O corpo do médium e líder espírita Divaldo Franco, que morreu na terça-feira (13), aos 98 anos, começou a ser velado nesta quarta-feira (14), em Salvador. A cerimônia teve início por volta das 9h, no ginásio de esportes da Mansão do Caminho, onde o público poderá prestar as últimas homenagens até as 20h desta quarta-feira.

Atendendo a um pedido do próprio médium, as cerimônias póstumas terão duração reduzida, sem cortejo em carro aberto, e com o caixão fechado. O sepultamento está marcado para as 10h de quinta-feira (15), no Cemitério Bosque da Paz, também na capital baiana.
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Lucas Milagre, que morou com Divaldo por sete anos e o acompanhou em viagens ao redor do mundo nos últimos dez, esteve presente no velório. "Divaldo me convidou quando eu ainda morava em Boston, nos Estados Unidos, com a minha família, e eu voltei para o Brasil, em Minas Gerais, participando com ele de alguns roteiros. Aí ele me convidou para conhecer o trabalho da Mansão do Caminho e eu não quis mais voltar para Minas", contou ao g1.

Iranildes Santos foi ao velório para agradecer o carinho recebido. Quando era criança, estudou na creche do complexo da Mansão do Caminho — a mesma unidade onde, atualmente, seus filhos também estudam. "Aqui eu fiz o curso de auxiliar de enfermagem e hoje sou estatutária. Agradeço, em nome de Jesus, pelos ensinamentos", disse, emocionada, ao g1.
Divaldo enfrentava um câncer na bexiga desde novembro do ano passado e, na noite de terça-feira, sofreu uma falência múltipla dos órgãos. O óbito foi confirmado às 21h45, em sua residência, localizada na sede da Mansão do Caminho, no bairro Pau da Lima, em Salvador. O médium estava sendo acompanhado por uma equipe médica por meio de atendimento domiciliar (home care).

Durante a despedida, cada pessoa presente prestou sua homenagem ao líder religioso. Apesar do adeus físico, todos reconhecem que o legado de Divaldo Franco seguirá vivo e inspirando futuras gerações. "Continuaremos a prestar os mesmos serviços e desejamos ampliar, crescer, assim como as Obras Sociais Irmã Dulce se desenvolveu bastante. A Mansão do Caminho crescerá no futuro, com toda certeza", afirmou o presidente da Mansão do Caminho, Mario Sérgio Almeida.
Vida e obra de um dos maiores líderes religiosos do país

Reconhecido como um dos mais importantes líderes religiosos do Brasil, Divaldo Franco começou a tratar o câncer na bexiga logo após o diagnóstico, ainda em estágio inicial. O tratamento incluiu sessões de radioterapia combinadas com pequenas doses de quimioterapia.
Natural de Feira de Santana, cidade localizada a cerca de 100 km de Salvador, Divaldo dedicou mais de sete décadas ao espiritismo. Com uma trajetória marcada por dedicação e serviço, consolidou-se como uma das vozes mais respeitadas no meio espírita, tanto no Brasil quanto no exterior.
Além de sua atuação como médium e orador, Divaldo construiu uma sólida carreira como escritor, com mais de 250 obras publicadas — muitas delas psicografadas, baseadas em mensagens de diferentes espíritos. Em 2015, teve sua trajetória retratada em uma biografia escrita pela jornalista Ana Landi.
Embora não tenha tido filhos biológicos, Divaldo era considerado pai por cerca de 685 pessoas acolhidas e educadas por ele ao longo dos anos na Mansão do Caminho, entidade fundada por ele em Salvador e dedicada a ações sociais e à doutrina espírita.
Nascido em 5 de maio de 1927, Divaldo era o caçula de 12 irmãos. Segundo relatos biográficos disponíveis na própria Mansão do Caminho, sua mediunidade aflorou ainda na infância. No entanto, esse dom espiritual foi recebido com incompreensão dentro da própria casa: ele enfrentou críticas severas e até castigos físicos dos pais, que interpretavam suas visões como algo "demoníaco".
Esse cenário tornou seu primeiro contato com o espiritismo bastante conturbado. Ainda criança, precisou lidar com visões inquietantes e a presença de um espírito obsessor que o perseguia desde os 7 anos. A mudança só veio anos depois, quando ele enfrentou um problema de saúde que o deixou acamado por meses. Após diversas tentativas de tratamento médico sem sucesso, a família permitiu que uma médium o visitasse — e foi ela quem identificou a mediunidade de Divaldo e o ajudou a compreender sua missão espiritual.
A partir daí, ele abraçou definitivamente a doutrina espírita e construiu um legado que transcende gerações.
Histórico de internações e luta contra o câncer

Em novembro de 2024, Divaldo Franco ficou internado por nove dias no Hospital São Rafael, em Salvador, devido a desconfortos urinários. Foi durante essa internação que recebeu o diagnóstico de câncer na bexiga. O líder espírita recebeu alta no dia 25 daquele mês e retornou para sua casa, localizada no bairro Pau da Lima.
O tratamento teve início em 2 de dezembro. Na ocasião, o Centro Espírita Caminho da Redenção (CECR) e as Obras Sociais Mansão do Caminho informaram que a primeira fase seria conduzida no ambulatório do Hospital Santa Izabel, também em Salvador, sem necessidade de internação.
Nas três semanas seguintes, Divaldo foi submetido a sessões diárias de radioterapia, combinadas, em dias alternados, com pequenas doses de quimioterapia. Durante o tratamento, ele também foi acompanhado por uma equipe multidisciplinar, incluindo nutricionista e fisioterapeuta. Na época, a assessoria informou que o tumor era pequeno, bem localizado e não causava dores.
Em fevereiro de 2025, Divaldo precisou ser internado novamente. Dessa vez, permaneceu por oito dias no Hospital São Rafael, tratando uma infecção urinária.
"O Centro Espírita Caminho da Redenção e a Mansão do Caminho têm a alegria de informar que o médium Divaldo Franco encontra-se em casa, com sua saúde plenamente recuperada e quadro clínico estável", disseram em nota compartilhada no Instagram. Divaldo seguiu com as sessões de fisioterapia e os cuidados nutricionais recomendados, sendo acompanhado de perto por uma equipe de atendimento domiciliar (home care).

Redação iBahia
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