Soledade, Sieiro, Japão, Duque de Caxias, Cravinas, Bairro Guarani, Alegria, Rua São Cristovão, São Lourenço, parte do Largo do Tanque e da Baixa do Fiscal, e, até pouco tempo, Lapinha e Curuzu. Muita gente não sabe, mas tudo isso faz ou já fez parte do bairro da Liberdade, em Salvador.
Com nome que lembra a palavra independência, a história do bairro é contada, justamente, a partir de um marco importante para a Independência do Brasil na Bahia. O historiador e professor Ricardo Carvalho destaca que a região é inteiramente ligada à construção social da capital e do estado.
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“O bairro da Liberdade tem uma peculiaridade muito interessante. Tanto na sua nomenclatura, como também no processo de ocupação, pois está inteiramente ligado a história da liberdade do nosso estado e da nossa cidade. A antiga Estrada das Boiadas era a via em que entrava o gado, vindo principalmente de Feira de Santana, que ia para o Porto de Salvador, para o abate no Largo do Retiro. Foi justamente a Estrada das Boiadas que acabou atraindo para a cidade as tropas baianas no sagrado 2 de julho de 1823, depois da derrota das tropas de Inácio Luís Madeira de Melo”, detalha.
Grande parte dessa história foi acompanhada por dona Nice de Jesus, de 91 anos, que apesar da idade ainda lembra detalhes da construção do bairro. Ela, que mora na rua São Cristovão, recorda do período em que o local ainda era chamado de Estrada das Boiadas.
“Foi depois do asfalto que mudaram o nome para rua São Cristovão, mas antes chamada Liberdade – Estrada das Boiadas. Interessante que os bois vinham, passam pelo Largo do Tanque, mas quando se soltavam era que os vaqueiros vinham correndo atrás dos bois”, lembra dona Nice.
De acordo com o último Censo do IBGE de 2010, o bairro da Liberdade contava, na época, com pouco mais 40 mil moradores, ficando em 10º lugar no ranking populacional da cidade. Historicamente, ao longo do século XIX, a região era composta majoritariamente pelo povo negro que saia do Recôncavo Baiano após a abolição da escravatura de 1988.
O historiador Ricardo Carvalho afirma que, justamente por isso, a Liberdade ficou por muitos anos conhecido como o bairro mais negro de Salvador. “Não é mais, hoje é bairro de Pernambués, mas a matriz cultural afro-brasileira é tão intensa na Liberdade que o Ministério da Cultura transformou o bairro em território oficial ligado à matriz da cultura afro”.
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