repassado às vítimas para quem seriam direcionadas as doações.

Após cada edição do telejornal, o valor conseguido era dividido em diferentes contas. A investigação do MP aponta ainda que os denunciados realizavam transações bancárias "fragmentadas e atípicas" para disfarçar as quantias recebidas ilegalmente.


				
					Golpe do Pix: Justiça aceita denúncia e jornalistas viram réus
Justiça da Bahia aceitou denúncia do MP-BA e tornou réus os envolvidos no esquema de desvios de doações na Record. Reprodução / TV Itapoan

Em apenas um caso exibido no programa, o total arrecado em doações foi de R$ 64.127,44. Nesta ocasião, os integrantes do grupo criminoso se apropriaram de R$ 57.591,26 e repassaram apenas R$ 6.536,18 para as vítimas.

O ex-jogador do Bahia, Anderson Talisca, que está atualmente no Al-Nassr, doou cerca de R$ 70 mil para este caso. Foi por meio do atleta que o esquema passou a ser observado.

O jogador e a equipe dele entraram em contato diretamente com a mãe da menina, para abater o valor doado no Imposto de Renda. A mulher, no entanto, informou que não recebeu valor da emissora. Neste momento, o apresentador do programa, Zé Eduardo, foi alertado.

Na época, foi divulgado que, revoltado com o roubo, Bocão, como é conhecido, repassou as informações para alta direção da Record e cobrou ações. A executiva de Salvador repassou o caso para São Paulo, que, após investigação interna, determinou a demissão de todos os envolvidos.

Após sair da Record, Marcelo e Jamerson investiram nas redes sociais e atualmente estão em outra emissora baiana, com outro programa.

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