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Veio da periferia

'Estudando eu entendi quem eu era de fato', diz Muller Nunes

Convidado do 'Atitude' da Bahia FM deste sábado (15), o jornalista contou sua trajetória até se tornar uma das referências na área.

Vivaldo Marques • 15/04/2023 às 20:00 • Atualizada em 12/05/2023 às 8:38 - há XX semanas

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					'Estudando eu entendi quem eu era de fato', diz Muller Nunes
Jefferson Borges / Bahia FM

Filho de um mototaxista e uma professora de magistério, o jornalista Muller Nunes viu sua vida mudar após o convite para trabalhar como repórter na TV Bahia. Convidado do programa 'Atitude' da Bahia FM deste sábado (15), no quadro 'Veio da Periferia', o eunapolitano contou um pouco de sua trajetória até se tornar uma das referências da área.

Nascido e criado no centro da cidade de Eunápolis, no sudoeste da Bahia, Muller Nunes contou que desde muito novo teve sua vida dedicada ao trabalho. “Eu cresci ajudando minha mãe a tomar conta do barzinho dos meus pais e na oitava série eu já trabalhava até de porteiro da escola, vendi brigadeiro no cursinho pré-vestibular, tive meu primeiro emprego de carteira assinada na portaria de um condomínio de luxo em Eunápolis e logo depois disso, eu passei no vestibular e fui morar em Vitória da Conquista.”

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O jornalista disse que ao ter que se mudar para estudar, chegou a morar em uma república para conseguir realizar o seu sonho. “Eu morei com 7 colegas e pagava na época R$40 pelo espaço que era um quarto de empregada. Era um ambiente separado dos outros quartos da casa e os empregados passavam por fora ,como se fosse uma senzala moderna.”

Ao se aprofundar nos estudos, Muller começou a entender a sociedade e as suas origens. “Depois que eu comecei a estudar e entender a sociedade e quem eu era de fato, eu fui entender as minhas origens, a minha responsabilidade do espaço que eu ocupava e realmente ter uma consciência racial e mais social.”

Aspas da citação
“Me formei em jornalismo, trabalhei na TV Universitária em Vitória da Conquista, depois na TV Aratu como produtor ainda no escritório de Vitória da Conquista e consegui uma vaga de repórter em Barreiras em 2014 que foi quando eu entrei na Rede Bahia, de Barreiras fui pra Luís Eduardo Magalhães, de eu fui para Feira de Santana depois para Salvador.” ponderou

Muller conta que ao chegar em Salvador se identificou com o bairro do Nordeste de Amaralina por se sentir representado no local. “Conheci as pessoas e vi que as histórias delas se reconheciam com as minhas, aí surge a identificação com a comunidade.”

O jornalista destacou que é uma responsabilidade grande saber que hoje é uma figura de representatividade. “Eu não posso mais ter qualquer atitude sem pensar no que eu estou fazendo, porque justamente eu represento. As pessoas olham para mim e tomam o exemplo, elas querem saber a minha opinião, querem saber como eu me posiciono e nós quando estamos nessa pele, na pele negra ,a gente não pode errar, pois o nosso erro é muito massacrado e muito cobrado.”

O repórter viu sua vida mudar ao ser convidado a fazer parte da equipe da TV Bahia, onde veio o reconhecimento profissional e todo seu talento começou a ser visto. Mesmo com diversos desafios, Muller conseguiu atravessar barreiras e seguir a linha do jornalismo mais humanizado.

Para ele, chegar até aqui é motivo de grande orgulho. ”Quando eu estou na rua fazendo matérias e as pessoas pedem pra tirar uma foto, eu não esqueço quem eu sou, eu sei de onde eu vim e eu faço questão de falar com essas pessoas, abraçá-las, trocar uma ideia.”

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