A Igreja da Misericórdia, localizada no Centro Histórico de Salvador, foi completamente restaurada. Já o Museu da Misericórdia, um dos espaços culturais mais importantes da capital baiana, continua fechado para visitação enquanto as obras de requalificação e restauração acontecem nos espaços.
Situado num palacete do Século XVII, onde funcionou o primeiro hospital do Brasil, o equipamento foi totalmente restaurado e ganhou novos espaços para preservação e exposição de suas obras. A Prefeitura de Salvador entregou na última segunda-feira (17) as obras de requalificação do espaço, em um evento que contou com a presença do prefeito Bruno Reis e do provedor da Santa Casa de Misericórdia da Bahia (SCMBA), José Antônio Rodrigues Alves.
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A obra contemplou melhorias diversas no atendimento aos visitantes, como a ampliação e a criação de novos espaços expositivos, a construção de um auditório para 100 pessoas e de um foyer com painel luminoso no 1º subsolo e a abertura da sala do baixo coro e do alto coro. Também foi restaurada a Capela Nossa Senhora da Misericórdia, no térreo, incluindo teto artístico e forro com 45 painéis de pintura.
“O Museu da Misericórdia já era o mais visitado da cidade, pois recebia 50 mil visitas por ano. Não tenham dúvidas de que, agora, vamos superar esse número de visitações no museu”, disse Bruno Reis.
“Afirmo isso pelo momento novo que vive a cidade, com a sua orla recuperada, um grande aeroporto, um Centro de Convenções de primeiro mundo, manutenção em dia, mesmo neste período de chuvas, mas, sobretudo, pelos equipamentos culturais que incentivam a permanência do visitante”, completou Bruno Reis.
O Museu da Misericórdia é o 11º equipamento cultural que a gestão atual está ativando na capital, seja em administração direta, seja por meio de parcerias. “O nosso objetivo é que o turista tenha atrativos o suficiente para ficar por 10 noites, em média, em nossa cidade. A gente só vai conseguir isso oferecendo conteúdo, e esse museu terá papel estratégico para fortalecer esse nosso trabalho”, disse o prefeito.
“Estamos abertos para firmar diversas parcerias, trazendo exposições e ampliando o acervo deste museu. A história da Santa Casa se confunde com a de Salvador, sendo a instituição mais antiga da cidade, com os mesmos 475 anos. Portanto, nenhuma outra instituição tem um acervo tão rico quanto o da Santa Casa”, completou.
Projeto no novo Museu da Misericórdia
Foram investidos na obra quase R$ 10,2 milhões com recursos da Prefeitura de Salvador e do Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD) do Ministério da Justiça. Os trabalhos tiveram início em agosto de 2021, sendo coordenados pela Superintendência de Obras Públicas (Sucop). Antes de abrir as portas novamente para os visitantes, o Museu da Misericórdia ainda vai passar por pequenos serviços, informou a Prefeitura.
“Desde que o Museu foi aberto, em 2006, nós desejávamos a realização de um projeto como esse e, somente agora, tivemos a oportunidade. Graças ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos e à Prefeitura pudemos recuperar todo o rico acervo da igreja. Foi muito importante também a ampliação e restauração da sala de exposição para os quadros de José Joaquim da Rocha, que são de inestimável valor histórico. É fundamental a preservação dessa memória, mantendo nossa cultura viva até os dias atuais”, disse o provedor da Santa Casa da Bahia, José Antônio Rodrigues Alves.
Ele revelou os planos para a reabertura do equipamento: “No mês de setembro, em que é celebrado o mês dos museus, vamos abrigar uma exposição do artista Floriano Teixeira, maranhense radicado na Bahia, para que as pessoas possam continuar visitando o Museu da Misericórdia com toda a força e beleza que somos capazes de fazer. O lúdico é muito importante para nós, vamos manter todas as nossas atividades culturais e sociais”.
O secretário municipal de Cultura e Turismo (Secult), Pedro Tourinho, disse que o restauro é fundamental para o novo momento que vive o Centro Histórico. “A Santa Casa tem a idade da cidade, acompanha a história da cidade, e a gente ter participado do restauro deste espaço é a demonstração do respeito pela história, de entender que o que acontece aqui é uma linha do tempo de registros e vivências. Entregar esta obra é um ganho enorme para o Brasil. O Centro Histórico vive um momento de fortalecimento e a Santa Casa vem junto, até mesmo trazendo junto a gente para fazer um trabalho ainda melhor”, afirmou.
Além dos serviços de ampliação do equipamento, foi realizada a instalação de um elevador, que possibilitará maior acessibilidade para pessoas com dificuldade de locomoção, dando acesso aos quatro pavimentos da edificação. Também foram reformadas as salas técnicas no 2º subsolo, as salas de exposição temporária no 1º subsolo e no térreo, a copa e o anexo administrativo. Foram construídos sanitários para Pessoas com Deficiência (PCDs) e reformados os sanitários para funcionários.
Ainda passaram por reparos as salas multiúso no 1º subsolo, a sala para restauração e coordenação no 2º subsolo e as salas para administração e almoxarifado no térreo. O terraço sem cobertura foi totalmente requalificado, bem como a escada interna que leva ao sino no 1º pavimento. O projeto incluiu, ainda, a construção de uma exposição com piso elevado no térreo.
Completando a lista de serviços, a sala de subestação no 1º subsolo foi reformada; foi realizada a instalação de um gerador no 1º subsolo e de uma sala de climatização no 1º pavimento; e foi criado de um pátio externo com fonte. Além disso, a fachada foi totalmente pintada e a edificação recebeu nova infraestrutura hidrossanitária, elétrica e cabeamento estruturado.
História do Museu da Misericórdia
Inaugurado em 2006, o Museu da Misericórdia pertence à Santa Casa de Misericórdia da Bahia (SCMBA). O prédio em que está instalado foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1938 e abriga peças relacionadas a personalidades, como a cadeira que foi utilizada por D. Pedro II durante visita à Bahia em 1859 e a escrivaninha de Ruy Barbosa, que foi funcionário da Santa Casa de Misericórdia da Bahia (SCBA) em 1876, no cargo de inspetor da repartição geral.
“Aqui neste prédio foi criado o primeiro hospital do Brasil, exatamente onde nós estamos, ainda de barro. Demorou mais de um século para efetivamente ser construído o prédio da Misericórdia, um dos poucos prédios construídos em pedra e alvenaria do Século XVII. Este local proveu saúde, enterrou os mortos e atendeu aos menos favorecidos, que são missões das misericórdias. Esta casa também foi sede da primeira escola de cirurgiões do Brasil e da primeira Faculdade de Medicina, antes de ser transferida para o Terreiro de Jesus”, citou José Antônio Rodrigues Alves.
O Museu da Misericórdia também mantém a exposição fixa das 14 peças que representam as Obras de Misericórdia da Santa Casa, feitas sob encomenda pelos artistas Bel Borba, Christian Cravo, Mário Cravo Júnior, Calasans Neto, Eliana Kertész, Luiza Olivetto, Juarez Paraíso, Sérgio Rabinovitz, Carmen Penido, Caetano Dias, Grace Gradin, Juraci Dórea, Maria Adair e César Romero.
Redação iBahia
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