O grupo Cabokaji, conhecido por sua sonoridade única que mescla elementos da cultura indígena e afrobrasileira, está com música nova. O gênero é o World Music, ou seja, música mundial. As letras versam desde a sabedoria da floresta e dos caboclos até os protestos sociais e políticos. Citam as vielas brasileiras e os caminhos das matas, falam de personagens das ruas e também dos personagens ancestrais, como os Orixás.
Issa Mulumba, cantor e produtor musical do grupo, falou ao Mundo GFM como surgiu a banda e o nome. "O nome surgiu de duas intenções, primeiro, que enquanto banda da Bahia a gente sentia necessidade de pautar a palavra “caboclo” já como marca inicial que as pessoas pudessem ler ou ouvir e saber de que universo aquilo se trata".
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Antes de criar a banda, eles trabalhavam juntos no Aldeia Coletivo, um grupo de teatro, oficinas e atividades musicais. Segundo Issa Malumba, tornar-se uma banda foi um caminho natural.
Cabokaji destaca indígenas que são referências para o grupo
"A gente gosta muito de Katu Mirim, Owera, Kae Guajajara, Wescritor. Essa galera vem fazendo arte de ponta com relevância pra questão indígena no país", disse Issa Malumba.
Quem escutar o novo single EJIOGBE, logo percebe que há a forte presença de sons produzidos eletronicamente mas, que reproduzem perfeitamente a música orgânica que origina o estilo da Cabokaji. "É um caminho sem volta para tradições, batucar o laptop", brincou Issa.
Sobre os sons que reproduzem e os termos que usam nas letras, o grupo fala sobre objetivos que os unem para além do lado artístico. "A gente até entende que a palavra resgate seja a primeira a vir na nossa cabeça quando se trata de cultura indígena e africana... pra promover essa igualdade racial é necessário ter esse olhar cuidadoso e holístico com tudo que envolve a vida dos indígenas e das pessoas negras, não somente a representatividade na mídia", afirma o cantor.
Cabokaji fala sobre a vivência da banda e influências
Apesar de todos os integrantes viverem em Salvador, capital baiana, as referências que formam o estilo musical do grupo é atravessado por vivências musicais na família, religião e espiritualidade. Cada integrante colabora com a história e experiência religiosa e política acumuladas ao longo da vida artística.
"Temos e tivemos durante nosso processo no primeiro álbum a contribuição direta dos povos Funi-ô e Xucuru Kariri nas músicas Coco Funi-ô, Aonça e Cocal, além de participações em outras faixas que compõem o álbum", conta o guitarrista Mayale Pitanga. Ele completa dizendo que estão "diretamente conectados com os elementos indígenas, e isso se faz muito mais aparente quando começamos a nos reconhecer enquanto parte dessa construção de vida, história e legado".
Cabokaji é um grupo de Salvador, Bahia, criado em 2019 por Caboclo de Cobre, ISSA (produtor musical do novo disco de Sued Nunes), Ejigbo (integrante da banda de Melly) e Mayale Pitanga.
O grupo surgiu como um desdobramento das atividades artísticas e pesquisa das culturas originárias de Pindorama e de África em confluência neste chão, tendo o Aldeia Coletivo como berço dessas inquietações. É um manifesto que celebra as raízes indígenas e afro-brasileiras presentes no Nordeste do Brasil.