Quem já escutou ou já presenciou a cativante apresentação do Samba de Ohana e é um bom apreciador do gênero, sabe que o grupo faz com maestria aquilo que se propõe. O gosto pelo bom e velho samba, samba de raiz, samba de terreiro, samba de pé no chão é a bandeira do Samba Ohana. A paixão pelo ritmo mais democrático e popular do Brasil foi o ponto de partida para que essas mulheres negras lésbicas e bissexuais se unissem e dessem início ao projeto em maio de 2019.
Toda essa coragem, entusiasmo e força têm uma fonte, da qual as integrantes bebem e honram em seus repertórios. "Fazemos interpretação de outros artistas sim, até porque, se hoje estamos aqui, é porque esses artistas maravilhosos deram nome, deram música, deram poesia para a gente poder cantar e interpretar", contou Luísa, que toca contrabaixo e violão.
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"Temos Gal do Beco, Caetano Veloso, Beth Carvalho, Mariane de Castro, Alcione, dentre outros nomes fantásticos que sempre acrescentaram e vão acrescentar sempre nessa geração e nas próximas gerações", completou a artista.
Samba de Ohana contou ao Mundo Bahia FM como surgiu a ideia de criar o grupo e também o nome
A ideia de criar o grupo, surgiu a partir de encontros. As meninas costumavam a sair juntas para aproveitar a noite, e nessas saídas, a companhia de algum instrumento musical era certa. Em um desses encontros, num bar do Bairro de Cajazeiras, elas começaram a fazer um samba, e o som estava tão bom que chamou atenção da galera, que no mesmo instante, passou a interagir e pedir música.
Então, surgiu a pergunta: Qual o nome do grupo? Não pensamos duas vezes, e de imediato, respondemos: “Samba Ohana!” Mas porque esse nome? A palavra Ohana que tem origem havaiana significa família. Como esse, já era nome do grupo de WhatsApp que tinham, desde o começo da amizade e perdura até hoje, ficou fácil. E assim, como numa dessas surpresas que o destino nos reserva, surgiu o Samba Ohana no dia 5 de Maio de 2019.
Representatividade feminina, lésbica e bissexual, tá tendo!
Marcela Guedes, vocalista do grupo Samba Ohana contou ao Mundo Bahia FM sobre a sensação e responsabilidade de representar um público tão diverso dentro do universo do samba, "poder e gratidão. Saber que se hoje estamos em cima de um palco, foi porque várias outras mulheres já lutaram por esse caminho, a primeira sensação é de gratidão e a segunda é o poder, por saber que podemos representar e incentivar", disse a sambista.
Ela completa dizendo que sim, "lugar de mulher é onde ela quiser estar, onde ela se sentir bem, não só no samba, mas dentro de outros gêneros também, outras identidades musicais. Então, esse é um dos maiores sentimentos, que é o poder e da gratidão", completou.
Além de interpretar cantoras que as inspiram, elas também têm músicas autorais
A percussionista Manu Lima, diz que o grupo tem também músicas autorais que inclusive, estão sendo bem ouvidas nas plataformas digitais, são elas: Piripipi e Reset. "Somos mulheres, somos mulheres de família humilde, somos mulheres periféricas, somos mulheres-mãe, e somos uma junção de mulheres fazendo a diferença no mundo do samba", disse Manu.
O Samba Ohana é formado por sete mulheres: Marcela Guedes - Vocal e Multi - instrumentos, Marília Santana - Percussão Geral e Backing Vocal, Luisa Cristina - Contra baixo e violão, Manu Lima - Percussão geral, Maria Fernanda - Percussão Geral e Backing Vocal; Tacila Almeida - Cavaco e Liliane Cruz - Teclado.
