Ainda em fevereiro de 2025, a Câmara de Comércio Interior anunciou o Imposto Zero para alimentos importados para o Brasil, com o objetivo de diminuir os preços de onze alimentos, devido à inflação elevada.

Alguns alimentos da lista são itens da cesta básica, o que beneficiaria mais de 21 milhões de famílias pelo Brasil. Em 14 de maio, a decisão completa dois meses e para entender os impactos, o Fala Bahia conversou com Ana Georgina Dias, economista e supervisora técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE-BA).
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A especialista cita que em apenas dois meses, chamado "curtíssimo prazo" de atividade, não é possível verificar muita diferença. Ana dá três motivos para isso:
"Primeiro deles é que o processo de importação demora um pouco; outra questão é que muitos dos produtos que tiveram a alíquota de importação reduzida a zero são produtos também que o Brasil é o maior exportador ou está entre os maiores exportadores; e esses produtos são um conjunto muito pequeno em relação ao universo daquilo que a gente consome", explicou a economista.
O que podemos esperar da política do imposto zero para alimentos importados
A supervisora da DIEESE também chama atenção para outras medidas sancionadas pelo governo para acompanhar a taxação zero dos produtos, como a Política dos Estoques Regulares, que consiste em estocar alimentos em momentos de safras muito positivas e ser postas no mercado para equilibrar os preços.
"Outra questão também que é bastante importante é permitir que os produtos, sobretudo da agricultura familiar, possam ser melhor distribuídos e chegar ao consumidor final, não só das proximidades da onde ele é produzido, mas também de localidades mais longas?", explicou Ana Georgina Dias.

A especialista deduz que manipular um pouco o mercado interno dos onze produtos escolhidos pode ter sido a intenção. Ela explica que isso acontece porque quando importamos produtos, os produtores locais tendem a baixar os preços para atrair mais consumidores.
Ana Georgina aponta que o apesar de demorar mais, uma solução melhor para o controle da inflação seria reverter o investimento para a produção local com preços mais controlados, além de prestar mais atenção às condições climáticas que afetam diretamente a produção de alimentos de fonte animal e vegetal.