Atração do Fuzuê desta quinta-feira (3) na Bahia FM, o cantor Igor Kannário falou, em entrevista ao Mundo Bahia FM, sobre a atual cena do pagode baiano. O Príncipe do Gueto disse gostar dos artistas da nova geração, mas criticou o teor das letras presentes nas canções.
"Não gosto muito das letras, mas gosto de todos, porque têm a cultura, o suingue, a música na veia. Eu respeito o momento de cada um e o que cada um canta, até porque eu já estive nessa posição, nesse início, de não entender ainda que existem crianças que nos ouvem, que passam a se espelhar em nós, e passam a querer ser o que nós somos. Tudo de ruim que a gente fizer, elas vão se espelhar, e o mesmo acontece com tudo de bom que a gente fizer", observou.
Leia também:
Para Kannário, é importante que as novas bandas tomem consciência da responsabilidade que têm enquanto "porta-vozes" do público. "Eu respeito esse momento, porque eles ainda não entendem o tamanho da responsabilidade de ser um porta-voz, porque quando você se torna um cantor, você não é simplesmente um cantor. Você cria fãs, uma nação, pessoas que participam da sua caminhada e acompanham. mas isso é algo que a gente aprende com o tempo. Tem letras que são muito baixo nível e a gente não precisa disso pra enriquecer nossa música. Mas também não posso dizer que não é bom. É bom, porque se não fosse bom, o povo não ia escutar. Mas que você fale da mulher, sensualize, mande ela descer, mas com respeito, mais suave, mais carinhoso", pontuou.
Kannário ainda considerou que o tempo lhe trouxe um maior amadurecimento e mudou a forma como ele enxerga a música. "Você vai amadurecendo, vai lendo, vai se informando e vai entendendo a importância de Deus ter te dado esse dom, de você conseguir fazer com que várias pessoas te ouçam", disse.
Novo trabalho
Na última sexta-feira (28), Kannário lançou o EP "Liberdade Linha 8". Com seis canções inéditas, o trabalho traz no título uma homenagem à Liberdade, seu bairro de origem. De acordo com o Príncipe do Gueto, o projeto surge do desejo de experimentar e atingir novos públicos.
"É um projeto de total ousadia, pra gente começar assim falando, por conta da liberdade que está existindo de arranjos, de letras, de melodias. É um Kannário liberto do municipal, do estadual, querendo o Brasil, querendo atingir novos voos, abrir novas portas. Ficamos dois meses trabalhando dentro desse projeto, trazendo riquezas nas letras, trazendo palavras de motivação, falando das histórias reais vividas por nós brasileiros", afirmou.
Segundo Kannário, uma das características do novo EP é a mistura do pagode com outros ritmos, porém "sem perder a essência" do gênero: "A essência está gritante, muito mais nesse disco. Mas a gente traz outros gêneros, como salsa e trap".
Durante o Fuzuê desta quinta-feira, comandado por Peu Martins, Kannário apresentou canções do novo EP e os clássicos da carreira. Confira: