Do lixo ao luxo? O luxo pode parecer distante, mas o lixo foi o ponto de partida para Jorge Henrique de Souza, de 28 anos, iniciar a carreira nas redes sociais como influenciador e transformar a vida com a persona de Boca Rosa há dois anos.
Diferete da blogueira carioca e ex-BBB Bianca Andrade, o baiano não trabalha com maquiagem e nem participou de um reality show. Funcionário da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador, a Limpurb, Jorge Henrique viu na web uma forma de dar um up no trivial que já faz desde 2018.
Leia também:
"Meu trabalho na internet foi mais como válvula de escape, de mostrar as dificuldades durante o dia a dia para deixar a cidade limpa", conta o rapaz, nascido e criado no conjunto habitacional Metro 1 e residente do bairro de São Caetano.
Em uma dessas viagens, Henrique encontrou o que deu nome ao seu projeto na web. "Em uma dessas andadas aí eu achei uma caixa cheia de batom. Aí eu decidi 'Pô, eu acho que eu sou diferente desses cara aí', porque cria uma rotina. Aí eu peguei, para diferenciar, e passei batom. As tias, todas, 'tá bonito, tá bonito', eu falei 'então pronto, todo dia a senhora vai me ver assim', e lancei o Boca Rosa".
Com o perfil nas redes sociais, Boca Rosa já conseguiu dar mais visibilidade ao trabalho que ele e os colegas da Limpurb fazem e dar uma nova visão da profissão para o público geral.
"Para mim é muito gratificante, porque através disso eu consegui fazer com que meus colegas deixassem o passado do gari que foi muito sacrificado. Com o perfil, e também com o trabalho da Prefeitura, a gente conseguiu fazer com que nosso trabalho fosse mais bem visto. E acredito que a gente vai ser bem mais."
E o sucesso vai além das senhorinhas que elogiam o batom usado por Henrique e o bom humor para trabalhar. "Já fiz muito aniversário de criança vestido de gari, elas amam. Geralmente as criancinhas gostam dos garis, mas aí como me vê diferente, acaba criando um carinho muito grande. Uma vez eu trabalhei de chapéu, e um menino passou por mim perguntando onde estava meu cabelo rosa", contou aos risos.
Antes de conquistar o carinho do público, Jorge conta que já recebeu muitos olharaes tortos e piadas de mau gosto por causa da profissão, afinal, como o bordão dito por ele nas redes sociais mesmo fala "a vida não é um morango", e nesse caso, infelizmente.
"A gente ainda sofre um pouco de preconceito devido o caminhão. Eu, que ando bem arrumado, com o batom, as vezes as pessoas se assustam quando chego perto e estou com perfume e vem falar 'Você não tá fedendo a lixo'. Eu digo, quem tem que andar fedendo aqui é o caminhão está transportando o lixo que vocês produzem, não somos nós'", relata.
Casado há 10 anos e pai de uma menina, o gari não esconde a felicidade ao perceber que o trabalho vem transformando a própria vida.
"Quando penso no meu futuro, quero estar estabilizado. Espero que a profissão me proporcione dar uma boa uma qualidade de vida para minha filha. Tenho uma filha de sete anos e ela se inspira muito em mim. Então tenho que dar boas referências para ela. Alguns meses atrás rejeitei algumas propostas, porque não achava que era o momento, mas agora estou aberto as propostas e tenho grandes sonhos. Tenho grandes projetos de vida e da profissão também."
Leia mais sobre Atitude no iBahia.com e siga o portal no Google Notícias.
Veja também: