Uma americana de 27 anos, enquanto estava grávida de cinco meses, levou um tiro na barriga durante uma discussão com outra mulher no dia 4 de dezembro de 2018 nos Estados Unidos. Marshae Jones foi socorrida e sobreviveu, mas o bebê que esperava não resistiu e ela sofreu um aborto espontâneo, resultando numa acusação por homicídio culposo. A decisão gerou revolta entre defensores do direito ao aborto no Alabama, onde ações que possam colocar em risco o feto podem ser criminalizadas.
Segundo a polícia local, a briga entre Marshae e Ebony Jemison, de 23 anos, foi sobre o pai do bebê, e a grávida é quem teria começado a discutir com a outra, numa rua em frente a uma loja de variedades, até que em determinado momento ocorreu o disparo, considerado pelos investigadores uma ação de legítima defesa.
"A investigação mostrou que a única vítima verdadeira nisso era o feto", disse o tenente da polícia de Pleasant Grove, Danny Reid, em dezembro, pouco após o ocorrido. "Foi a mãe da criança que iniciou e continuou a briga que resultou na morte de seu bebê ainda não nascido".
Um grande júri indiciou Marshae por homicídio culposo nesta quarta-feira, informou o site de notícias "AL.com". Ela foi detida nesta quinta-feira e levada para a cadeia do condado de Jefferson, onde foi estipulada uma fiança de US$ 50 mil, conforme mostram os registros do caso. Ainda não há informações se ela possui um advogado.
"Não vamos perder o foco de que o feto é a vítima aqui", disse Reid. "Ela não teve escolha em ser trazida desnecessariamente em uma briga, onde ela estava confiando em sua mãe para proteção".
Para grupos que defendem o direito ao aborto, o ocorrido evidencia como as leis aplicadas no Alabama podem abrir portas para acusações sem cabimento, em que não há sequer relação com um aborto em si, feito a partir da decisão da mulher.
"O estado do Alabama provou mais uma vez que o momento em que uma pessoa engravida tem a responsabilidade exclusiva de produzir um bebê vivo e saudável e que considera qualquer ação que uma pessoa grávida faça que possa impedir que esse nascimento seja um ato criminoso", disse Amanda Reyes, diretora executiva do Fundo Yellowhammer, parte de um grupo nacional de defesa dos direitos das mulheres.
"Amanhã, poderá ser outra mulher negra, talvez por tomar uma bebida durante a gravidez. E depois disso, outra, por não obter atendimento pré-natal adequado", acrescentou Reyes em um comunicado enviado ao site "AL.com".
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Redação iBahia
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