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Salvador já nasceu capital sem ter sido província, e foi por muitos anos a maior cidade das Américas. O primeiro contato dos descobridores portugueses com as terras da atual cidade do Salvador, ocorreu quando da viagem da nau que levou ao Reino a boa nova do descobrimento. A expedição que viera de Portugal para reconhecer a nova conquista da coroa, a 1º de novembro de 1501, encontrou uma baía ampla, cheia de ilhas e muitos habitantes, à qual, sob inspiração da própria data, dera o nome de "Baía de Todos os Santos". Um marco de pedra foi, então, assentado no extremo sul do promontório -lugar hoje ocupado pela fortaleza e farol de Santo Antônio da Barra - assinalando as novas terras incorporadas ao patrimônio de Portugal. Inicialmente, a região era habitada apenas por índios. Por conta de um naufrágio em 1510, à eles se juntaram os tripulantes de um navio francês, e, dentre estes, encontrava-se Diogo Álvares Corrêa, o Caramuru. Em 1534, foi fundada a capela em louvor a Nossa Senhora da Graça, porque ali viviam Caramuru e sua esposa, a indígena Catarina Paraguaçu, filha do cacique Taparica. Tornaram-se o primeiro casal cristão do Brasil. Em 1536, chegou na região o primeiro donatário, Francisco Pereira Coutinho, que recebeu donataria de El-Rei Dom João III.
Fundou o Arraial do Pereira, nas imediações onde hoje está a Ladeira da Barra. Este arraial, doze anos depois, na época da fundação da cidade, foi chamado de Vila Velha. Mais tarde, o soberano português resolveu criar um Governo Geral com jurisdição sobre todo o território. Coube a instalação do Governo da colônia a Tomé de Sousa, que deixou Lisboa a 1º de fevereiro de 1549, com mais de mil pessoas, entre elas o primeiro médico nomeado para o Brasil, Dr. Jorge Valadares, os primeiros padres jesuítas, o farmacêutico, Diogo de Castro, pessoas de serviço, degredados e colonos-missionários, além de artífices, funcionários e soldados. No Regimento que entregara à Tomé de Sousa, dizia D. João III: "A baía de Todos os Santos é o lugar mais conveniente da costa do Brasil para se poder fazer a dita povoação e assento, assim pela disposição do ponto e rios que nela entram, como pela bondade e abundância e a saúde da terra e por outros respeitos, hei por meu serviço que na dita baía se faça a dita povoação e assento." A escolha do soberano foi assim explicada, com uma viva imagem literária, por Frei Vicente do Salvador: "o Rei criou a Bahia para que fosse como o coração no meio do corpo,".
Então, em 29 de março daquele ano, pela Ponta do Padrão, chega a expedição, com ordens do rei de Portugal para fundar uma cidade-fortaleza chamada do São Salvador. Os primeiros escravos que aportaram na capital do Novo Mundo vieram da Nigéria, Angola, Senegal, Congo, Benin, Etiópia e Moçambique, a partir de 1550. O açúcar, no século XVII, já era o produto mais exportado pela colônia. No final deste século, a Bahia se torna a maior província exportadora de açúcar. Nesta época, os limites da cidade iam da freguesia de Santo Antônio Além do Carmo até a freguesia de São Pedro Velho. A Cidade do São Salvador da Bahia de Todos os Santos foi sede da administração colonial do Brasil até 1763, quando o Rio de Janeiro tornou-se capital. Em 1808, Salvador recebeu a família real portuguesa, que fugia de Napoleão Bonaparte, então invasor de países europeus. Na ocasião, o príncipe-regente, D. João VI, fundou a primeira Escola Médico-Cirúrgica, no Terreiro de Jesus, que se tornou a primeira faculdade de Medicina do Brasil. Em 1809, o Conde d'os Arcos iniciou sua administração, a qual foi muito benéfica à cidade. Em 1812, ele inaugurou o Teatro São João, onde mais tarde Xisto Bahia cantaria suas chulas e lundus, e Castro Alves inflamaria a platéia com seus maravilhosos poemas líricos e abolicionistas. Ainda no governo do Conde d'os Arcos, ocorreram os grandes deslizamentos nas Ladeiras da Gameleira, Misericórdia e Montanha. Antes mesmo de proclamada a independência do País, já se lutava nas ruas de Salvador pela nossa emancipação política. Depois, nos arredores da cidade, travaram-se as vitoriosas batalhas de Cabrito e Pirajá, que culminaram, a 2 de julho de 1823, com a consolidação da Independência Nacional. Em 1835, ocorre a revolta dos escravos muçulmanos, conhecida como Revolta dos Malês.
Durante o século XIX, Salvador continuou a influenciar a política nacional, tendo emplacado diversos Ministros de Gabinete no II Reinado, tais como Saraiva, Rio Branco, Dantas e Zacarias. Com a proclamação da República e a crise nas exportações de açúcar, a influência econômica e política da cidade no cenário nacional passa a ser cada vez menos importante. No período republicano, a fisionomia urbana da cidade sofreu modificações sensíveis a começar com as obras do Porto, que lhe ampliaram a área com aterros necessários a construção do ancoradouro. De 1912 a 1914, deu-se a abertura da Avenida Sete de Setembro, do Largo do Teatro (atual Praça Castro Alves) até o Farol da Barra. Nessa época, também se verificou a demolição das histórica igrejas da Ajuda, de São Pedro e do Rosário de João Pereira. A cidade de Salvador era antigamente chamada de Bahia (inclusive por moradores do próprio estado). Também já recebeu alguns epítetos, como o de "Roma Negra", isso porque já foi considerada a cidade com maior população negra fora da África.
Principais pontos turísticos/ eventos culturais: Pelourinho, Farol da Barra, Mercado Modelo, Baía de Todos-os-Santos, Centro Histórico, Carnaval, Teatros (Castro Alves, Jorge Amado, Vila Velha).