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Maria Creuza: uma das maiores cantoras do Brasil completa 80 anos

Cantora Maria Creuza completa 80 anos nesta segunda-feira, 26 de fevereiro

Carlos Leal • 26/02/2024 às 7:00 - há XX semanas

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Baiana da cidade de Esplanada (BA), Maria Creuza Silva Lima é uma das maiores cantoras da Música Popular Brasileira (MPB) de todos os tempos.


				
					Maria Creuza: uma das maiores cantoras do Brasil completa 80 anos
Maria Creuza: uma das maiores cantoras do Brasil completa 80 anos. Divulgação

Seu sucesso deu-se, principalmente, pelas interpretações impares a canções de compositores como Vinicius de Moraes, Toquinho e Antônio Carlos e Jocafi. Mas Maria Creuza sempre foi muito mais que uma simples interprete dando voz a grandes compositores: voz suave e aveludada, sempre soube interpretar a dar emoção a cada nota musical, dar sentimento a cada palavra.

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No LP Pura Magia (1987), por exemplo, ela interpreta “De tentação a cantada”, canção de Wando (1945-2012) e Rose, com a participação do próprio Wando. Em uma interpretação emocionante, vemos uma artista aberta a possibilidades e sem preconceitos.

Trajetória de Maria Creuza

Ainda com dois anos de idade os pais da artista se separaram, o que levou sua mãe a mudar para Salvador. Na capital baiana, ainda criança, despertou o interesse pela música tendo, inclusive, feito aulas de canto o que a levou aos 15 anos a formar o grupo Les Girls, se destacando como cronner. Sua participação no grupo começou a chamar a atenção dos baianos e aos 16 anos já era destaque em programas de rádio que faziam sucesso em Salvador.

Foi o primeiro passo para o estrelato. No ano seguinte passou a comandar o programa Encontro com Maria Creuza, na TV Itapoan, ficando no ar por quatro anos. Na mesma época fez seus primeiros registros fonográficos para uma gravadora local (Gravações JS), com uma curiosidade: todas as gravações em inglês.


				
					Maria Creuza: uma das maiores cantoras do Brasil completa 80 anos
Maria Creuza: uma das maiores cantoras do Brasil completa 80 anos. Divulgação

No ano de 1965 conhece Antônio Carlos, que faz dupla com Jocafi, então um compositor iniciante, com quem casaria três anos depois. Em 1966 participou do Festival Brasil Canta, que aconteceu em duas etapas: primeiro em Salvador e depois no Rio de Janeiro, defendendo a música “Se não havia Maria”, de Antônio Carlos. Também do mesmo autor, defendeu, em 1967 a canção “Festa no Terreiro de Alaketu” no II Festival de MPB da TV Record. Lança, com essa música, um compacto simples trazendo no lado B outra cação de Antônio Carlos: Abolição.

O ano de 1969 foi solar para a baiana: participa do IV Festival Universitário, no Rio de Janeiro, defendendo a música “Mirante” (Aldir Blanc e Cezar Costa Filho), levando o prêmio de melhor intérprete e defende “Catendê”, canção de Antônio Carlos já com o parceiro Jocafi, no V Festival de MPB, no Rio de Janeiro. Para fechar o ano com chave de ouro, conhece Vinicius de Moraes, que se apaixonou pela sua voz e a convidou para participar de um show com Dori Caymmi em Punta Del Leste (Uruguai) em 1970.

O sucesso foi tão grande que posteriormente o show foi gravado e lançado em disco (LP) com o título de En La Fusa con Maria Creuza y Toquinho. A propósito: na ocasião da gravação do álbum, Dori Caymmi havia sido substituído por Toquinho, grande parceiro de Vinicius.

