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Jogador foge da Ucrânia a pé com noiva e volta ao Brasil

Baiano, Jonathan Costa nunca imaginou que pudesse sentir na vida real o que é estar dentro de um filme; veja entrevista

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Redação iBahia

26/02/2022 às 18:27 • Atualizada em 29/08/2022 às 5:19 - há XX semanas
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O baiano Jonathan Costa nunca imaginou que pudesse sentir na vida real o que é estar dentro de um filme. Um filme que ainda está longe do fim e pode não ter um desfecho feliz. O jogador brasileiro na Ucrânia há dois meses, conseguiu fugir do país a pé pela fronteira e assim pode voltar ao Brasil, neste sábado, 26.
"Nossa, foi muito difícil. Só Deus... Só deu tempo de arrumar algumas malas e hoje percebi que esqueci um monte de coisas minhas. Mas ainda bem que deu para sair", conta ele, que percorreu 25 quilômetros a pé, com malas nas mãos, ao lado da noiva Giovana Lepore.
Esta é a segunda vez que Jonatan mora no país. Na primeira temporada foram quatro anos no país que está sendo atacado pelas tropas russas desde a quinta-feira, 24. Nesta viagem, decidiu levar a noiva para conhecer seu novo endereço. "Primeira vez dela na Europa e já acontece isso", lamenta.
Foto: Reprodução | Redes sociais

Jonatan conta que nas primeiras horas da manhã, quando os bombardeios começaram em Kiev, seu celular não parou de tocar, com os parentes no Brasil muito preocupados com o que poderia acontecer. "A cidade em que eu estava (Uzhorod) vai demorar a ser atacada, eu acho. tropas podem chegar lá entre hoje e amanhã (sexta e sábado). porque é a última cidade do Oeste da Ucrânia. Meu pai e minha mãe chorando, querendo saber como eu estava. Só que não dava para conversar porque eu estava tentando fugir", recorda: "É surreal, tudo o que eu contar aqui não chega nem perto, é bem pior. É como você assistir a um filme desses de guerra e é a mesma coisa".

Ele a a noiva conseguiram chegar a Budapeste na manhã de sexta-feira, 25, após pegarem um trem até a capital da Hungria e assim comprar passagens de volta ao Brasil. "Não tinha visto nada, só consegui pegar meu passaporte no clube e fugir. A orientação que eles deram era mesmo para que cada um tentasse se proteger e quem conseguisse, voltar para casa", diz ele, que não pretende voltar ao país: "Vou rescindir meu contrato e seguir a vida. Mas estou preocupado com os companheiros que ficaram na Ucrânia".

Jean Carlos, outro jogador brasileiro, mas de futsal, não teve a mesma sorte que Jonatan. O atleta do DeTrading FC está impedido de sair da cidade de Slavyansk por conta dos bombardeios russos. Neste domingo, 27, ele vai completar um mês morando no país atacado por Vladimir Putin.

Foto: Reprodução | Redes sociais
"A cidade está a oito horas de carro da capital Kiev. Como todos sabem, estava tudo bem. Na quarta-feira tivemos treino e no dia seguinte iríamos treinar de manhã para de tarde ir para Kiev, onde jogaríamos neste sábado. E foi quando na madrugada deu tudo isso. Tudo cancelado. Aqui onde estou está tudo bem, não estamos em perigo até agora, não aconteceu nada. Cidade mais perto que foi atacada fica a duas horas e meia", relata.
Jean e mais quatro brasileiros estão num apartamento na cidade. Todos pensaram em ir para a fronteira da Polônia para conseguir atravessar e voltar ao Brasil. "Mas os dirigentes acharam melhor ficarmos por enquanto aqui, já que nossa cidade fica a doze horas da fronteira. Podemos ir e acontecer algo no caminho e não dá para assumir esse risco. tem muitas estradas fechadas. Estamos seguros, os mercados ainda estão abertos e eles estão vendo uma forma de sairmos de uma forma mais segura", justifica o jogador.

Ele conta que no dia dos primeiros ataques, ao sair para comprar mantimentos, o abastecimento já estava comprometido nas primeiras horas da guerra: "Na quinta-feira, pela hora do almoço, já tinha acabado macarrão, arroz, tinha pouca água. Mas depois reabasteceram. Mas no primeiro dia tudo foi acabando".

A noiva de Jean ficou no Brasil desta vez e está bastante preocupada com ele. "Eu vim sozinho, minha noiva não viajou comigo dessa vez, porque estava faltando 4 a 5 meses para terminar a temporada", justifica. Ele conta que estão falando sempre com a embaixada brasileira no país. "Estamos em um grupo no Telegram em que eles estão enviando informações a todo momento, mas ainda não tem nada concreto que irão conseguir tirar a gente daqui. Os brasileiros que estão conseguindo sair pela Polônia, estão por conta própria", informa.
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