Para calcular o valor de qualquer produto, é considerado o valor dos insumos, o custo para sua produção, o lucro desejado e os impostos que devem ser pagos. Da mesma forma, para definir o valor das taxas de juros de um crédito, também são considerados esses itens.
No caso, a Taxa Selic seria o valor dos insumos. Neste item as instituições financeiras também incluem todos os gastos operacionais envolvidos como os sistemas, a luz ou aluguel das agências, o salário dos funcionários, etc. Também são levados em conta os riscos de não receberem o dinheiro emprestado de volta, isto é, a inadimplência. Por este motivo é que a alteração na taxa básica de juros, assim como nesses outros fatores, gera aumento nas taxas dos créditos.
No entanto, o aumento das taxas dos créditos não é proporcional às variações da Selic. Pois, entre 35% e 40% é a incidência desta taxa no custo do crédito, entre 10% e 15% é a representação da inadimplência, 10% o custo operacional e 20% os impostos. Como resultado, com a última alteração feita pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, alguns juros subiram e outros até baixaram.
- Aumentos da taxa básica de juros e consequência nas operações de crédito
Desde março do ano passado, o Copom vem nos surpreendendo com as mudanças na taxa básica de juros, que até hoje acumula 8,75 pontos de aumento, a Selic saiu de 2% ao ano e está em 10,75% a.a.
Como a Selic é uma taxa utilizada como referência para diversas operações do mercado financeiro, consequentemente, o custo delas é afetado. O cálculo das taxas de juros dos créditos, por exemplo, é alterado com estas variações da Selic.
No entanto, as mudanças não ocorrem na mesma proporção, comparando as taxas médias praticadas, há operações que aumentaram mais de 10 pontos em relação ao período em que a taxa Selic estava em 2%. Outras que aumentaram menos e, surpreendentemente, algumas reduziram as taxas de juros.
O crédito para a compra de bens (exceto imóveis e veículos) foi a linha de crédito que mostrou maior queda nas taxas de juros, de março de 2021, mês em que a Selic estava em 2,75%, até hoje a queda foi de 19,79 pontos percentuais, passou de estar em 52,87% para 33,08%.
Outra linha de crédito que registrou uma redução nas taxas foi o empréstimo pessoal, excetuando as modalidades de consignado. A redução foi leve, apenas de 4,31 p.p., passou de 72,73% para 68,42%.
A variação negativa da taxa de juros deste empréstimo pode ser motivada pelo fato de que estas linhas já possuem uma margem de lucro alta porque, em comparação às demais, têm um volume menor.
Ao contrário das linhas já indicadas, o cartão de crédito e o cheque especial foram os créditos que aumentaram as taxas em maior proporção que a alta da Selic. Estes créditos, por serem disponibilizados com facilidade e por apresentarem maiores riscos aos bancos, já possuem altas taxas e, com a elevação na taxa básica, os juros ficaram um pouco maiores.
O cartão de crédito foi o que teve maior incremento, as taxas passaram de 124,71% a.a. em agosto de 2020 e aumentaram 33,90 pontos até chegar a 158,61% a.a. na atualidade. O aumento do cheque especial não foi tão alto, apenas 10,22 pontos, passou de 129,29% para 139,51% ao ano.
Em geral, estas linhas de crédito sempre tiveram altos juros pelo fato de não exigir nenhum tipo de garantia aos clientes e ao uso dos recursos sem precisar justificar, motivo pelo qual a alta nas taxas também é maior. Na maioria das operações deste tipo, quando o cliente pode garantir a quitação do empréstimo ao banco, as condições de pagamento ficam melhores para ele, por isso algumas linhas aumentaram pouco.
Os créditos que aumentaram suas taxas de juros depois da alta da Selic, mas que não alcançaram a mesma proporção foram os empréstimos consignados e o financiamento de veículos. A variação que houve para comprar automóveis desde março do ano passado até janeiro foi de 7,73 pontos percentuais, a taxa média que estava em 18,16% passou para 25,19% ao ano.
O crédito consignado aumentou em diferentes medidas, de acordo com cada modalidade. O empréstimo liberado para trabalhadores do setor privado foi o que mais aumento registrou. A taxa média de março era de 29,23% e neste ano alcançou 34,96%, um aumento de 6,33 pontos.
Uma alta importante também ocorreu na taxa do crédito consignado para beneficiários do INSS, de 21,56% saltou para 25,78%, 5,08 pontos neste período. O consignado para funcionários do setor público teve uma elevação de apenas 2,40 pontos na taxa média, de 17,60% em março de 2021 passou para 20,56% em janeiro deste ano, com o aumento da Selic.
Mesmo tendo aumentado as taxas de juros, o impacto no bolso termina sendo pequeno ao comparar o valor das parcelas com estas taxas. Mas, quem está precisando de dinheiro tem que fazer suas próprias simulações e analisar o impacto da prestação no seu orçamento, pois a taxa de juros e demais encargos cobrados são determinados de acordo ao perfil de cada cliente, levando em conta diversos fatores e se há garantias ou não de que o pagamento será feito.
*Este conteúdo foi produzido pela empresa O Melhor Trato e que tem responsabilidade sobre o mesmo
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Redação iBahia
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