Como foi sua infância?
Nasci em Porto Alegre, mas minha família é de Natal. Meu pai foi transferido para lá porque trabalhava numa empresa que estava criando a rede de lojas que viraria a Riachuelo. Mas só passei um ano lá. Aí fui para São Paulo, mas meu pai morreu e depois fui para Natal. Lá, acompanhei meu avô, ia na fábrica, olhava costureiras, brincava com tecidos... Era um mundo de cores que fascinava. Uma tia, Aldinha, tinha uma loja e eu ia com ela para São Paulo fazer compras. A junção desses universos, da moda fashionista e da fábrica, me deu certeza de que ia trabalhar com isso.
Como começou a trabalhar?
Eu fazia acessórios, gostava muito. Dava para amigas e vendia para as demais. Era brinco, colar, acessório de cabeça... No Carnaval, eu era a rainha da customização de abadá. As amigas faziam fila e eu só usava a tesoura.
Por que foi para São Paulo?
Nunca me desliguei de lá; ia com frequência. Fiz faculdade na Santa Marcelina. Eles têm um evento chamado Fórum, em que a faculdade apresenta os dez melhores alunos para a indústria da moda. Graças a Deus, fui selecionada e minha cordenadora, Raquel Valente, disse para eu abrir minha marca. Me formei em 2004 e abri a Têca em 2005.
Você já tinha experiência nisso por conta da Riachuelo?
Não. Criei a experiência ralando e batendo a cabeça. Eu sempre fui por essa vertente. Não queria que as pessoas soubessem que eu era da família da Riachuelo, pelo menos no início. Não queria ficar rotulada.
Não seria mais fácil ficar na Riachuelo, que é da família?
Acho que o espírito empreendedor está no sangue. Eu sou uma pessoa que busca novos desafios. Não conseguiria ficar parada sem construir uma coisa minha. Não que eu não queira fazer coisas com minha família, já fiz. Só que queria o meu caminho independente.
O conceito da Têca mudou desde que você abriu?
Mudou, com certeza. Eu tinha 25 anos quando abri a Têca. A marca amadureceu comigo. Antes tinha uma pegada mais girly. Mas sempre foi superfeminina, com vestidos, estampas, lenços... A marca conserva essa pegada vintage, influência das minhas avós. A cliente que imagino tem personalidade e um estilo de sofisticação despojada.
Como foi assinar seu primeiro desfile?
Fui convidada para o Fashion Rio em 2007. Eu sempre me cerquei de pessoas boas, sou virginiana, criteriosa e minuciosa. Fui segura para o Fashion Rio e a crítica foi positiva. Fiquei muito lisonjeada e isso te dá impulso para continuar. Hoje desfilo em São Paulo, onde estão meus amigos e clientes.
Sua irmã cantou no seu desfile. Qual foi a sensação?
Foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida. A Beta é uma inspiração para mim. Eu comecei fazendo roupa para ela. É minha musa.
Como você cria uma coleção?
Varia muito. Primeiro é uma inspiração, um desejo que vem de lugares distintos. Pode ser uma tribo indígena, uma viagem, um filme ou livro. Primeiro eu defino o tema, as imagens, estampas, cores, matéria-prima, materiais e depois começo a desenhar.
Como o Nordeste está presente no que você cria?
No lifestyle da minha roupa, despretensiosa e sofisticada. Essas coisas vêm do Nordeste, da maneira que a gente vive no litoral. Uso muito artesanato, madeira, semente e materiais regionais. Matéria original: Correio24h Herdeira da rede Riachuelo conta como decidiu fazer seu próprio caminho nos negócios
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