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Lollapalooza Brasil 2023: melhor, mas longe de ser perfeito

Festival decepcionou e irritou público com diversos grandes problemas, como trabalho escravo e organização falha

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Nathália Amorim

28/03/2023 às 21:53 • Atualizada em 28/03/2023 às 22:27 - há XX semanas
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					Lollapalooza Brasil 2023: melhor, mas longe de ser perfeito
Foto: Divulgação/Lollapalooza.

O Lollapalooza 2023 chegou com a expectativa de ser uma edição histórica, principalmente por ser a décima do festival americano em solos brasileiros. E tinha tudo para ser mesmo. Três headliners de peso, incluindo o Blink-182 que nunca esteve no Brasil, assim como Billie Eilish, que vinha adiando o show no país desde o começo da pandemia. No entanto, o evento já começou sua edição mais esperada com a imagem manchada, beirando a descredibilidade.

Dias antes do festival começar, uma série de cancelamentos vieram à tona. Caíram Willow, Dominic Fike, Omar Apollo e até mesmo o Blink, que ficou de fora por causa de um problema de saúde de Travis Scott, baterista da banda. O dia da apresentação era o mais aguardado e o único totalmente esgotado.

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O sentimento de frustração e revolta começou a tomar conta do público do evento, até para aqueles mais fiéis, que já estiveram em diversas outras edições. Como será feito o reembolso? Por que não respondem os clientes? Basta uma rápida olhada nas publicações do evento nas redes sociais, dias antes de começar, que essas e outras reclamações estarão lá, presentes.

Para piorar, o Lollapalooza Brasil recebeu a quarta denúncia de trabalhadores em condições análogas à escravidão, às vésperas do festival dar play para três dias de shows no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. O que já estava ruim até então, ganhou um peso ainda maior e mais sério.

O burburinho nas redes sociais era de que o festival seria um "flop". E poderia ser bem verdade que nos bastidores talvez existisse essa insegurança dos organizadores, já que, pela primeira primeira vez em muitos anos, ocorreu até mesmo venda de ingressos conjuntas apenas para dois dias, coisa que não é comum para o evento.

Haveria, então, salvação para essa edição marcada por tantas polêmicas?

A redenção na música

Em 2022, quando ocorreu a edição de retorno do Lollapalooza Brasil após dois anos de pandemia, a expectativa também era grande. Foi o festival que marcou a volta dos artistas aos palcos. Mas como era de se esperar, mais da metade do line-up de 2020 se perdeu para se adaptar a nova realidade e agenda dos artistas.

Sim, bons shows, mas também desorganização. Quem conhece ou já foi ao festival, sabe que se chover, o Autódromo corre o risco de virar uma grande zona. No ano passado, uma chuva de 15 minutos, com raios e trovões, foi suficiente para paralisar os shows, encurtar ou até mesmo cancelar a apresentação de alguns artistas. Quem estava no palco, nem teve tempo de terminar o show.

Outro ponto que também precisa ser destacado é a curadoria. Na música, você pode ser bastante conhecido por hits e canções mainstream, mas isso não significa que o show seja bom. E esse foi um ponto de diferença entre a edição de 2022 e 2023. Mesmo com os cancelamentos, os shows foram mais cativantes e conseguiram prender a atenção do público presente.

O já tradicional choque de horários do Lollapalooza até poderia ter atrapalhado, mas os fãs fiéis se fizeram presentes nos shows mais esperados, e também aproveitaram para conhecer novos sons, como os coreanos da banda "The Rose" ou os meninos do Wallows. Até mesmo os mais desconfiados usaram os morros do local para sentar e assistir aquilo que não conheciam ou tinham curiosidade.

Já a organização de venda de bebidas, filas e disponibilidade das coisas também melhorou em comparação ano ano de 2022. Não houve tanta demora, as ativações estavam mais espaças e até mesmo algumas mais criativas. A "water station", como eles chamam, que na verdade é um bebedouro grátis, ajudou a sustentar o calor e sol que fazia em São Paulo. Sol esse que também tornou a experiência muito melhor.

Se no ano passado caiu uma chuva que atrapalhou tudo, esse ano São Pedro segurou o tempo e garantiu um Lollapalooza ensolarado. Sem chuva, o espaço fica melhor de andar, de conhecer o ambiente, assistir aos shows e usufruir do que é disponibilizado no local. A locomoção fica mais fácil e o clima muito mais atrativo.

Mas claro que tudo é questão de perspectiva. A experiência de vivenciar um festival é particular e incide para cada um de formas diferentes. Seja no gosto pessoal dos estilos de músicas, do quanto gosta de esperar, do quanto gosta andar... os fatores são relativos. O que é bom para um, não é para outro e está tudo bem. São essas diferenças que trazem, ou deveriam trazer, mudanças positivas.

Por outro lado, o festival segue apresentando problemas de lotação, que ficam muito evidentes na hora de evacuar o local. Imagina cem mil pessoas saindo ao mesmo tempo, tentando entrar por duas portas do trem que leva ao Autódromo. Desorganização e confusão. Que só aumenta por causa do funcionamento reduzido do transporte público paulista.

Sem falar na polêmica - e cada vez maior - área reservada para os vips. Influenciadores e convidados ocuparam ao menos um pit em frente aos palcos, o que diminui o acesso dos fãs à tão sonhada grade. Mais vale uma publicação no Instagram do que um investimento em ingresso? Quem são as prioridades?

Responsabilização

Para muitos, essa edição do Lollapalooza foi a melhor, e unanimidade quando comparado ao ano passado. Mas é preciso responsabilizar o festival, em especial, a produtora por trás da sua organização.

No Brasil, duas empresas concentram a maior demanda de shows internacionais e festivais do país. E, assim como aconteceu com o Lollapalooza Brasil, flagras de condições análogas à escravidão e outras irregularidades também já foram encontradas no Rock in Rio.

É, sim, verdade, que o consumidor também deve repensar sua relação com o evento. A estrutura do festival, como um todo, também ainda tem e pode melhorar. Mas, mais ainda, é fundamental que os órgãos responsáveis estejam atentos aos reais culpados. A música e os consumidores que investem tempo, dinheiro e sonhos no evento não podem sair perdendo - ou ao menos não deveriam - perante a irresponsabilidade de uma empresa.

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Nathália Amorim

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