Com relação ao encontro com Vinicius de Moraes, Maria Creuza conta que após ouvi-la, o poetinha teria ficado apaixonado pela sua voz, conseguido seu telefone e ligado, mas que ela não acreditou que fosse ele. “Achei que fosse alguém passando trote”, relembra. Quando, enfim, aconteceu o encontro, nascia uma amizade que durou até 1980, quando o poetinha nos deixou. Os dois tornaram-se, inclusive, compadres: Vinicius e sua então esposa Gessy Gesse batizaram Luana, filha de Maria Creuza com Antônio Carlos.

Em 1971 Maria Creuza fez sucesso com a gravação de “Mas que doidice “ (Antônio Carlos e Jocafi) e no mesmo ano grava com Vinicius e Toquinho o LP Eu Sei que Vou te Amar (RGE). No ano seguinte faz apresentações em Paris (França) e Milão (Itália). Em 1973 lança pela RCA Victor um LP que causou grande repercussão na MPB: Eu Disse Adeus, que incluiu sucessos como “Não me diga Adeus “ (Paquito, Luiz Soberano e Correia da Silva), “Eu disse Adeus” (Roberto Carlos), “Pois é” (Chico Buarque de Holanda e Tom Jobim) e “A Flor e o Espinho” (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito).

Sucesso Mundial

Maria Creuza levou sua voz para os quatro cantos do mundo. Na Argentina, por exemplo, lançou em 1972 o LP “Você Abusou”, distribuído posteriormente também em Paris e Roma (Itália). “Eu disse Adeus” também ganhou versão em espanhol e foi lançado em toda a Europa. Mesmo com sua discografia impecável e com outros grandes clássicos no repertório, “Você Abusou” ainda é seu trabalho de maior sucesso no mundo inteiro. Por falar em sucesso mundial, em 1974 a artista defende e fica em segundo lugar com a a canção “Que diacho de dor” (Antônio Carlos e Jocafi) no II Festival Mundial da Música Popular, em Tóquio (Japão).

Pegando carona no sucesso mundial e aproveitando a popularidade da artista, a gravadora RCA Victor lança em 1974 o LP “Sessão Nostalgia”, trazendo sucessos como “De conversa em conversa” (Haroldo Barbosa e Lúcio Alves), “Duas contas” (Garoto), “Vingança” (Lupicínio Rodrigues), “Luz negra” (Nelson Cavaquinho e Amâncio Cardoso) e o samba “O sol nascerá” (Cartola e Elton Medeiros).

Nas décadas de 80 e 90 lança grandes pérolas, embora o mercado fonográfico já não fosse o mesmo. Os destaques para esse período são “Sedução” (1981), “Poético” (1982), “Meia Noite” (1983), “Maria Creusa” (1984) e “O melhor de Maria Creusa” (1985), todos pela gravadora RCA, além de “Paixão acesa” (1986) e “Pura magia” (1987), para a Arcasom, e “Da cor do pecado” (1989) e “Todo sentimento” (1991), para a Gravadora Som Livre. Destaques também para “Com açúcar e com afeto” (1989), “La Mitad del Mundo/A Metade do Mundo” (1999), pela Zanfonia CD, “Você e eu” (2003), pela Albatroz CD, a compilação “Maxximum - Maria Creuza” (2005) Sony BMG CD, Maria Creuza ao vivo (2006), “Creuza e Gabriel” (2007) e É Melhor Ser Alegre Que Ser Triste (2007), ambos pela Albatroz CD.

E por falar em saudade

Atualmente na Argentina, Maria Creuza virá no Brasil no próximo mês de março. Inicialmente a artista estará no Rio de Janeiro (RJ), mas com inúmeras possibilidades de matar a saudade dos brasileiros.

A artista confirma que já tem vários pedidos de shows para a ocasião e uma informação passada em primeira mão: a possibilidade de gravar um álbum com releituras de algumas músicas de Antônio Carlos e Jocafi incluindo a participação da dupla e também canções de outros compositores. “Tenho certeza que essa minha ida ao Rio de Janeiro irá facilitar vários encontros e muitas possibilidades”, contou Maria Creuza.

* Colaboração voluntária de Carlos Leal (Jornalista, escritor e pesquisador musical)

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