Usados por adeptos das religiões de matriz africana, os turbantes, ou ojás, como também são chamados, saíram dos terreiros e ganharam as ruas. Simples ou elaborados, estampados ou não, uma coisa é certa: são acessórios de beleza e peças importantes no empoderamento das pessoas negras. “O uso se tornou comum. Dá para ir em qualquer lugar com turbante”, explica Dete Lima, uma das fundadoras e estilista do bloco Ilê Aiyê. A jornalista Cristiele França, criadora da Ori Turbantes, concorda. “Cabe em qualquer ocasião, é só adequar”, conta ela, que já usou a peça até em um casamento. “Usei um turbante vermelho enorme quando fui madrinha”, lembra.
Só que para ostentar a peça, é preciso ter atitude. “Acredito que usar turbante é inteligência, elegância, empoderamento e cidadania”, opina Dete. Cristiele conta que quando começou a usar o acessório recebia olhares estranhos na rua, mas atualmente eles quase nem existem. “Quando a gente passa a utilizar o que nos pertence, passa a não ligar mais para os olhares”, diz. Os turbantes se tornaram tão comuns que a estudante de Moda Baiana Isadora Alves resolveu criar a Com Amor, Dora, marca que desfilará no Afro Fashion Day, na próxima sexta-feira, Dia da Consciência Negra. A loja vende turbantes, faixas e tiaras que não precisam ser amarrados. “São peças para quem quer praticidade, que não tem tempo de fazer amarração, que se apoia em um conceito urbano”, conta.
Com tanta gente usando turbantes, não falta também quem queira aprender a fazer as amarrações. Esse foi um dos motivos que levaram a baiana Thaís Muniz a criar o Turbante.se, iniciativa que trabalha usos e significados do acessório, além de ajudar na militância de mulheres negras. “Com o projeto, me tornei muito mais consciente, evoluí muito, para influenciar outras mulheres através do orgulho e da afirmação racial”, declara. Thaís também é responsável pelo projeto itinerante Tráfico de Influência, que tem o objetivo de ressignificar estátuas e monumentos públicos ao redor do mundo com turbantes. “A ideia é recriar memórias adormecidas, contando histórias e costumes da minha gente que a sociedade esqueceu ou nunca ouviu falar”, explica.
Para Cecilia Cadile, o acessório não é apenas estético, mas também político e social. Ela estará à frente da oficina de turbantes que acontecerá durante o Afro Fashion Day. A oficina oferecerá 40 vagas. As inscrições, gratuitas, serão realizadas no dia do evento. “Vou falar um pouco da história, sobre Dete, Negra Jhô, trazer a importância histórica do acessório e ensinar as mulheres a adaptar os turbantes a qualquer lugar e momento”, explica a designer de moda. O Afro Fashion Day é uma realização do jornal CORREIO com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador, do governo do estado, através da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial da Bahia (Senac-BA) e do Hapvida. O evento, com entrada franca, será realizado na Praça da Cruz Caída (Centro Histórico), a partir das 15h. Além da aula de turbantes, a programação conta com oficinas de maquiagem e feiras de manufatura e gastronomia. O desfile será às 18h30. |
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