O músico e produtor Luisão Pereira e o cantor, compositor e produtor Márcio Mello foram os convidados do 49º episódio do videocast Geração GFM, transmitido neste domingo (30), às 20h, na GFM (90,1) e no Youtube. Em entrevista ao apresentador Thiago Mastroianni, os artistas relembraram suas trajetórias e avaliaram a cena do rock baiano de ontem e de hoje.
Durante o bate-papo, Luisão, ex-integrante das bandas Cravo Negro e Penélope, avaliou que o atual cenário do mercado fonográfico é ambíguo em relação ao surgimento de novas bandas. "Estamos num momento das plataformas de streaming que é muito positivo, por um lado, porque tem muita gente lançando tudo, mas é negativo pelo mesmo motivo. Eu, que sempre fui um cara muito interessado por música, não consigo mais acompanhar tudo, desde o Top 20 Brasil até as coisas do meu segmento", conta.
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"É incrível essa velocidade, há muitos artistas famosos em nichos. Na minha época era necessário sair da Bahia, ir para o Rio de Janeiro para buscar uma carreira. Hoje a pessoa estoura fazendo vídeos em casa", pontuou.
Ainda de acordo com Luisão, a nova cena musical da Bahia pode não ser tão roqueira em termos de sonoridade, mas certamente é pautada pela atitude do rock. "Hoje é muito difícil rotular o que é o que não é rock. No início do rock baiano a gente tinha muita segregação. Hoje em dia é muito difícil dizer o que é e o que não é rock no segmento alternativo", disse.
"O BaianaSystem é uma banda que, querendo ou não, tem influência do rock. Rafa Dias, do ÀTTOOXXÁ, também. Se você olha o som dessa galera, não apenas tem uma guitarra com distorção de vez em quando, mas também o discurso, enquanto você tem muita banda que se traveste de rock... e o discurso, velho?", observou.
As vivências dos dois artistas enquanto "baianos fazendo rock" no eixo Rio-São Paulo também foram debatidas no podcast. Márcio Mello, autointitulado como "Solitário Punk", diz que ainda hoje é visto como um "ser estranho" nesse meio. "Sempre sou aquele cara perdido, que o pessoal pergunta 'aquele cara veio de onde?'. A turma do rock daqui que vai pra lá não me considera do rock também. Meu rock é o rock baiano, feito na Bahia, pra cima. Mas não sou aquele cara que pra ser da Bahia tem que ficar falando de Bahia", ironizou.
Mello, que fez sucesso nos anos 90 com a banda Rabo de Saia, também falou sobre o êxito da canção "Nobre Vagabundo", de sua autoria, gravada por Daniela Mercury no álbum "Feijão com Arroz", de 1996.
"Quando eu estourei com 'Nobre Vagabundo', muita gente me ligou. Do Brasil inteiro. A BMG me convidou pra ir pro RJ pra ter uma conversa com a editora. Como eu não abri meu baú para a editora, ela não liberou pra ninguém regravar. Eu tive uma das músicas mais tocadas de Daniela e da MPB, aqui e fora, mas ninguém pede regravação disso, porque eu não gosto de joguinho de mercado", contou.
Sobre o Geração GFM
Com muito bom humor e leveza, Thiago Mastroianni e Dino Neto conduzem entrevistas com ícones dos anos 80 e 90, toda semana, na GFM (90,1) e no Youtube.
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