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Entrevista

Ex-guitarrista do Psirico lança álbum e se diz 'pronto para arriscar'

Em entrevista ao Mundo Bahia FM, Jotaerre falou sobre "Depois da Tempestade", seu sexto trabalho solo e primeiro após a saída do Psirico

Julli Rodrigues • 24/11/2023 às 8:10 - há XX semanas

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Depois de 10 anos como guitarrista da banda Psirico, o músico e produtor Jotaerre decidiu que era o momento de um voo solo. Seu novo álbum, "Depois da Tempestade, pt. 1", é o primeiro fruto dessa mudança: lançado nesta sexta-feira (24) em todas as plataformas digitais, o disco mescla o pagodão com influências de gêneros do Haiti, do Caribe e da África do Sul.


				
					Ex-guitarrista do Psirico lança álbum e se diz 'pronto para arriscar'
O músico Jotaerre. Foto: Reprodução / Instagram

Outra novidade é a maior presença de músicas cantadas pelo próprio artista. Até então, seus cinco álbuns solo, produzidos em paralelo ao trabalho no Psirico, tinham uma proposta basicamente instrumental ou traziam as vozes de outros cantores.

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Em entrevista por telefone ao Mundo Bahia FM, o guitarrista nascido em Paulo Afonso, no norte do estado, deu mais detalhes sobre a produção do álbum, que é o primeiro trabalho lançado após sua saída do Psirico, e falou sobre o que o motivou a tomar essa decisão. "O Psirico me enriqueceu bastante, me trouxe grandes frutos, aprendi bastante, mas eu quis dar esse passo, tomar outro rumo", explicou.

Jotaerre ainda relembrou o passado como integrante de uma banda de metal e adiantou que fará uma temporada de ensaios de verão no Mercearia Bar, no Rio Vermelho, a partir de 2 de dezembro.

Leia a entrevista com Jotaerre:

Mundo Bahia FM: Você anunciou sua saída do Psirico recentemente para focar na carreira solo. O que te levou a tomar essa decisão?

Jotaerre: Eu já tinha uma carreira de 20 anos como guitarrista e já tinha dado vários passos na minha carreira como guitarrista, criar essa identidade, tocar em tantos carnavais, aquela vida com o Psi, música do Carnaval... Como guitarrista eu me senti realizado, eu fiz tudo que eu queria, tudo que eu sonhava. Tocar no trio, participar da cultura do pagodão na Bahia, na música baiana em si... Chegou uma hora em que eu queria dar um passo maior. Já vinha com minha carreira solo em paralelo, mas não tinha arriscado como estou arriscando agora.


				
					Ex-guitarrista do Psirico lança álbum e se diz 'pronto para arriscar'
O guitarrista Jotaerre durante a gravação do audiovisual de "Depois da Tempestade". Foto: Reprodução / Instagram
Aspas da citação
O Psirico me enriqueceu bastante, me trouxe grandes frutos, aprendi bastante, mas eu quis dar esse passo, tomar outro rumo, arriscar minha carreira com minha música autoral, levar adiante todas as ideias que eu queria fazer e não podia por falta de tempo. Queria dar mais prioridade e protagonismo às minhas criações. Jotaerre

MBFM: Por sinal, no seu novo disco há uma música chamada "Deitar no Sol", que trata justamente sobre a importância de se fazer aquilo que é importante para você, independente do que as pessoas acham certo. Quando você saiu do Psirico, teve esse tipo de julgamento?

Jotaerre: Teve demais... é muito clássico isso. Acho que até hoje é uma incógnita, as pessoas querem entender como eu saí de uma banda estabilizada, que tem visibilidade, que tem o cachê no final. É um risco muito grande na concepção dessas pessoas. As pessoas que chegaram a esse ponto de questionar nunca vão entender isso. O que eu faço é procurar me concentrar no meu som, na minha música, na minha missão. Já tenho isso muito bem resolvido, sabia que tinha que acreditar acima de tudo e que viriam esses questionamentos. Já passei por isso outras vezes quando mudei de banda e de gênero musical, quando saí do pagode pro metal. É muito natural e eu estou sempre preparado para isso. Acho até divertido, na verdade.

