O episódio 77 do Geração GFM recebeu, neste domingo (10), o jornalista e radialista Eduardo Oliveira, da TV Bahia. Durante o podcast comandado por Thiago Mastroianni, Oliveira, que já participou de outras edições do programa como apresentador convidado, passou a limpo a própria trajetória e falou sobre nostalgia, audiovisual e música.
Com mais de 20 anos de carreira no jornalismo e trabalhos paralelos como roteirista e produtor na área do cinema, Oliveira disse que seu amor pelo audiovisual e pela comunicação surgiu ainda durante a infância.
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"Quando eu era criança, brincava de criar programação de TV. Eu tinha um roteiro, colocava lá os programas que começavam em cada horário, criava nomes para eles e alguns deles eu brincava de estar fazendo na prática. (...) Acho que já era um embrião desse amor que eu tinha pela comunicação em si, antes de qualquer coisa. comunicar, para mim, era a grande paixão", contou.
Nos últimos anos, Oliveira ganhou reconhecimento pela produção de reportagens e projetos especiais que agregam elementos da linguagem cinematográfica. Um dos exemplos mais recentes é o programa Onde Tem Bahia, veiculado pela TV Bahia no último mês de outubro. Na conversa com Thiago Mastroianni, o repórter contou que esse estilo começou a ser construído ainda no início da carreira, na TV Subaé, em Feira de Santana, sua cidade natal. No entanto, segundo ele, os dez anos de cobertura esportiva na TV Bahia foram fundamentais para aprofundar essa proposta. O jornalista ressaltou a importância da busca pelos "personagens" dos jogos de futebol.
"O essencial para qualquer repórter é buscar histórias, não podemos ver o jogo [de futebol] como se fosse uma 'ata' de situações que aconteceram. O negócio são as histórias por trás dali, o cara que sofreu pra fazer aquele gol. Isso é importante porque aí as pessoas se identificam", observou.
Vida cultural e ídolos do passado
Oliveira ainda relembrou a juventude em Feira de Santana, quando frequentava sessões nos extintos cinemas de rua Timbira e Íris. "Esses cinemas eram tudo pra mim. No Timbira eu lembro das filas quilométricas na época da estreia do filme dos Trapalhões. Todo mundo com a cestinha de 1kg de alimento não perecível para trocar pelo ingresso, sessões lotadas. No Íris eu lembro que na estreia do Batman de 1992, que era um filme mais sombrio, quando eu saí do cinema vi a rua e estava chovendo. Tive a sensação de que Feira virou Gotham City. É uma experiência que nenhum cinema de shopping pode dar".
O jornalista também refletiu sobre a perda dos grandes ídolos do século XX e disse ter a sensação de que não haverá substitutos para nomes como Silvio Santos e Jô Soares. "Quando a gente fala que uma pessoa dessa vai nos deixar em algum momento, é até doido, porque elas fazem parte do nosso imaginário. Roberto Carlos, Renato Aragão, Silvio... O Jô, quando faleceu, eu senti muito, porque parecia que era uma parte do que a gente conhece como gente indo embora. Nossa compreensão sobre TV, comunicação, identidade brasileira, tudo passa por eles. (...) Tenho medo dessa efemeridade que a gente vive hoje não criar mais ícones e referências como a gente tinha".