No atual cenário da música nordestina, mulheres no forró estão mostrando o talento e inspirando novas gerações. Em conversa com o Mundo Bahia FM, artistas compartilharam experiências e ressaltaram a importância da representatividade feminina nos palcos. Conheça as histórias de Joane Bittencourt, Luana Ingry e Paulinha Oliveira Forrozeira, e descubra como elas estão conquistando espaço e transformando o panorama do forró atual.
Na música é comum homens que cantam e tocam instrumentos simultaneamente, no entanto, com mulheres não acontece o mesmo, "geralmente elas apenas cantam".
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“Tem muita cantora no forró que não toca instrumento nenhum, mas a gente pode também ocupar esses outros lugares, isso agrega para a musicalidade. Para isso, a gente precisa ter mais espaço, para as crianças verem e se inspirarem”, disse Joane Bittencourt, cantora e professora de dança, licenciada pela Universidade Federal da Bahia.
A artista complementou ainda que a representatividade é essencial para abrir caminho para as novas gerações, relatando que no mercado do forró existem poucas mulheres instrumentalistas e "o exercício é mostrar para as meninas que elas podem ser safoneiras, zabumbeiras, trianguleiras, baixistas, flautistas”.
Apesar da dificuldade de inserção no mercado da música, elas relataram que existe uma rede de apoio entre os forrozeiros para que as mulheres sejam incentivadas a seguir o sonho.
“Eu sou muito grata por Adelmário Coelho, Del Feliz, Jó Miranda, Targino e Trio Nordestino, eu percebo que sempre que é possível eles trazem para a realidade deles a figura da mulher. Isso é muito importante para conseguirmos nos colocar”, disse Luana Ingry, cantora de forró há 27 anos.
Nova geração: conheça mulheres no forró que atuam na Bahia
Joane Bittencourt
Cantora, compositora e dançarina, Joane Bittencourt, tem o forró nas raízes. A artista nasceu no dia de São João e explicou “sou Joana por causa disso, minha mãe quis fazer essa homenagem ao santo e colocou Joane”.
Natural de Porto Seguro, ela se apaixonou pelo universo do forró em 2004 por meio da dança, onde segue como professora. Se especializou no forró, com bacharel em dança na Universidade Federal da Bahia até que, em 2014, passou a cantar, tocar triângulo e compor na Banda Raízes Forró Clube.
Ela tem um álbum, lançado em 2020, com o grupo, intitulado Aguaceiro, que contou com a participação de outras artistas mulheres em uma das faixas, como Talita Batuke (percussão), Camilla Campos e Sheila Calmon no coro.
A artista viajou para fora do país, mas retornou para Porto, onde segue vivendo da música.
Luana Ingry
A cantora e triangulista Luana Ingry nasceu em Salvador e, influenciada pela família de Conceição do Coité, interior da Bahia, o forró sempre esteve presente, “eu cresci ouvindo Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e principalmente Marinês”.
A Rainha do Xaxado é a principal referência citada por Luana, que tentou carreira no teatro e na dança, mas se encontrou no forró, aos 15 anos tocando xaxado, xote, baião e arrastapé.
“Sempre tive um pé no forró tradicional, até pelas minhas referências de Luiz Gonzaga e Marinês, ela é uma figura muito forte para mim, a voz, o timbre dela, a forma como ela se expressava no palco, para mim, ela sempre foi sinônimo de fortaleza”, afirmou a cantora.
Ela cantou por sete anos em uma banda de forró eletrônico, até que recebeu a proposta de entrar em uma banda com vocalistas mulheres, chamada Forró da Gabriela, onde ficou 10 anos no estilo que ama, o forró tradicional.
A cantora relatou que outro desafio foi conciliar maternidade e carreira musical, então ficou nove anos afastada dos palcos para se dedicar a filha e retornou com o incentivo de amigos do forró. Ela, inclusive, ganhou uma música composta por Del Feliz, lançada em 2023.
Este ano Luana se lançará como compositora também, ela revelou que está com um projeto musical que fala da força da mulher no forró. A música foi escrita por Luana com Pititio Miranda e Fábio Barros.
Paulinha Oliveira Forrozeira
Criada no interior da Bahia, em Cruz das Almas, Paulinha Oliveira Forrozeira é cantora e compositora em Salvador.
Além de cantora, Paulinha tem formação acadêmica em música e história e defende o forró tradicional a mais de 15 anos. Ao longo deste período ela trabalhou com Dominguinhos, Adelmário Coelho, Cicinho de Assis, Carlinhos Brown e outros artistas baianos.
A música mais recente de Paulinha é “Colorido do seu olhar”, um o xote romântico escrito por ela.