Ouça "Deitar no Sol":

MBFM: Então você fez parte de uma banda de metal?

Jotaerre: Isso. Eu vinha da primeira modinha do pagodão, com o cavaco como protagonista, que alcançou o interior. Nessa época até deixei de lado a guitarra pra tocar cavaquinho. Quando passou esse período, surgiu a ideia de fazer uma banda de metal que misturasse com ritmos regionais de Paulo Afonso. Nessa época o que estava na moda era o nu-metal, uma vertente do metal aberta a fusões. Gosto muito da guitarra pesada, dessa pulsação forte, e o pagode também tem isso.


				
					Ex-guitarrista do Psirico lança álbum e se diz 'pronto para arriscar'
Jotaerre durante apresentação em Recife. Foto: Reprodução / Instagram

MBFM: O metal, por sinal, é uma das influências que você traz tanto no "Depois da Tempestade" quanto no antecessor, o "Tempestade", lançado em 2021. Qual o conceito desse novo álbum e como ele se conecta com o anterior?

Jotaerre: Nesses álbuns, faço uma produção autoral, são uma forma de eu expressar a minha verdade, o que eu acredito e sinto. O "Tempestade" tem muitas guitarras distorcidas, que já vêm do universo do nu-metal, mas também está muito presente o pagodão. Quando fiz o "Tempestade", eu estava sentindo muitas coisas intensas, estava pesado, confuso, chateado, aquelas dúvidas sobre a pandemia de Covid-19, eu achando que nunca mais a gente iria ter show, a vacina não chegava... Aquele álbum foi um expurgo.

Aspas da citação
Porém, a gente teve mais uma chance quando esse vírus foi embora, quando essa tempestade foi embora. "Depois da Tempestade", as nuvens se dissipam com os nossos problemas, o sol no horizonte ilumina tudo... Esse é o conceito do álbum, um momento de renovação, dessa reflexão. As composições vêm a partir desse momento em que a gente pôde respirar. É quando a gente pode celebrar. Eu quis conectar tudo isso nesse álbum, e isso me inspirou tanto que eu fiz 40 músicas e dividi o álbum em duas partes. Nesse primeiro tem 18 e eu não consigo descartar nenhuma. Jotaerre

MBFM: Entre as novidades que o álbum traz, está a presença de novos gêneros e de músicas cantadas por você. Como foi esse processo de trazer à cena o Jotaerre cantor?

Jotaerre: Eu morro de vergonha de cantar, mas tenho muita coisa pra falar. A coisa de cantar foi todo um processo, ainda não me sinto à vontade cantando, porque acho que a guitarra é minha linguagem mais completa. Porém estou fora da minha zona de conforto, e eu amo isso de estar em outras áreas em que eu tenho que sair da casinha. A voz não é a protagonista, ela está ali somando no grupo. É mais um elo de comunicação com quem vai me ouvir. As batidas novas que eu vou fundindo ao pagodão têm a ver com a minha pesquisa musical própria, as sugestões do YouTube, que às vezes me mostra um gênero que eu nunca ouvi. Assim descobri gêneros como Kompa e Amapiano, que vêm pra somar com o pagodão.

MBFM: Você disse que o álbum ainda vai ganhar uma parte 2. Já tem previsão de lançamento para essa segunda parte? E o que Jotaerre planeja para o verão?

Jotaerre: A segunda parte ainda não tem data para sair. Eu creio que, como o verão vai ser curto, creio que vai ser pra depois do Carnaval, em março ou abril. Nesse verão eu vou trabalhar a parte 1, que vai ganhar um audiovisual para aprofundar a experiência do álbum. Também teremos shows a cada 15 dias no Rio Vermelho, com estreia dia 2 de dezembro no Mercearia Bar. Vai ser o nosso ensaio, ainda não demos o nome. A partir daí vamos procurar outros espaços. Também pretendo fazer neste verão um disco de versões, um disco mais de festa, lá para dezembro. Mas o foco será mesmo a turnê do álbum. Talvez mais coisas venham por aí.

Ouça o álbum "Depois da Tempestade, pt. 1":

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